Análise do Discurso
Análise do Discurso - trata-se de uma disciplina com origens na França, na década
de 1960, e em 1994. Madidier descreve sua função através das figuras de Jean
Dubois e Michel Pêcheux.
O
projeto da AD se inscreve em um objetivo político e a Linguística oferece meios
para abordar a política.
Na
conjuntura estruturalista, a autonomia da linguagem é reconhecida devido ao
recorte do seu objeto de estudo que é a língua. o estruturalismo de vertente
sausssureana define as estruturas da língua de acordo com a relação que elas estabelecem entre si dentro de um mesmo sistema
lingüístico.
A Linguística
então se impõe com relação às ciências humanas como uma área que confere
cientificidade aos estudos. Dessa forma,
Linguistica então para o projeto althusseriano, aparece assim: Como a
ideologia deve ser estudada em sua materialidade, a linguagem se coloca como
uma via por meio da qual se pode depreender o funcionamento da ideologia.
Já a
Linguística Saussureana fundada sobre a dicotomia língua/fala, permitiu a
constituição da Fonologia, da Morfologia, e da Sintaxe, mas não foi, segundo
Pêcheux, suficiente para permitir a constituição da Semântica, lugar de
contradições da Lingüística. Para Pêcheux, a significação não é
sistematicamente aprendida por ser da ordem da fala, portanto, do sujeito. E
não da ordem da língua, pelo fato de sofrer alterações de acordo com as
posições ocupadas elos sujeitos que enunciam.
A
partir da descoberta do inconsciente por Freud, o conceito de sujeito sofre uma
alteração substancial, seu estatuto de entidade homogênea passa a ser
questionado diante da concepção
freudiana de sujeito clivado, dividido entre consciente e o inconsciente. Lacan
faz uma releitura de Freud, numa tentativa de abordar com mais precisão o
inconsciente.
Lacan
assume que o inconsciente se estrutura como uma linguagem, como uma cadeia de
significantes latente que se repete e interfere no discurso efetivo, como se o
discurso fosse atravessado pelo discurso do Outro, do inconsciente. O inconsciente
é o lugar desconhecido, estranho, de onde emana o discurso do Outro e em
relação ao qual o sujeito ganha identidade. Assim o sujeito é visto como uma
representação. Lacan aborda esse inconsciente, demonstrando que existe uma
estrutura discursiva que é regida por leis.
Saussure
define o sistema linguístico a partir do critério
diferencial, segundo o qual na língua não há mais que diferenças. Não
atribuindo aos elementos do sistema nada de substancial, tomando suas
características independentes das características de outros elementos do
sistema, sem referi-las ou compará-las. Passa-se,
assim, do critério diferencial ao critério relacional, que delimita função do Outro no interior do sistema.
A
definição de cada elemento é uma definição de posição, ou seja, a sua
identidade resulta sempre da relação que um elemento, que ocupa uma determinada
posição inicial no interior do sistema, matem com outro elemento que ocupa uma
posição terminal.
O
sujeito dessubstancializado não está onde é procurado, ou seja, no consciente,
lugar onde reside a ilusão do “sujeito centro” como sendo aquele que sabe o que
diz e o que é, mas pode ser encontrado onde não está, no inconsciente, lugar
onde reside o Outro. Assim a identidade do sujeito lhe é garantida pelo lugar
do Outro, ou seja, por um sistema parental simbólico, como explica Santiago,
que os pais deixam de ser meros semelhantes, para se tornarem lugares na estrutura. Dessa forma, o pai, por
exemplo, pode surgir sob diferentes formas buscadas no imaginário – pai complacente,
pai ameaçador, etc
Essa
relação entre o sujeito e o Outro se apóia na oposição binária de Jakobson,
segundo a qual um remetente, ocupando uma posição inicial no processo de
comunicação, coloca-se em relação comunicativa com um destinatário, que ocupa
uma posição terminal no sistema de comunicação. Ele é apontado como
estruturalista pelo fato de abordar o processo comunicativo como um sistema
composto de elementos – remetente, destinatário, código, mensagem, contexto,
canal – que se relacionam no interior de um sistema fechado e recorrente, como
um circuito comunicativo.
Pode-se
perceber, até aqui, em que sentido Lacan recorre ao estruturalismo mais
especificadamente a Saussure a Jakobson. Há pontos em que divergem os caminhos
do estruturalismo e de Lacan. O primeiro é a inserção do sujeito na estrutura,
e o segundo ponto é a maneira como é concebida a relação do sujeito com o
Outro. Deslocamento que realiza a partir da concepção do processo comunicativo
de Jakobson. O pensamento lacaniano é fundamental neste momento inicial de
fundação da Análise do Discurso, ou seja, em que se pode perceber a relevância
do projeto lacaniano para a AD.
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