Todos os dias a vida da gente produz histórias. E as recontamos seja para lembrar ou para, ilusoriamente, retardar nosso tempo aqui. Às vezes rimos de nós mesmos, ou choramos quando há uma dor, uma tristeza. Há histórias, no entanto, que por mais as enterremos, sempre estão à flor de nosso espírito trazendo aquilo que num instante nos fez mais vivos, mais latentes. E que continuam a reger nossas vidas, mesmo sendo uma emoção tão funda. Justamente por isso! Não as contamos. Guardamos somente pra nós, como um presente querido, particular, que se quer esconder de todos, para que não se estrague. Para que não se contamine com o cotidiano. E que não seja atravessada por outras histórias, outros atores, permanecendo em sua essência. E que o prazer de lembrá-la deve ser só nosso. Ou como algo tão penoso que se deve esconder para machucar menos. Se fosse possível! Histórias assim são as que nos moldaram, nos forjaram, e entao as carregamos, ainda que seja doloroso, ainda que a contra-gosto. Fazem parte de nós como um terceiro membro, como um espinho a fincar, marcando indelével, nossas vidas.
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