terça-feira, 8 de janeiro de 2019

RESENHA


Maria Teresa Esteban  — Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense. Pesquisadora do Grupo Alfabetização dos Alunos e Alunas das Classes Populares (GRUPALFA). 
Revista Lusófona de Educação, 13, 2009

            Em um artigo longo e com uma linguagem específica para um determinado grupo a autora fala da luta  longa e constante por uma escola pública de qualidade para todos e que há uma abertura crescente às classes populares, mas que isso não ocorre de forma tranquila como eles desejam,   uma vez que  a  presença massiva dos sujeitos trazem múltiplas culturas. Diante disso, as propostas escolares não são bem aceitas,  criando o dilema entre   os princípios fundadores da escola  de Meirieu (2004) ou constituir novos princípios, que estejam de acordo com os diferentes contextos, projetos e características que perpassam a vida escolar cotidiana. Isso porque precisam encontrar um meio de proporcionar os benefícios efetivos da escolarização para todos os estudantes.
            A autora afirma que o fracasso existente faz persistir no desafio de se criar uma escola democrática capaz de ampliar o conhecimento. Para ela a escola tem reconhecer que existe  a diferença entre os sujeitos, mas não deve aceitar a desigualdade como um fator promocional da invisibilidades desses sujeitos, dos conhecimentos e dos contextos em que vivem. As práticas escolares, hoje, universalizadas, tentam fazer acreditar que o mesmo conhecimento é repassado a todos. No entanto, esse processo nega aquilo que o aluno traz de suas vivências, como um conhecimento. Aceita-se a desigualdade, mas não a diferença, e  há uma negação da singularidade de cada um, tornando o sujeito invisível, ao conformá-lo aos demais. É a captura da alteridade citada pela autora e que deve ser reconhecido e assumido pela escola, ao repensar nos novos princípios de uma escola de qualidade para todos.
            A autora aponta que os objetivos fixos expressam aprendizagens hierarquizadas que reproduzem o outro, padronizando o ser que define a classificação, apagando as singularidades que não podem ser vistas no processo. O sistema de avaliação, segundo a autora é um meio de dar legitimidade a um projeto excludente e invisibilizar a desigualdade como uma de suas principais características.  Ela aponta a insuficiência e desigualdade das condições   de escolarização, mas que  os parâmetros que conduzem a aferição dos desempenhos são uniformes e resultam na qualificação/desqualificação dos sujeitos. Ela lembra ainda que  o projeto de escola guarda princípios que devem ser ressignificados: a igualdade de direitos, a solidariedade, a participação e a liberdade.
            A autora convida a uma reflexão sobre  o que se pretende como êxito no discurso hegemônico e analisar  o discurso sobre o fracasso e os mecanismos escolares e sociais que o produzem numa perspectiva contra-hegemônica. Ela argumenta que é preciso tornar claro o que está nas entrelinhas dos discursos  e das práticas pedagógicas que são utilizadas para transformar as relações de poder em relações de saber. Esse proceso legitima  a negação, a destruição, a submissão, a produção do outro como uma reprodução de si mesmo,  o que a meu ver perpetua a subalternização.
            A autora conclue o artigo reforçando sobre a colonialidade do poder que  marginaliza os grupos sociais   e que os modelos estruturados da escola, hoje oferecem um conhecimento que  frisam isso.. Ela sugere uma avaliação consistente em que os sujeitos tenha voz e visibilidade, falando sobre si mesmos como participantes de processos coletivos e considerando seu desempenho como um  elemento relevante em determinados contextos.




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