sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Era uma forma de vida! E eu não fiz nada por ele. Apenas o amei com esse amor inútil dos humanos. Nunca irá se aquecer com o calorzinho do sol nas manhãs deliciosas de abril. Nunca irá se espreguiçar com a luz amarela do outono. Tampouco vai olhar pela vidraça, o frio deste inverno que se aviznha. Não se encantará com as borboletas pousadas nas Marias-sem-vergonha do meu quintal, seguindo-lhes o voo com o olhar enigmático tão próprio. Sequer nos surpreenderá com o andar elegante e silencioso dos felinos. Não nos cativrá com seu pelo lustroso e macio. Ou talvez tenha tudo isso (muito mais que eu, que não mereço, porque não sou pura nem doce), no céu dos gatinhos.

Lécia Freitas


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