Como do aço mais cortante, de faca amolada, a palavra mais dura ouvi: não me amava. Ainda desejei boa sorte, um novo amor...nem precisava, já tinha.
Não posso dizer que lutei. É certo que eu me calava enquanto embranquecia minha espera. Como quem espera clareira em espessas florestas. Eu te olhava e me via crescendo nesse amor. Eu te ouvia e era doce o que acreditei.
E para falar do meu amor eu inventei o verbo. Para
as palavras eu criei canto e as mais lindas plumagens. Queria que o encantasse,
que sentisse a força que vinha lá das entranhas e mesmo das rasuras do meu ser.
Porque o sentimento, de tanto, veio para fora. É nessa hora que o vivente perde
o rumo das coisas da vida. O sentir atropela. E não se sabe como dimensionar:
com palavra ou com a dor fincada. É nessa hora que o vivente se quebra
humilhado diante de uma força que não entende, que não tem recurso, que não tem
unguento que alivie.
Eu pensei o meu amor com as belezas todas, as mais finas, entremeado de fios de ouro, onde o sol brilha. Retinindo a palavra cheia de poesia. Como as estrelas que água do riacho rouba do céu mais lindo e azul, e que segue cantando cristalina como quem não quer nada. Só existir. Eu pensei o meu amor como quem para extasiado de delícias diante da moita de gravatá, amarelinho, cheiroso, no meio da tarde quente.
Eu pensei o meu amor com as belezas todas, as mais finas, entremeado de fios de ouro, onde o sol brilha. Retinindo a palavra cheia de poesia. Como as estrelas que água do riacho rouba do céu mais lindo e azul, e que segue cantando cristalina como quem não quer nada. Só existir. Eu pensei o meu amor como quem para extasiado de delícias diante da moita de gravatá, amarelinho, cheiroso, no meio da tarde quente.
Eu pensei o meu amor
envolto em papel de seda. Mas não era para mim. Ele me olhou com seu olhar,
seco, seco, feito um areal sem chuva. Olhou, sem encarar, porque secado de
qualquer água. E até com suas unhas, por dentro, me mata. E segue repetindo, sem
dó, nem por que, pela vida afora: você, não. Perdão, que me venha outra dor.
Mas não essa!
E agora, amiúde,
o mundo fica assim: nesta tristeza só. Porque tem certas coisas que já vivi há tanto
tempo que ainda estão aqui comigo. Eu me lembro!
As outras, de agora, tento esquecer.
Lécia Freitas
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