quarta-feira, 30 de abril de 2014

Resumo do livro OLGA de Fernando Morais



       Esse livro conta a história de Olga Benário, nascida na Alemanha em 1908, judia de classe média, cujo nome verdadeiro era Maria Begner, e que já na adolescência se aproximou da Juventude Comunista onde passou a militar ativamente.
         Ela era uma mulher linda, alta, de cabelos escuros e olhos azuis. Atraiu o jovem dirigente Otto Braun, com quem foi morar aos 16 anos de idade. Quando, em 1928, Otto foi preso em Berlim, Olga liderou o seu resgate e os dois fugiram para a União Soviética, onde receberam treinamento de guerrilha.
Olga começou a destacar-se no partido, aumentando suas atribuições, o que levou seu namorado a romper o romance. Aos 26 anos, foi escolhida para acompanhar Luiz Carlos Prestes, que estava naquele país. Ela já o admirava devido a sua façanha com a “Coluna Prestes”, quando, sob sua liderança, homens  caminharam 25 mil quilômetros a pé, enfrentado as tropas do governo brasileiro. No Brasil, Prestes seria o líder de uma Revolução que tentaria implementar o Comunismo no País. Os dois atravessaram a Europa, foram para os Estados Unidos, de lá para Santiago, Buenos Aires e finalmente o Brasil. Para esta longa viagem fizeram uso de um passaporte falso, passando-se por um casal em lua-de-mel, o que lhes permitiu que se conhecessem bem e se apaixonassem. Instalaram-se no Rio de Janeiro, onde logo começaram os preparativos para a revolução. Após o fracasso da Intentona Comunista de 1935, foram presos e nunca mais se viram. Já na prisão, Olga descobriu que estava grávida, o que a fez se sentir mais segura. Inutilmente, pois, Getúlio Vargas, querendo se aproximar do regime nazista, decidiu deportá-la, apesar de todas as tentativas de seus amigos para evitar sua transferência. Olga foi embarcada para a Alemanha e entregue à polícia nazista, sendo enviada a um campo de concentração. Exatamente após um ano de fracasso da revolução pretendida, nasceu Anita Leocádia. Nesta época, Dona Leocádia – mãe de Carlos Prestes – estava fazendo seus contatos para libertar a nora e a neta, mas o único acordo que conseguiu foi libertar o bebê quando secasse o leite da mãe. Ao completar  14 meses, Anita foi entregue à avó sem que a mãe soubesse do seu paradeiro. Somente após um mês, Olga recebeu uma carta de Dona Leocádia, informando que sua filha estava bem e sob seus cuidados. Na prisão, Olga liderou o grupo, instalando hábitos de higiene e organização, dando aulas às outras presas. Depois de passar por vários campos de concentração, em fevereiro de 1942, poucos dias antes completar 34 anos, Olga foi executada na câmara de gás. Prestes  tomou conhecimento da morte da companheira três anos depois, quando saiu da prisão anistiado por Getúlio Vargas.

Trabalho avaliativo apresentado à disciplina Língua Portuguesa do Curso de Letras 
- FAPAM - Professora Cristina Mara 
Crédito: Total - Muito Bem!










   

