domingo, 26 de abril de 2020

ÀS VEZES



Às vezes, eu saio  na rua quando é madrugada, para vadiar e mais nada, a não ser para respirar o ar liberto e libertino, que me impôs o destino, santa inspiração dos meus pecados. Às vezes, eu saio à rua quando é de madrugada, vou ao encontro do vento, que sopra a cada momento, sem qualquer espaçada; vou ao encontro das luzes que brilham em cada canto, de encontro ao próprio canto, que diz tudo e não diz nada.
Vou ao encontro de Vênus, que brilha no infinito, mas recusa a ouvir meu grito, por mais que lhe pareçaa aflito. Vou ao encontro dos olhos que brilham na escuridão, ao calor de uma mulher, encanto e meia paixão; faço, às vezes, serenatas, para cantar cenas gratas, que a vida me faz viver, para encantar teu corpo, para te dar o prazer. Às vezes, eu bebo nos bares de cada esquina, encantado com a graça do misto moça-menina, feita esguia, muito fina, para acender a paixão; paixão esta que você sabe muito bem por quem. E a cada volta do corpo em volta do próprio corpo, nos mais puros movimentos, curvas, paixões, sentimentos, enchendo espaço de vida. Às vezes, olho nos olhos, no seu cabelo em desalinho, para encalhar nos escolhos, ante tanto descaminho.
Perco-me nos teus cabelos, dourados como o luar; e como me perco na magia Fo teus olhos, dois sóis a iluminar, me perco nos teus espaços, nos teus braços, nos movimentos perdidos em doces instantes, nos mais eternos momentos, na rima fácil, buscando qualquer pretexto para sentir tudo e nada, na mais negra madrugada. quando saio à rua para vadiar com a imagem tua, me perco, e não sei a hora de voltar, por isso peço: amanheça logo para me encontrar com minha paixão.


