Há alguns dias, assistindo ao noticiário local, tive a oportunidade de ver, espantada, algumas imagens da Festa do Frango realizada no Parque de Exposições. Espantada porque, quando falamos em maltrato de animais, como os que a gente vê pela mídia, nunca pensamos que pode estar tão perto. E os adultos ainda levam crianças, que ficam por ali assistindo práticas, à título de esporte, sei lá o quê. Na verdade aprendendo a serem covardes, cruéis.
Eu fico tentando imaginar o sofrimento do animal naquela situação. Há o sofrimento físico devido aos tombos e a força que os peões empregam para subjugar o animal. Objetos que picam e furam, como esporas e ferrões, eu não vi, portanto, não posso afirmar que usam. Mas com certeza, os movimentos feitos pelo peão e pelo próprio animal devem provocar machucados e feridos. Há, também, o sofrimento psicológico, e esse a meu ver, é bem pior. Além de estarem ali num ambiente estranho, fora de seu ambiente natural, no meio de pessoas estranhas, com cheiros estranhos, com barulhos, muitas vezes, ensurdecedores, há a angústia por não reconhecerem a situação, o medo. Devem concordar comigo: é horrível a angústia diante do desconhecido. O medo, em qualquer circunstância. E por que motivo, essa demonstração de força, de pseudo inteligência diante de seres indefesos? Isso é covardia. Alguns dirão: é esporte. E argumentarão que é necessário um alvo móbil para determinadas práticas.
Eu quero acreditar que tanto os pecuaristas quanto os promotores de tais eventos são capazes de inventar, criar algo, algum artefato em substituição aos animais para demonstrar a eficiência habilidades de seus peões. O irônico é que se perguntarem a qualquer um dos envolvidos nesses atos, responderão que gostam muito de animais. Infelizmente não há como mostrar à essas pessoas a crueldade de seus atos, pela própria ignorância de acharem que não estão fazendo nada errado
Isso me faz lembrar Montey Roberts, um norte-americano, com sua história de vida e com seu método de doma sem dor. Alguém pode mencionar o grande número de animais sacrificados em nome da Ciência. Pelo menos há uma desculpa. Totalmente questionável, mas há a desculpa de ser pelo bem da Humanidade. Ah, mas isso traz dinheiro para Pará de Minas! Chegamos ao ponto.
Constatei, tristemente, a mesma situação em Barretos, SP, quando lá estive por ocasião da maior Festa de Peões e Boiadeiros. Realmente, corre muito dinheiro... Cidade grande, com ares de civilizada e DINHEIRO. Não vou chegar à questão filosófica e química de que somos todos, humanos e animais – a natureza – , parte de um todo. Vou me ater ao fato de que com tais procedimentos revelamos a nossa verdadeira face ao retomarmos a selvageria, a barbárie – a besta humana.
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
ANÁLISE DO CONTO URUPÊS DE MONTEIRO LOBATO
INTRODUÇÃO
O BRASIL DE MONTEIRO LOBATO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A situação politica e social do mundo e do Brasil leva o autor a compor a sua obra onde ele retrata os problemas sociais da região do Vale do Paraíba. Ele cria o personagem Jeca Tatu para desmitificar um tipo brasileiro idealizado pelo Romantismo. Com o tempo o escritor percebe a injustiça, porém o rótulo já estava sedimentado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, Emília et al. Novas palavras: volume único : livro do professor / - 2.ed – São Paulo : FTD, 2003. CAMPEDELLI, Samira Youssef; SOUZA, Jésus Barbosa. Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática – volume único – 3.ed. – São Paulo : Saraiva, 2002. CAMPOS, Flávio de. MIRANDA, Renan Garcia. A escrita de história : volume único – 1. Ed. – São Paulo :Escala Educacional, 2005.
Trabalho apresentado à disciplina Literatura Brasileira do Curso de Letras da Faculdade de Pará de Minas como requisito parcial para o 6º Período. Professora Drª. Ana Paula Ferreira
Créditos: 9,5
Este trabalho pretende fazer uma análise do conto Urupês, do livro do mesmo nome, do escritor Monteiro Lobato. Sintetiza, sobremaneira, o conteúdo do livro e dá ênfase ao contexto histórico e às razões pelas quais foi criado. Apresenta, por fim a mudança de opinião do próprio autor sobre a sua obra.