sábado, 26 de abril de 2014

Análise de NOITES NA TAVERNA de Alvares Azevedo


 BERTRAN

            O conto analisado carrega uma série de elementos perfazendo um exemplo clássico do Romantismo byroniano, também conhecido como mal do século. Todo o sentimentalismo presente  nessa geração resultou em obras com grande teor de angústia, dor existencial, fuga no sonho e obsessão pela morte. Bertran, o protagonista e narrador personagem gosta de mulheres, vinho e orgias.
            As principais características da segunda geração foram o profundo subjetivismo, o egocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o pessimismo, o sentimento de angústia,, o sofrimento amoroso, o desespero, o satanismo e a fuga da realidade.
            O narrador começa dizendo que uma mulher  levou-o à perdição porque a amava demais; e por ela matou os três melhores amigos. (Neste conto a figura de Ângela foge do modelo romântico de mulher idealizada pelo autor em toda sua obra. Ela não é pálida nem frágil como as demais, pelo contrário, é morena; não se mostra passiva, mas ativa, tem poder de decisão, entrega-se a Bertran porque assim o deseja. Paras ficar com ele, não hesita em assassinar o marido e cometer infanticídio. Além do mais, foge do modelo de mulher-anjo para representar um ser demoníaco e decaído, afinal bebe, fuma, veste-se  e age como homem, apesar de seu nome indicar o oposto.)  A idealização é percebida na descrição que o narrador faz da mulher por quem se apaixonou: “...linda daquele moreno das andaluzas (...) com as plantas mimosas, as mãos de alabastro. Os olhos que brilham e os lábios de Alexandria (...).” Quando a compara a um anjo: “...eu esperava ver passar  a sombra de um anjo.” Apesar do contato e do amor físico, o amor não é completo, devido a circunstâncias que impedem que fiquem juntos. Esse impedimento causa o descontentamento e dor existencial. Percebe-se a melancolia e evasão da realidade. Para aplacar esse sentimento que o consome, ele busca alento na orgia e na morte: “Um dia – era na Itália – saciado de vinho e mulheres, eu ia suicidar-me.” Em outra passagem, o personagem mostra indiferença e sadismo diante da morte ao rir do marinheiro que fora escolhido para morrer e servir de alimento a ele e à mulher: “Eu ri-me do velho. Tinha as entranhas em fogo. Morrer hoje, amanhã, ou depois... tudo me era indiferente, mas hoje eu tinha fome, e ri-me porque tinha fome.” Caracteriza-se, assim, o mal do século – o gosto pela morte.
            Além disso, em toda narrativa manifesta-se o noturno, o macabro, assassinatos, antropofagia, elementos do Romantismo maldito: Caliban. Eram três figuras, macilentas como o cadáver, cujos olhares fundos e sombrios  por terem  se alimentado de carne humana: “...Aquele cadáver foi nosso alimento por dois dias...”.  Porém nada é mais macabro que o assassinato do filho pela mãe, por motivo torpe, no início do conto (embora não haja nenhum motivo que justifique tal ato). “...Estava morta também: o sangue que corria das veias rotas de seu peito se misturava com o do pai!” Horrendo!
            No parágrafo seguinte, a personagem fala da intensidade com que viveram o amor, ele e Ângela: “Foi uma vida insana a minha com aquela mulher!... Nossas noites, sim, eram belas!”  Logo em seguida, o descontentamento: para Bertran apenas a morte seria o seu descanso. Torna-se um ébrio e nas noites e orgias procura a amada no corpo de outras mulheres. “Um dia ela partiu... Tornei-me um ladrão nas cartas...um espadachim terrível e sem coração.”
            Por duas vezes Bertran interrompe a narrativa e pede vinho à taverneira. Um velho que chega à taverna fala de bebida, mulheres, amor – orgia, vício. Traz consigo uma caveira – macabro. Em todas as situações de vícios evidencia-se o satanismo.
            Refere-se também a Deus e Jesus Cristo – religiosidade. Antes de cometer antropofagia ele questiona a perfeição do homem enquanto criatura divina.
            O individualismo, o subjetivismo e o egocentrismo são latentes nos verbos da primeira pessoa e manifestações exacerbadas dos sentimentos e emoções em várias passagens do conto. Como em todos os momentos em que a personagem ri, ri, demonstrando a supervalorização dos seus sentimentos, em detrimento do sofrimento alheio; em “A voz sufocava-lhe na garganta. Todos choravam. Eu também chorava, mas era de saudade de Ângela”.  Na passagem em que relata se segundo relacionamento amoroso ficas claro o sentimento de individualismo quando ele desonra a filha do ancião que o acolhera. Em seguida, entediado ele a abandona à própria sorte.
Ainda sobre a idealização do amor e da mulher observa-se o que ele fala de outro relacionamento: “Criatura pálida, parecera a um poeta o anjo da esperança adormecido esquecido entre as ondas... era uma santa”. “Um poeta a amaria de joelhos”.
Em dois dos três relacionamentos amorosos há adultério. No terceiro, a moça, decerto desiludida por ter sido vendida ao pirata Siegfried, suicida-se.
            Ao questionar sobre a existência humana, Bertran demonstra pessimismo.