A TEORIA DO CONHECIMENTO E A CRIANÇA DE 0 A 5 ANOS


            Sendo possível apenas ao ser humano, ou seja, não se aplica aos animais, o conhecimento  é o ato de compreender, de apreender algo por meio da experiência ou do raciocínio.. Na tentativa de conhecer e estabelecer relações entre o mundo e as próprias experiências com ele, tentando desmistificar e entender a complexidade da existência, o ser humano está sempre buscando mecanismos para adquirir o conhecimento.
             Dessa forma, estudiosos vêm ao longo do tempo elaborando teorias que possam definir o conhecimento e conhecer a verdade por meio dele. Alguns dos aspectos dessa busca são entender como se realiza o conhecimento em crianças pequenas, especificamente de 0 a 5 anos. Entre os diversos autores dessa área destacam-se Vygotsky  e Piaget.
            Lev Vygotsky,  bielo-russo, viveu de 1896 a 1934 e segundo Ferrari (2008) sua obra ainda está em processo de descoberta, tal sua importância no mundo e também no Brasil. A obra desse estudioso converge para o tema da criação da cultura, sendo que atribuía um papel preponderante às relações sociais. Para ele, a formação do ser se dá numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade a seu redor. Por isso, a corrente pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de  sociointeracionismo, ou seja,  para a teoria de Vygotsky é a interação que cada pessoa estabelece com determinado ambiente, a chamada experiência pessoalmente significativa.
            Entre as muitas teorias criadas por Vygotsky (1991, p.58), no que diz respeito ao desenvolvimento das crianças, destaca-se o que ele denominou de dois níveis de desenvolvimento. “O primeiro nível pode ser chamado de nível de desenvolvimento real, isto é, o nível de desenvolvimento das funções mentais da criança que se estabeleceram como resultados de certos ciclos de desenvolvimento já completados”, ou seja, define funções que já amadureceram; os produtos finais do desenvolvimento.
            Já a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação e permite  delinear o futuro imediato da criança e seu estado dinâmico de desenvolvimento, possibilitando acessar o que já foi atingido através do desenvolvimento, e também o que está em processo de formação. Isso quer dizer que o que a criança faz hoje com a ajuda de alguém amanhã fará sozinha (VYGOTSKY, 1991, p. 58).
            A aprendizagem acontece na ZDP e é função da professora favorecer a aprendizagem, colocando-se como a mediadora entre a criança e o mundo. Na interação com o coletivo, nas relações com a professora e os colegas é que acontece a construção das funções psicológicas da criança. Constata-se, portanto, que Vygotsky atribuía importância à escola e aos professores na aquisição do conhecimento pelas crianças (VYGOTSKY, 1991).
            Na visão de Piaget (suíço, 1896-1980) o conhecimento é construído pela criança a partir da ideia de que o conhecimento é uma adaptação do organismo ao seu meio ambiente. Essa teoria é centrada no desenvolvimento natural da criança sendo que para Piaget o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até a adolescência, quando atinge a capacidade plena de raciocínio (FERRARI, 2008)
            A teoria de Piaget, denominada Construtivismo, com a contribuição dos estudos de Vygotsky, tem como foco o entendimento da obtenção da aprendizagem relacionado com a interação do indivíduo com o meio. Nessa teoria, o centro da aprendizagem é o aluno e o professor é o facilitador e orientador da aprendizagem, tendo como função colocar o estudante diante de situações a fim de que encontrem soluções, construindo, assim o conhecimento. Experiências e conhecimentos adquiridos previamente pelas crianças são fundamentais nesse processo.
             Piaget esclarece que as crianças se inserem gradualmente nas regras, valores e símbolos da maturidade psicológica, por meio dos mecanismos de assimilação e acomodação. Esses mecanismos consistem em:  incorporar objetos do mundo exterior a esquemas mentais preexistente e a seguir, por meio da acomodação a criança irá modificar o sistema de assimilação e adaptar o novo conceito (FERREIRA, 2008).
            Além desses conceitos, Piaget ensina sobre o equilíbrio: quando os esquemas existentes de uma criança são capazes de explicar o que ela percebe em redor, ela está em equilíbro. Caso contrário, a criança se frustra e procura “restaurar o equilíbrio dominando o novo desafio. Pode-se dizer, então que o equilíbrio é a força que impulsiona o processo de aprendizagem”. (HIPERCULTURA, 2020).
            Cabe à professora incentivar os alunos a buscarem novos conhecimentos e a aprenderem novos conceitos, construindo a aprendizagem aos poucos a partir de conhecimentos e conceitos aprendidos anteriormente. Vale lembrar que a professora deve respeitar os níveis de amadurecimento, desenvolvimento e conhecimento de cada aluno e considerá-los no processo de aprendizagem (FERREIRA, 2008)
            Piaget ainda preconiza que o ensino deve ser percebido e realizado como algo dinâmico reconstruindo a realidade de quem está aprendendo e não como algo estático, colocado como uma versão exata da realidade. Nesse sentido, o conhecimento ocorre por meio de uma troca entre o indivíduo e o meio, sendo o resultado de um processo. Esse estudioso dividiu o processo de desenvolvimento em quatro estágios desde o nascimento até a adolescência, por volta dos 12 anos de idade. A cada fase, Piaget detalha o desenvolvimento da criança e as suas particularidades (FERREIRA, 2020).
            Piaget via o papel do professor como necessário uma vez que ocorria a interação e que as informações trocadas, estando o professor como mediador no processo de aprendizagem, coordenando em outras atividades como leitura entendimento da escrita, despertando o senso crítico e apontando possíveis soluções para problemas, favorecem  a aprendizagem (GOMES, 2020).
            Diante disso, assevera-se que o conhecimento em crianças de 0 a 5 anos, e de acordo com estudiosos renomados, da área, ocorre em processos de interação com o meio e também construído por meio de conhecimentos e experiências já adquiridas. Também de acordo com esses autores o papel da escola e do professor é de fundamental importância na aquisição do conhecimento.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRA, Márcio. Lev Vygotsky, o teórico do ensino como processo social, Nova Escola. 2008. Disponível  em: <https://novaescola.org.br/conteudo/382/lev-vygotsky-o-teorico-do-ensino-como-processo-social>. Acesso em 5 mar. 2020.

