Quando o conheci, com a palavra perguntei --- quem é? E desde sempre já sabia. Antes que me falasse meu querer adivinhou. Que ele seria o que vim buscar. De tão longe, e ao mesmo tempo já estava dentro de mim. Mas me diga, que culpa tenho se dele fiz meu caminho, quando era apenas minha margem, uma coisa dentro da outra.
Eu
já disse antes, o nome dele agora é mel lambente que grudou em minha língua.
Que desse amor fiz meu abrigo, a razão. Andava ao redor dele como os bichinhos
na luz. E minha alma cantava para esse amor como o vento canta no bambuzal. Eu
olhava para ele e me via diluindo nesse amor.
O meu amor é assim: muito além do real. Ele cala qualquer palavra. O meu amor não
chega: ele já está. Um amor assim, tramado, não é dito mas permanece em toda
linguagem, seja das coisas, seja ele nos meus braços, na minha paixão. O meu
amor vai estar sempre caminhando ao encontro dele e ultrapassa qualquer
entendimento.
Porque
os sentimentos, assim com o “irremediável extenso da vida”, de que fala o
poeta, não estão no real, nas rasuras. Tudo é achável no mais profundo, no que
não é dito, no oco do vivente. E isso se
apresenta somente para quem busca.
Como
eu gostaria que agora, quando a natureza se queda diante da soalheira, ele se
quedasse diante do meu amor, e que um e
outro dissesse tanto na mudez dos olhares, das mãos, do próprio corpo, e que
tanto fosse dito, no real, ou não.
Como
eu gostaria que desde sempre ele percebesse o meu silêncio e o quanto de verbo
ele atravessa. De quanto a minha alma transparece na signficação.
Essa
tristeza que vê em mim é por causa dessa dor. Como ser feliz se ele não está em
mim? Depois que ele se foi nada mais nasceu em mim. De tudo que pode haver,
nada há sem ele aqui. Apenas a solidão. Minha alma secou, emudeceu.. Tudo que
eu queria é que ele estivesse aqui...como ser feliz assim dessa maneira?
Eu olho para o mundo e vejo as tristezas todas. Das coisas que vivi com ele, pratrasmente, essas não quero esquecer. É bom lembrar. Mas as de agora, essas pelejo pra esquecer. Mas o coração me alembra. E aí o mundo, eu olho para o mundo e é essa tristeza
Eu olho para o mundo e vejo as tristezas todas. Das coisas que vivi com ele, pratrasmente, essas não quero esquecer. É bom lembrar. Mas as de agora, essas pelejo pra esquecer. Mas o coração me alembra. E aí o mundo, eu olho para o mundo e é essa tristeza
Mas esses lugares todos eu vivi ao lado dele. Eu vivi lonjuras no olhar dele, ainda vivo. Mesmo sem ele querer porque a saudade põe ele para sempre onde piso. Com meu amor eu lembro dele e me vejo nesse amor, que acreditei, eu acreditei!
Nesta noite, eu queria poder gritar seu nome às
estrelas...Eu queria gritar ao mundo e falar do meu amor! Porque
dele sinto saudades, muitas saudades. E a saudade cavou seu escárnio em mim,
despolinizou minhas entranhas, e riu, seu riso de morte, da minha dor...
Lécia Freitas
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