Quando tudo está difícil demais é quando mostramos nossa capacidade. Sabemos que nada vem de graça, que nada de extraordinário vem fácil à nossa porta.
No momento da inundação Deus não nos envia um barco de luxo. Talvez a ajuda venha na forma de um tronco que vai testar nossa resistência e preparar para situações piores. Assim, quanto mais difícil, significa que temos que nos aprofundar, que as raízes ainda não estão firmes. Às vezes, diante de pessoas rasas, pensamos que não vale a pena mergulhar, que é um risco. Talvez tenhamos sido convocados a cavar ali aumentando a profundidade do outro. As pessoas nos surgem com um propósito. O Universo não trabalha com o acaso. Entretanto, é preciso respeito e paciência porque não sabemos até onde é permitido. Temos que tentar, porque pode estar ali a nossa salvação. A nossa doação pode ser a nossa verdade. E não se deve nunca julgar a miséria humana. Não se deve desprezar o raso, o desconteúdo do outro. Quando se detém em excesso, ou mesmo o bastante, há uma falta para o outro. Ignorar isso, pode ser nossa ruína. O caos que se instala, seja a nossa volta ou mesmo dentro de nós, é consequência de uma soberba que carregamos ainda que teimamos em negar. Porque nos achamos bons demais para nos considerarmos soberbos. Afirmamos que a razão está sempre do nosso lado, incontestável. Não nos calamos diante de argumentos que consideramos frágeis, muito menos os plausíveis. Não nos detemos ante o simples, o humilde. Ante à pouca visibilidade, não buscamos luz para enxergar aquilo que talvez nós mesmos tenhamos apagado. E assim, as oportunidades passam. É preciso observar que ler a alma de alguém não se compara em sentir-lhe o sabor.
Lécia Freitas
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