FERREIRA, Márcio. Jean Piaget, o biólogo que colocou a aprendizagem no microscópio. Nova escola. 2008. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/1709/jean-piaget-o-biologo-que-colocou-a-aprendizagem-no-microscopio>. Acesso em 5 mar. 2020.

 

GOMES, Maria Madalena Cardoso Macedo. Os Conceitos de Piaget e o Papel do Professor. Meu Artigo. 2020. Disponível em: <https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/os-conceitos-piaget-papel-professor.htm>. Acesso em 5 mar. 2020.

 

HIPERCULTURA. A teoria de Piaget: Conheça as fases do desenvolvimento infantil. 2020. Disponível em: < https://www.hipercultura.com/teoria-de-piaget/>. Acesso em 5 mar. 2020.


PORFÍRIO, Francisco. Conhecimento. Mundo da Educação. 2020. Disponível em:

VYGOTSKI, L.S. A formação social da mente. 4ª edição brasileira. Livraria Martins Fontes Editora Ltda. São Paulo -  1991.






O TEXTO POÉTICO

Entende-se, conforme Jean Cohen (1996) que a linguagem poética existe por si mesma e que a sua função não é exclusividade da poesia existindo também na prosa. A linguagem poética pode estar presente em qualquer texto e nesse caso é considerado como uma arte. Segundo esse autor  “A prosa é o grau zero do estilo. A realidade, tão logo é falada, entrega seu destino estético nas mãos da linguagem. Ela será poética se for poema, prosaica se for prosa” (1996, p.36). Entende-se, então que,  segundo Cohen (1996), a linguagem poética é significação e que a palavra nas mãos de um poeta ultrapassa o que é capaz de expressar.
            A função poética da linguagem não apresenta uma finalidade prática, mas sim estética. Isso acontece porque o próprio objeto – a mensagem – torna-se o foco de si mesmo, despertando a reação pelo  que é, e não por aquilo para que serve. A função poética da linguagem é um elemento de comunicação utilizado para chamar a atenção do destinatário da mensagem para o texto. Na função poética, a mensagem está voltada para sua própria estruturação. Pode manifestar-se na linguagem verbal e não verbal.
Na linguagem verbal, a função poética busca por elementos que enriqueçam a construção da mensagem. O mais importante entre esses elementos é a eufonia (sucessão de sons agradáveis), além do emprego de figuras de linguagem e outros recursos que conferem maior expressividade ao texto. Além da prosa e da poesia, a função poética também pode ser encontrada na fotografia, na música, no teatro, no cinema, na pintura e em qualquer modalidade discursiva que apresente uma maneira diferente de elaborar o código, transgredindo a visão convencional à qual estamos habituados. No entanto a forma mais comum de encontrarmos a linguagem poética é no poema, no verso.