Diante das transformações que aconteciam no mundo e dos graves e complexos problemas políticos e sociais existentes no Brasil, surge o Pré-Modernismo.
O Pré-Modernismo não pode ser considerado como uma escola literária devido ao fato de que não há grupos de escritores seguindo a mesma linha temática ou traços literários. Na verdade, é um período de transição entre as três escolas anteriores e a ruptura dos novos escritores com aquelas escolas. São considerados pré modernistas alguns escritores cujas obras destoam de nossa produção literária do início de século. Esta refletia uma mentalidade artística ainda ligada ao século XIX, na qual os ecos do Realismo-Naturalismo na prosa e do Parnasianismo-Simbolismo na poesia não contribuíam para criações significativas. Em vez disso, tínhamos uma literatura superficial, servilmente submissa a modelos europeus já superados, alienados das questões nacionais. (AMARAL, Emília et al. 2003, 214)
A Europa vivia os preparativos para a primeira grande guerra enquanto no Brasil dominava a política conhecida como “café com leite”, onde os grandes fazendeiros, ou latifundiários dominavam o cenário nacional.
No Nordeste eram grandes as agitações sociais com a Revolta de Canudos descrita por Euclides da Cunha em “Os Sertões, e no Rio de Janeiro a Revolta da Vacina liderada por Osvaldo Cruz e a Revolta da Chibata liderada por João Cândido. Esses e vários outros conflitos marcaram o início do século e colocaram em crise a República Velha.
E assim, os escritores da época, inconformados com a situação do país, denunciam, através de suas obras, os problemas sociais em decorrência do descaso das autoridades governamentais vigentes. A realidade rural brasileira é exposta sem os traços idealizadores do Romantismo. O Brasil de ficção, com seus aspectos positivos da civilização urbana e belezas da Região Sul é substituído pelo Brasil real, com o sertão nordestino, o caboclo do interior e a realidade dos subúrbios.
Monteiro Lobato apresenta a obra Urupês que retrata os problemas sociais do interior paulista, na região do Vale do Paraíba, por meio da caricatura do caboclo sendo essa a temática central. Lobato faz uma literatura de advertência, sob a ótica da caricatura, denunciando a miséria campesina e buscando uma sociedade moderna. Ele expõe a realidade do homem do campo, com a sua miséria, sem o idealismo do Romantismo. (CAMPEDELLI, Samira Youssef; SOUZA, Jésus Barbosa, 2002, 196).
O tempo pode ser considerado como sendo as duas primeiras décadas do século XX, sendo esse o tempo do autor. Há uma cronologia quando o autor lembra Tomé de Sousa e o carregamento de 400 degredados e uns tantos Jesuítas, o Grito de Dom Pedro I, o Decreto da Princesa Isabel, à 13 de Maio e a Proclamação da República em 15 de Novembro porém, esse tempo é psicológico. O espaço é o interior de São Paulo, sendo a cidade de Itaoca mencionada no texto. O conto é escrito na terceira pessoa. A linguagem é coloquial e direta, alguns termos mais rebuscados ou refinados requerem uma consulta ao dicionário. Não se pode dizer ou afirmar que o vocabulário é regional ou se próprio da época. Algumas passagens exigem um conhecimento histórico e literário mais apurado. O autor usa a metonímia, por exemplo em “ E que feias se hão de entrever as caipirinhas cor de jambo de Fagundes Varela! E que chambões e sôrnas os Perís de calça, camisa e faca à cinta!” “Compendia-os um Chernoviz não escrito”. “Quando em princípios da Presidência Hermes andou na balha um recenseamento a Offenbach [...].”