Trabalho avaliativo apresentado à disciplina Literatura Brasileira do Curso de Letras
 - FAPAM - Professora Drª Ana Paula Ferreira
Créditos: Total, 5


Lécia Conceição de Freitas

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Amor e Sofrimento

      Nessa manhã, indo para o trabalho, notei no banco da frente, uma mãe e seu filho. Fiz menção de inclinar-me para brincar com a criança. Sempre faço isso. Como trabalho em uma creche - e gosto do que faço - todas elas me chamam a atenção. No entanto, retraí-me logo.  Percebi de imediato o olhar vago, inconfundível, de sindrômicos. Ouvi a mãe cantando baixinho para que o filho batesse palmas. Talvez fosse algum tipo de exercício, pois ele não tinha os dedinhos. Desviei o olhar.
             A visão, a proximidade, não me incomodava, mas como seria a reação da mãe se percebesse o meu interesse? Normalmente, toda mãe se inquieta diante de um desconhecido que brinca com seu filho. E deve ser assim. Contudo nesse caso, eu era, absolutamente, solidária a ela.
            Voltei-me para dentro de mim mesma e fui atrás de lembranças nem tão antigas, nem apagadas. Revivi  emoções e sofrimentos tão intensos que parecem ser ter sido ontem. A crueldade das reações das pessoas diante de uma criança assim só perde para o concreto da situação. Os problemas reais que uma mãe enfrenta para que um filho portador de alguma síndrome sobreviva, e bem, são gigantescos. É certo que ela tenta!
            Mas, pobre da mãe que tem um filho não perfeito nesse mundo de seres (im)perfeitos! Como sofre! Por si e por seu filho! Talvez o filho sofra menos. Concentrado na ânsia de viver, de tentar, de conseguir a superação, talvez nem perceba o preconceito. Qualquer avanço, para ele, será mais uma vitória.
            A mãe... sofre. Se “ser mãe”, como disse o poeta, “é sofrer no paraíso”, essa mãe não o terá encontrado. Ela tenta se enganar com as alegrias das pequenas vitórias, e se diz abençoada, para justificar  as lágrimas. A dor de ver o filho ultrajado talvez se compare apenas à Daquela  Mãe de todas as mães. Somente aí, essa mãe encontra um pouco de refúgio. O espinho encravado não sairá tão facilmente. Será preciso muita coragem.
            Muitos se compadecerão. Mas esse sentimento é, quase sempre, doído como uma bofetada. A compaixão, muitas vezes, é inútil e dispensável. Quase sempre, uma ofensa.
            Não acredite no riso dessa mãe. Quase sempre será um embuste.  Afinal é preciso ensinar ao filho que se deve sorrir, às vezes, e caminhar em frente. É  preciso mostrar ao mundo que as mães são corajosas, são fortes e superam qualquer obstáculo. Porém, isso é apenas uma casca. Frágil. Não pode se comparar a uma armadura, porque, a mãe continua a receber os golpes que vão minando sua resistência, e aos poucos a esperança de qualquer coisa se resume ao mais elementar instinto de sobrevivência. Ainda assim ela continua, porque é preciso continuar. E porque Deus considerou que ela fosse capaz de cuidar de um filho Seu. Embora se pergunte sempre “Por que eu?”, resigna-se.  Somente Ele lhe dará forças.

Lécia Conceição de Freitas