O TEXTO POÉTICO E O CONCRETISMO

            O Concretismo caracteriza-se como movimento de cunho marcadamente racionalista, buscando na arte a expressão de um geometrismo extremo. Assim, o poema viu destituído o verso em seu interior, em favor do aproveitamento pleno da folha de papel e da exploração máxima de seus possíveis preenchimentos, bem como de seus vazios. Segundo tais preceitos, forma e conteúdo não mais deveriam corresponder a diferentes planos de apreensão da literatura, mas sim a um contínuo a ser explorado pelo artista.
            Em 1964 com o Golpe Militar, no Brasil e a fase da Ditadura, em que muitos pensavam em promover uma revolução social, traduzindo a realidade brasileira por meio de manifestações artísticas. O Concretismo surge então trazendo como ideologia fazer da palavra concreta objeto real  real para as manifestações voltadas para a crítica à sociedade, tendo no consumo exacerbado e no capitalismo sua principal fonte de alimentação.
            São traços marcantes da estética concretista: 
- a atomização vocabular na qual as palavras se desmancham, se refazem, em favor da expressividade de sua nova forma; 
- a polissemia, uma vez que os vocábulos assumem uma valência de significados múltipla, ditada pela disposição no interior da poesia; 
- uma linguagem de intenso apelo persuasivo, aproximando-se, assim, da linguagem publicitária; 
- o intercruzamento permanente das linguagem visual e verbal; 
- comunicação icônica, ou seja, a forma da letra, sua posição, sua cor, tudo a esse respeito é elemento para interpretação.
            O Concretismo, como tendência contemporânea, permanece bastante vivo, inclusive, pela proximidade mantida com a linguagem publicitária, bastante cotidiana em nossas vidas e pela possibilidade amplamente divulgada.
Pode-se afirmar que a existência do Concretismo foi muito positiva para a cultura brasileira, por conribuir para enriquecer certas formulações de linguagem da publicidade. Percebe-se que  o concretismo marcou um avanço em direção a uma arte multimídia, em que a poesia passa a ter uma relação imediata com as outras artes. Isso porque a função poética da linguagem não está restrita aos textos literários. Por conferir expressividade ela é muito utilizada na música e na publicidade, por exemplo.
O Concretismo abriu caminho para novas possibilidades, novas propostas. Por isso, a importância de trabalhar  o gênero em sala de aula.


O POEMA CONCRETO E AS ESTRATÉGIAS DE LEITURA

            No poema concreto a palavra é a base do poema e não um sentimento ou uma coisa. O poeta concreto vê a palavra em si mesma como um mundo de possibilidades, dinâmica, viva. O autor do Concretismo vai ao centro das palavras, à sua verdade factual.
            A estrutura do poema concreto se manifesta basicamente na sonoridade e no ritmo permitidos também pelas figuras de linguagem, e  pelo apelo visual.  Assim ampliam-se os limites semânticos das palavras ao cairem as regras gramaticais e sintáticas. Dos estratos presentes na poesia convencional dois se destacam no Concretismo: o estrato gráfico e o estrato fônico
            No estrato gráfico verifica-se o formato do texto: o tamanho dos versos (ou parágrafos), a pontuação, se há versos mais longos que os outros, se há palavras em itálico ou em negrito, ou escritas com maiúsculas, etc.
            Na poesia concretista, o aspecto gráfico tem muita importância, mas em todo texto, deve-se verificar se há  parênteses, colchetes, ou outros sinais de pontuação.
            No estrato fônico, deve-se observar a combinação de sons graves e agudos, abertos e fechados, as rimas, o ritmo e, se houver, as figuras fônicas: aliterações, paromásias, assonâncias, onomatopeias, ecos etc.
De acordo com Campos, Pignatari e Campos:
Os elementos fonéticos auxiliam a criação das relações entre as palavras, funcionando como se foram fatores- de-proximidade-e-semelhança para um todo visual, e estabelecendo uma espécie de corrente eletro-magnética que atrai ou repele as palavras (CAMPOS, PIGNATARI,CAMPOS, 1975, p. 121-122).

            Esses autores esclarecem que a “poesia concreta não se dissocia da linguagem, nem da comunicação. Mas despe a armadura formal da sintaxe discursiva (1975. p.122)”. Surge, então, uma nova perspectiva de poesia
            Na Literatura Brasileira, já há algum tempo, encontra-se poetas e escritores  que abordam em suas obras  as contradições do mundo capitalista. Entre eles destaca-se o poema concreto de Augusto Campos em que o lixo é o cenário sobre o qual o poema se constrói:

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            De acordo com a análise pode-se afirmar que foneticamente o cerne do poema é a palavra luxo porém ao substituir  o fonema “u” pelo fonema “i” surge a  palavra lixo. Diante do fato que lixo é um substantivo e luxo um adjetivo, pode–se entender a intenção do autor ao afirmar que o lixo é um luxo. Na opinião concreta do autor ele não abre mão ao afirmar os conceitos do dois termos na dinâmica do concretismo.
           


