Era uma forma de vida! E eu não fiz nada por ele. Apenas o
amei com esse amor inútil dos humanos. Nunca irá se aquecer com o calorzinho do
sol nas manhãs deliciosas de abril. Nunca irá se espreguiçar com a luz amarela do
outono. Tampouco vai olhar pela vidraça, o frio deste inverno que se aviznha. Não
se encantará com as borboletas pousadas nas Marias-sem-vergonha do meu quintal,
seguindo-lhes o voo com o olhar enigmático tão próprio. Sequer nos surpreenderá
com o andar elegante e silencioso dos felinos. Não nos cativrá com seu pelo
lustroso e macio. Ou talvez tenha tudo isso (muito mais que eu, que não mereço,
porque não sou pura nem doce), no céu dos gatinhos.
Lécia Freitas
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