quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

REFLEXO


Enquanto seres que fazem parte de um todo, refletimos e somos refletidos. E assim propagamos o que existe em nós e nos outros. Entretanto, às vezes, somos escolhidos para sermos os instrumentos de nascedouros. Então, nascem em nós sentimentos que existem apenas de um para outro. Apenas uns poucos escolhidos, porque sentimentos assim se nos assemelham a imortais, a eternos. Não nos findamos, enquanto isso existir e somos agraciados com sensações outras que muitos até desacreditam de sua existência, por raras. Esse sentimento, por vezes vem grosso, perceptível, ou dependendo de outras circunstâncias, é delicado (mas não frágil), é sutil (mas não tímido, somente não quer ser invasivo). Depende de quem o sente . E se reflete, embora não seja refletido, quando se mostra. Por respeito se mantém à distância. Pessoas que conseguem alcançar um sentimento dessa magnitude, a ponto de se doarem, de quererem se fundir com a essência do outro, de fazerem da felicidade do outro a própria, pessoas assim são iluminadas. Não porque sentem, mas porque foram escolhidas. E ainda que sofram pela não reciprocidade, pelo não reconhecimento, são gratas porque sabem da própria ressonância com o Universo, com a Natureza. Realmente são escolhidas. E se um ser, perceber-se objeto de um sentimento assim, ah, deve ser grato. Também foi escolhido e deve se perguntar o por quê! Nem sempre será capaz de refletir, isso é para poucos, mas deve o questionamento. E a tentativa sincera e um empenho para evoluir e ser merecedor

Lecia Freitas