            Esse poema joga mais com  a palavra do que com o espaço em branco. No imperativo “beba coca” há uma reiteração  da necessidade de se consumirem e de se assimilarem todos os componentem culturais que de forma implícita a coca representa. Há um balé e um fusão de palavras ate chegar em “cloaca” impregnada de uma semântica depreciativa negando o homem e a cultura. Como em “oca” em que supõe-se o homem em seu estado primitivo, e o vocábulo “calo” que remete à submissão.


            O poema “pluvial”, de Augusto de Campos, possui palavras sonoramente semelhantes. “Pluvial” verticalmente caindo como chuva, e “fluvial” horizontalmente correndo como rio, que simetricamente estruturam o poema.
            Os exemplos deixam claros que o Concretismo possui regras internas precisas e rigorosas na construção dos poemas que foram criados como objetos polissêmicos que classificam o artístico na sociedade.
            Ler não é só decodificar signos, mas construir sentidos para o que se lê. Para isso o leitor deve se valer dos conhecimentos prévios que possui sobre o asssunto e a interação com o suporte da leitura. Deve-se levar em consideração, que as influências cognitivas, como opiniões, crenças ou objetivos diferentes, podem atuar na construção da representação sobre o enunciado, o que faz com que diferentes leitores construam significados diferenciados, produzindo diferentes tipos de inferências.
            Dentro de sala de aula, cabe ao professor mediar situações de ensino em que a leitura aconteça de uma forma  prazerosa,  com motivação e objetivos definidos. Ressalta-se que  a leitura deve ser incentivada em todas as disciplinas e não somente nas aulas de Língua Portuguesa. O professor deve estar atento às dificuldades de compreensão do texto pelo  aluno, observando nesse caso uma atenção e releitura da parte incompreendida.
            A curiosidade própria do aluno jovem vai incentivá-lo a buscar recursos para entender o texto Concreto e aprender. Porém o professsor deve ter a função de guia e mediador para a construção do conhecimento.
            No caso do texto Concreto o professor deve ativar o conhecimento prévio do aluno sobre o tema  e o contexto. Dessa forma ele terá maiores possibilidades de atribuir um significado ao que está lendo. . É importante que o professor, além do tema, mostre ao alunos os aspectos relacionados aos estratos gráficos e estratos fônicos já citados. Isso significa que antes de apresentar o poema concreto o professor deve trabalhar as figuras de linguagem presentes no texto concreto, todos os sons próprios de cada poema. Da mesma maneira, as formas gráficas e visuais  e o que isso representa para a construção do poema concreto.
            Leitura, para Solé (2008, p.22) “é um processo de interação entre o leitor e o texto”. É um momento único em que o leitor deve examinar detalhadamente o texto, identificando as ideias principais, a mensagem que o autor quer passar. Nesse processo, “não quer dizer que o significado que o escrito tem para o leitor não é uma réplica do significado que o autor quis lhe dar, mas uma construção que envolve o texto, os conhecimentos prévios do leitor que o aborda e seus objetivos.” (SOLÉ, 1998, p.22). Acredita-se que somente com o contato com os poemas desse gênero textual – Concretismo – o aluno irá construir o significado, aos poucos, e assim compreender, conforme salienta Solé (2008, p. 44) “compreender é sobretudo um processo de construção de significados sobre o texto que pretendemos compreender”.
            A leitura por si só, é uma prática social, que o indivíduo começa em casa, junto com os hábitos familiares, e na escola. Nesse sentido, é aconselhável que a criança faça as próprias escolhas do que quer ler. Isso irá contribuir para, mais tarde, já no período do ensino fundamental, ele consiga  ler e compreender outros tipos de textos. Segundo Solé (2008, p.44) “é imprescindível que o leitor encontre sentido no fato de efetuar o esforço cognitivo que pressupõe a leitura e para isso tem de conhecer o que vai ler e para que fará isso”.
            Isabel Solé (2008) ensina que uma das estratégias a serem utilizadas deve ser traçar objetivos para a  leitura. Nesse caso o professor deve explicar bem porque devem ler e compreender o poema do Concretismo.  Interessante praticar a leitura em voz alta e também verificar junto com o aluno o que ele já aprendeu. Outro procedimento importante deve ser a postura do professor que deve demonstrar que gosta de leitura, incentivando o aluno a ler. O professor deve comentar sobre outros textos, outros gêneros textuais.
            No caso do Concretismo, antes de apresentar o texto , o professor deve antecipar  explicações sobre o tema, condições de produção, etc., aguçando a curiosidade dos alunos. Além disso, deve mostrar como se lê nas entrelinhas. Explicar como as caractrísticas do poema concreto se manifestam e contribuem para reforçá-las.
            O professor deve levantar uma conversação com alunos afim de ativar o conhecimento prévio que eles possam ter sobre o tema do poema. Nessa conversa o professor deve ajudar os alunos a contextualizarem o tema e a intenção do autor, com a própria realidade de cada um, explicando todos os itens que precisam ser analisados. Como as características já citadas, como os  elementos gráficos e fônicos. Uma das propostas de Isabel Solé (2008, p.45) como estratégias de leitura  é promover perguntas dos alunos a respeito do texto. Segundo a autora “esta estratégia opera durante toda a leitura e auxilia o aluno a melhorar a velocidade do processamento do texto, e de acordo com Solé acontece  uma reorganização de conhecimentos anteriores, tronando mais completo e mais complexo o que permite relacioná-los com novos conceitos e por isso pode-se dizer que aprendemos”.          
            Acredita-se que, a partir daí, será possível uma compreensão global do texto e a construção do significado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COHEN, Jean. Estrutura da Linguagem Poética; tradução de Álvaro Lorencini e Anne Arnichandi. São Paulo, Cultrix, Ed. da Universidade de São Paulo, 1974.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6ª ed.  ARTIMED EDITORA S.A. Porto Alegre, RS : Artimed. 2009.




