sábado, 29 de abril de 2017

O GOSTO DA VIDA
não deixarei que a solidão me amargure
nem que nenhum desamor me apague
ainda sei de horas felizes
ainda tenho a boca carnuda
trêmula
e os dedos repletos
de carinho em braille
tatuagem em pele amada
os filhos que chegam
trazem no suor do trabalho
o gosto da vida
que não sinto mais
agora apenas trago
na alfazema
o cheiro dos mortos vivos
mas não deixarei que a solidão me amargure
nem que nenhum desamor
apague meus dias
ainda sei de tempos felizes.
Lécia Freitas


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