domingo, 26 de novembro de 2017


Toda manhã eu me sentava ali com o notebook no colo para trabalhar. Eu via o caminho do sol pelos raios que entravam pela janela e depois pela porta, conforme a hora. Muitas vezes parava o trabalho para escrever sobre a vida. A vida que teimava existir em mim e que eu queria negar. Porque falava dele desde as coisas mais insignificantes ate àquelas que me moviam. Negava porque era muito doloroso aceitar essa verdade. Em nenhum momento eu pensava em interromper essa vida e ver o real lá fora. Saber que a vida corria lá fora era mais doloroso ainda.

Eu queria sim, que tudo parasse, que o tempo voltasse naquele instante que ele me olhou, e que eu vi o mundo dentro dele. Um instante foi bastante para perceber que o amor seria amor em qualquer lugar, em qualquer tempo, seja na vida ou na morte.
Eu sentia o amor tão grande, tão denso, em mim, dentro e em volta de mim. Eu sentia a presença dele tão forte como se fosse físico mesmo, que eu sabia, eu tinha certeza que mesmo depois que eu morresse eu continuaria amando aquele amor. Nada nesta vida, nem depois dela, nunca, nada seria capaz de exterminar, de exaurir, de consumir este amor. Ele, o meu amor, vai existir até depois do final dos tempos. Esta certeza é que me faz viver, e que torna tudo tão doce. Não importa a vida lá fora. Este amor já me levou para outra dimensão. Eu vivo além.

Lécia Freitas


sábado, 25 de novembro de 2017

Não há como desfazer do racismo sem a desconstrução de uma estrutura forjada com o sangue e sofrimentos dos pretos em 400 anos, e de uma doença que força o branqueamento. Ausência de melanina não dá prerrogativas nem favorecimento. Quase sempre embota o caráter e o sentido de humanidade. Um resgate de dignidade não pode ser adquirido no tempo de um novembro, nem por alguns escolares mirins que ainda não percebem o quanto podemos ser cruéis e insanos. É preciso sequestrar a verdade de que somos diferentes, partes de um mesmo Universo, e que somos grandes por isso. Humildemente.



Lécia Freitas






quarta-feira, 15 de novembro de 2017

A tristeza do Homem consiste em se saber mortal. Porque ele sabe que enquanto tenta, o tempo está passando. É quando o ser baqueia, porque no fundo não há o que que fazer. A única certeza nos faz tão pequenos, tão miseráveis, tão nulos! Surge então a desesperança!

Lécia Freitas






Todos os dias terminam na mesma hora: os bons e os ruins. Portanto, não se aflija! "A cada dia basta o seu cuidado!"

Lécia Freitas



Gosto principalmente de pessoas que não gostam de mim. Por algum motivo eu as tiro de seu juízo perfeito e mexo com o seu emocional. Ter ódio ou aversão em alguém é ser submisso a essa pessoa.

Alberto Freitas



As palavras ditas sabem mais longe. No entanto, prefiro as escondidas. Essas, dizem muito mais!
Que venha a tarde!
Lécia Freitas







Meu mundo nunca foi bonito nem perfeito. Muito menos eu. Mas a cada dia eu busquei tranformá-lo em melhor. E das muitas vezes que falhei, meu Deus, como falhei, eu tentei outra vez. E de novo. Quantas vezes fosse necessário. Aqui estou, a cada dia, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto. Pede-me para sorrir? Eu o faço, às vezes...também às vezes, é preciso aceitar as incógnitas.

Lécia Freitas


A gente sempre deixa pra depois
porque acredita que é melhor deixar o tempo passar
que novos tempos virão,
que o tempo cura qualquer ferida
e a gente finge que está tudo bem
que o canto de anus nessas manhãs de primavera
traz o mesmo encantamento de outrora
que o “california dreams” dos renato e seus blue caps
ainda conseguem transpor a magia dos anos 80
insiste em dizer que está tudo lindo
sem perceber que o céu não está tão azul
quando na verdade está

não se pode admitir
que as coisas não estão funcionando
porque de concreto só existem lembranças
e as verdades deixaram de ser vistas e
que viver de fantasia nunca foi bom
nem no mundo de alice
mas a gente prefere viver de mentira
para não dar ao outro
o poder que ele já tem
por nos governar mesmo sem saber
porque pensamos continuamente

e a gente tem a ilusão que a vida segue
quando na verdade está parada
esperando um movimento qualquer
Que nos tire dessa inércia
do automotismo involuntário
que nos impede de viver o real
porque o medo de sofrer
de sangrar
pela realidade de uma ausência
é bem maior

Lécia Freitas



Desamor não é só a falta de amor. É a certeza de que nunca haverá amor. Mas a vontade que chama, um dia traz o amor de volta. E ele volta a existir.

Lécia Freitas