segunda-feira, 30 de março de 2020

RESENHA DE ARTIGO SOBRE CONCEITO DE ÉTICA


Recomeço
O autor, Peter Singer, observa que o pluralismo reserva um espaço para o resgate de um ideal estóico da dignidade moral em práticas da automodelação virtuosa encontradas em discursos eruditos e em leituras de autoajuda. Isso pode repercutir na formulação de uma verdadeira política pública de reversão de práticas imorais e antiéticas. Embora pareça impossível reverter o consumismo desenfreado, o sábio concilia elementos de autoeducação e autocontenção relevantes na hora de formular estratégias morais e políticas para o presente.
O estudioso afirma que isso só é possível em pessoas hígidas mentalmente. Pode-se acrescentar: em pessoas sensíveis e de boa vontade, preocupadas com o destino do mundo. Porém, pretender que os jovens se interessem pelo assunto a ponto de realizarem mudanças é utópico, uma vez eu a maioria deles ignora e despreza os valores éticos e morais. Para revigorar o ideal de dignidade humana, faz-se necessário que a humanidade lúcida restante apresente-o aos pequeninos, os únicos, realmente capazes, devido à virtude e probidades ainda intactas de proliferar em si mesmos e nos outros a cultura de uma vida mais ética, voltada ao bem de todos.
Nesse sentido, é essencial operar nas crianças a formação do juízo crítico reflexivo, capaz de ajudá-las no discernimento entre o certo e o errado, o bem e o mal.
Lécia Conceição de Freitas

