Maria Teresa Esteban — Professora
da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense. Pesquisadora do
Grupo Alfabetização dos Alunos e Alunas das Classes Populares (GRUPALFA).
Revista Lusófona de Educação, 13, 2009
Em
um artigo longo e com uma linguagem específica para um determinado grupo a
autora fala da luta longa e constante por
uma escola pública de qualidade para todos e que há uma abertura crescente às
classes populares, mas que isso não ocorre de forma tranquila como eles
desejam, uma vez que a
presença massiva dos sujeitos trazem múltiplas culturas. Diante disso,
as propostas escolares não são bem aceitas,
criando o dilema entre os princípios fundadores da escola de Meirieu (2004) ou constituir novos
princípios, que estejam de acordo com os diferentes contextos, projetos e
características que perpassam a vida escolar cotidiana. Isso porque precisam
encontrar um meio de proporcionar os benefícios efetivos da escolarização para
todos os estudantes.
A
autora afirma que o fracasso existente faz persistir no desafio de se criar uma
escola democrática capaz de ampliar o conhecimento. Para ela a escola tem reconhecer
que existe a diferença entre os
sujeitos, mas não deve aceitar a desigualdade como um fator promocional da
invisibilidades desses sujeitos, dos conhecimentos e dos contextos em que
vivem. As práticas escolares, hoje, universalizadas, tentam fazer acreditar que
o mesmo conhecimento é repassado a todos. No entanto, esse processo nega aquilo
que o aluno traz de suas vivências, como um conhecimento. Aceita-se a
desigualdade, mas não a diferença, e há
uma negação da singularidade de cada um, tornando o sujeito invisível, ao
conformá-lo aos demais. É a captura da alteridade citada pela autora e que deve
ser reconhecido e assumido pela escola, ao repensar nos novos princípios de uma
escola de qualidade para todos.
A
autora aponta que os objetivos fixos expressam aprendizagens hierarquizadas que
reproduzem o outro, padronizando o ser que define a classificação, apagando as
singularidades que não podem ser vistas no processo. O sistema de avaliação,
segundo a autora é um meio de dar legitimidade a um projeto excludente e
invisibilizar a desigualdade como uma de suas principais características. Ela aponta a insuficiência e desigualdade das
condições de escolarização, mas que os parâmetros que conduzem a aferição dos
desempenhos são uniformes e resultam na qualificação/desqualificação dos
sujeitos. Ela lembra ainda que o projeto
de escola guarda princípios que devem ser ressignificados: a igualdade de
direitos, a solidariedade, a participação e a liberdade.
A
autora convida a uma reflexão sobre o
que se pretende como êxito no discurso hegemônico e analisar o discurso sobre o fracasso e os mecanismos
escolares e sociais que o produzem numa perspectiva contra-hegemônica. Ela
argumenta que é preciso tornar claro o que está nas entrelinhas dos
discursos e das práticas pedagógicas que
são utilizadas para transformar as relações de poder em relações de saber. Esse
proceso legitima a negação, a
destruição, a submissão, a produção do outro como uma reprodução de si mesmo, o que a meu ver perpetua a subalternização.
A
autora conclue o artigo reforçando sobre a colonialidade do poder que marginaliza os grupos sociais e que os modelos estruturados da escola,
hoje oferecem um conhecimento que frisam
isso.. Ela sugere uma avaliação consistente em que os sujeitos tenha voz e
visibilidade, falando sobre si mesmos como participantes de processos coletivos
e considerando seu desempenho como um
elemento relevante em determinados contextos.
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