quarta-feira, 17 de abril de 2019


A dignidade existente naqueles que se vão, e que o próprio sentido de humanidade exige, é conferida somente pelo amor. Essa outorga se ampara não em sofrimentos presentes, mas em risadas antigas, inocentes; em banhos de açude; em arapucas e visgos (linguagem conhecida somente por quem viveu em Onça de Pitangui), no desamparo compartilhado pela ausência da mãe, pela infância abortada meio a tanto abandono, em algum carinho imprimido na memória. Somente o amor permite que se ultrapasse o inevitável, concedendo a imortalidade a quem suscita tal sentimento. O mutismo e imobilidade, que tanto assustam no fim, trazem o consolo por findar também todo sofrimento. Às ações humanas, passíveis de julgamentos, evoca-se a humanidade de cada um, que por isso mesma, sujeita a equívocos. Que você esteja bem, agora, meu irmão! Que haja paz ao seu redor e muita luz em sua nova morada!

Lécia Freitas


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