Expansão da Língua Portuguesa


A Língua Portuguesa é uma das cinco mais faladas no mundo. Cerca de 180 milhões de indivíduos utilizam-na sendo a língua oficial, em pelo menos, um país de cada continente. São eles: República de Angola, República Federativa do Brasil, República de Cabo Verde, República da Guiné-Bissau, República de Moçambique, República Portuguesa, República Democrática de São Tomé, e Príncipe e República Democrática de Timor-Leste.
A língua portuguesa, pertencente ao grupo das línguas românicas, teve sua origem no latim falado que se expandiu devido ao espírito de organização e poderio de Roma.
No Brasil, foi imposta pelos colonizadores portugueses, embora houvesse, naquela época, outras línguas, das diversas tribos indígenas existentes e, em seguida, as múltiplas línguas africanas com achegada dos escravos. Também é devido a um processo de colonização que os outros países falam o nosso idioma e é este o único ponto em comum. Cada um deles tem seus costumes, sua cultura, suas crenças, etc.
Embora sendo países distintos e distantes uns dos outros e apesar do uso constante de outras línguas, dialetos e variantes linguísticas, a Língua Portuguesa tornou-se oficial nesses países devido ao poderio econômico e cultura mais avançada no país de origem.
Lécia Conceição de Freitas

RESUMO


CAPITÃES DA AREIA
O livro "Capitães da Areia", de Jorge Amado, narra a história de um grupo de crianças abandonadas e a luta delas para sobreviverem nas ruas de Salvador, capital do estado da Bahia.
O grupo contém mais de cinquenta meninos e eles vivem em um trapiche abandonado na praia.
Pedro Bala, filho de um grevista morto no cais, é o mais corajoso e capacitado para ser o líder do grupo. Professor, outro menino, era o único que sabia ler. Contava histórias para o grupo a luz de velas. Possuía grande talento para desenhar. Com isso ganhava algum dinheiro desenhando casais, nas ruas da cidade. “Gato”, vaidoso, elegante, e com ginga de malandro, era o mais bonito de todos.Apaixonou-se por uma prostituta com quem mantinha um caso. “Sem-Pernas” era um garoto coxo, que servia de espião, fingindo-se de órfão desamparado (e numa das casa que vai é bem acolhido, mas trai a família ainda assim) para roubar, mesmo sem querer fazê-lo de verdade. “Volta-Seca”, afilhado de Lampião, tinha ódio das autoridades. Desejava ardentemente tornar-se cangaceiro. Foi responsável pela mudança de “Pirulito”. Juntamente com os conselhos do amigo e por meio dos ensinamentos dos padres, “Pirulito” buscou uma vida mais correta, abandonando o roubo.
Também fazia parte do grupo: “Boa-Vida”, garoto esperto que sempre participava dos assaltos e “Querido-de-Deus”, capoeirista, amigo de Bala.
A polícia perseguia os Capitães e a maioria das pessoas não gostava deles. Recebiam ajuda de D. Aninha, uma negra, praticante de Candomblé; de João da Adão, um grevista do cais. Também eram ajudados pelo Padre José Pedro, castigado por seus superiores por ter se envolvido com o grupo e por ter escondido um dos meninos que contraíra a varíola.
Com a epidemia dessa doença, morre a mãe de Dora e Zé Fuinha, ficando os dois sozinhos no mundo. Assim eles ingressam no grupo, onde, com o tempo, Dora passa a ser considerada a “mãe” dos mais novos e “mana” pelo outros. Para Pedro Bala, Dora era a noiva e ela retribuía.
Após um assalto em que foram apanhados, Pedro vai para o Reformatório, onde é duramente castigado e Dora vai para o orfanato. O grupo se une e liberta os dois. Entretanto, Dora fica muito doente e vive poucos dias. Antes de morrer, ela e Pedro conseguem consumar o amor dos dois. Pedro imagina então que ela transforma-se em uma estrela.
Depois disso, cada um segue a própria vida. Padre José Pedro ganha uma capela e “Pirulito” vai com ele, pois quer ser religioso. “Sem-Pernas” morre ao fugir da polícia. “Volta-Seca” vai atrás do bando de Lampião e torna-se um cangaceiro sanguinário. É preso e condenado por mais de trinta e cinco mortes. “Gato” vai com a prostituta Dalva para Ilhéus, cidade do sul da Bahia. “Boa-Vida” passa a viver em farras, amando cada vez mais a sua terra, Bahia. Professor vai para o Rio de Janeiro e torna-se um pintor. Os demais Capitães da Areia envolveram-se em greves e lutaram a favor do povo. Pedro Bala vai embora a pedido de Alberto, um estudante, para organizar os índios maloqueiros de Aracaju, capital do Estado de Sergipe. Barandão é o novo líder dos Capitães.
Anos depois, Pedro Bala transforma-se em um ícone da luta do povo e todos clamavam por ele.
Lécia Conceição de Freitas