O conto Urupês que dá nome ao livro de Lobato, é do gênero descritivo e narrativo e faz uma critica a dois tipos brasileiros – o índio e o caboclo idealizados pelo Romantismo. Logo no início ao mencionar o personagem Peri, de Alencar, que o idealizou como protótipo da perfeição humana, o autor o contrapõe com o selvagem real, feio e brutesco, incapaz, moralmente, de amar Ceci, segundo os sertanistas modernos. Mesmo assim, foi grande a exploração do tema por diversos autores, até o “público bocejar de farto”. Para o autor, no entanto, o indianismo não morreu. Evoluiu ao se transformar em caboclismo, permanecendo com o mesmo estofo. Ele ironiza ao afirmar que o caboclo é motivo de orgulho para a nação e expõe os motivos que o levam a pensar dessa forma enfatizando a vida cotidiana do caboclo: seus costumes, suas crenças e tradições.
Lobato mostra Jeca Tatu como um indolente, passivo diante de todas as situações e adepto da lei do menor esforço. Põe-se de cócoras e permanece alheio a qualquer acontecimento capaz de mudar-lhe a vida. Sempre a repetir, modorramente, “que não paga a pena”. “O fato mais importante de sua vida é votar no governo” vota sem saber em quem nem porque, mas vota. Alienado, desconhece o sentimento de pátria e não tem sequer a noção do país em que vive.
Jeca tira da natureza o que precisa para sobreviver. Alimentos e matéria-prima para a confecção de alguns utensílios que leva para a feira. Cultivado, só mesmo a mandioca que basta jogar um pedaço de rama na cova, sem mais cuidados. A cana, que adoça, basta torcer a pulso sobre a caneca do café.
A tapera, onde mora, faz gargalhar o joão-de-barro de tão mal feita. A cama é uma esteira, não há mobília ou baús. A roupa, guarda-a no corpo, pois, só tem duas mudas. Como luxo, um banquinho de três pernas, suficiente para o equilíbrio. Com quatro pernas o obrigaria a nivelar o chão. Extremamente preguiçoso, não cuida da própria morada e acredita que como seus pais viveram assim não há necessidade de mudanças.
No aspecto religioso, a manifestação se dá por meio das mais primitivas formas de superstição e magia. “A ideia de Deus e dos Santos torna-se Jeco-cêntrica. São os graúdos lá de cima , os coronéis celestes, debruçados no azul a espreitar-lhe a vidinha e intervir nela...”. “Daí o fatalismo. Se tudo movem os cordéis lá de cima, para que lutar, reagir? Deus quis.”
A medicina anda de parelha com as mais absurdas crendices. A arte não se manifesta. “O caboclo é soturno”.
No último parágrafo, em que Lobato faz uma exaltação da natureza brasileira em que tudo canta e dança, ele apresenta o Jeca Tatu como o único ser vivente que modorra silencioso no recesso das grotas. No meio de tudo, só ele não canta, não ri, não ama. Só ele, no meio de tanta vida, não vive.
Obs.: de acordo com as pesquisas realizadas para a elaboração desse trabalho, foi apurado que depois de ler um documento de sanitaristas Lobato muda de opinião a respeito do que afirmara em seu livro. Depois de algum tempo conscientiza-se que o caboclo fica de cócoras não por indolência, mas por fraqueza motivada pela verminose. Tal imagem denotava debilidade na saúde básica, além da dificuldade de acesso ao estudo e à cultura. O escritor arrependeu-se e admitiu ter sido injusto. O matuto do interior não era preguiçoso geneticamente, porém se encontrava assim devido às doenças epidêmicas, do Brasil, das primeiras décadas do século XX. Entretanto, o rótulo do caboclo já estava sedimentado pela propagação de suas ideias e esse mesmo caboclo já havia assumido essa identidade, que era falsa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A situação politica e social do mundo e do Brasil leva o autor a compor a sua obra onde ele retrata os problemas sociais da região do Vale do Paraíba. Ele cria o personagem Jeca Tatu para desmitificar um tipo brasileiro idealizado pelo Romantismo. Com o tempo o escritor percebe a injustiça, porém o rótulo já estava sedimentado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, Emília et al. Novas palavras: volume único : livro do professor / - 2.ed – São Paulo : FTD, 2003. CAMPEDELLI, Samira Youssef; SOUZA, Jésus Barbosa. Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática – volume único – 3.ed. – São Paulo : Saraiva, 2002. CAMPOS, Flávio de. MIRANDA, Renan Garcia. A escrita de história : volume único – 1. Ed. – São Paulo :Escala Educacional, 2005.
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