segunda-feira, 16 de março de 2020

O PAPEL DA ESCOLA NA EDIFICAÇÃO DO SUJEITO


Constitui-se preponderante o papel da escola na edificação do sujeito, com grande responsabilidade no processo educativo.
A educação acha-se incluída entre os fatores culturais de um povo, permanecendo subordinada às relações de poder vigente. É reconhecido que a classe dominante determina o tipo de educação que se pretende para a nação. Então, o indivíduo que não se enquadra nos requisitos culturais previamente estabelecidos será considerado sem cultura, sofrendo de “carência” ou “privação” cultural  sendo, portanto, marginalizado.
Por definição todo grupo social tem um tipo qualquer de produção cultural, não existindo nenhum com ausência de bens culturais.  O que  na verdade acontece são as marcantes diferenças, não respeitadas pelas metodologias e instrumentos de ensino. A privação cultural seria então um atributo artificialmente estabelecido, mas que se constituirá uma barreira social. A consequência mis direta, frente às desigualdades, será a incapacidade dos jovens de definirem projetos de vida viáveis, condizentes não só com as aspirações, mas também com a possibilidade de realização.
Conclui-se, então, que a escola pode educar e construir, mas, igualmente, pode marginalizar e destruir, favorecendo a instalação de risco.
Uma das grandes questões vinculadas à escola tem a ver com a evasão e com o fracasso escolar.  Entre as causas sociológicas do fracasso escolar são apontadas as restrições impostas pelas condições sociais, econômicas, geográficas e culturais, que favorecem a pobreza.
Existem desvantagens reconhecidas nas classes menos favorecidas para o desenvolvimento de aptidões intelectuais, pela diferença de valores que envolvem diretamente a escola. Entre elas destaca-se a dificuldade de linguagem, principalmente para as minorias étnicas, que devem se adaptar ao uso de uma língua na qual não aprenderam a se expressar ou mesmo a pensar.
Problemas relacionados ao atraso escolar frequentemente ligados à evasão escolar, podem  ser pensados sobre o ponto de vista de dano imediato ou mediato. O imediato se liga à interrupção do aprendizado, enquanto o mediato leva à impossibilidade futura  de participação plena na sociedade e perpetuação dos ciclos de pobreza e fome, com projetos medíocres ou inexistentes.
As causas psicológicas, que não estão obrigatoriamente relacionadas com as condições socioeconômicas, também são consideradas fatores de risco, como a instabilidade familiar, a desestruturação que trazem consigo, a insegurança, o não pertencer, tanto para crianças quanto para adolescentes. Deve-se ter presente que a aprendizagem tem caráter gradual acumulativo, podendo os agravos surgidos em qualquer momento da vida comprometer o processo a partir daquele ponto ou até mesmo definitivamente.

Lécia Freitas