quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O amor que eu tive... o meu amor!...

Como sonegar um  amor que diante de tanta saudade, traz um sonho que te inebria, e ao mesmo tempo te atormenta, tão vivo, tão real, e você fica o dia todo pensando naquilo, sentindo até o perfume dele, a textura ,daquela pele que você acariciou e da boca que beijou tantas vezes, com o mesmo frenesi que te faz arrepiar ainda hoje?
Como sonegar esse amor que você viveu e ainda traz escondido, apesar de tudo, com uma doçura, um carinho, que por vezes, fecha os olhos e vai lá no fundo resgatar uma emoção que te faz sentir parte de tudo?

Como sonegar um amor que, depois de tanto tempo, ainda faz você imaginar mãos suavissímas a percorrer curvas num prazer que enlouquece e te retorna à vida?
Como sonegar um amor tão fundo, tão querido, e que te acompanha pela vida afora?

                                                       
                                                                   Lécia Conceição de Freitas

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Perplexidade

Esse texto não é meu, é de Stephanie Ribeiro. Vi no facebook  e resolvi publicar aqui porque achei muito interessante.
Eu creio que o rapaz a quem ela se refere é  um  cantor. Não conheço o caso, pois não tenho costume de seguir ese tipo de notícia como também não quero me ater ao sensacional do fato. Apenas à questão em si, do preconceito. Que eu abomino.

O fato é que: O caso do Thiaguinho é clássico sobre a questão da solidão da mulher negra, quando ele era um homem pobre/desconhecido namorava uma mulher negra, igual o Emicida. Agora que tem sucesso/fama/visibilidade namora uma mulher branca.

Isso é reprodução de racismo e puro machismo. Mulheres são lidas como objetos na sociedade sexista, e nessa hierarquia a mulher negra é um objeto de menor valor que não é compatível como ascensão social, ou a vontade de estar num outro patamar social do homem negro que nesse caso tem o direito de escolha, já que é homem na sociedade que privilegia homens.

Não quero saber quem ama quem, se tem amor ou não. Afinal a maioria das pessoas tem relacionamentos abusivos e doentios, que inclusive nem debatem questões básicas como machismo. Quero que todo mundo ENTENDA, que a solidão da mulher negra não é uma questão individual, e sim coletiva e estrutural que faz com que num país como o nosso mulheres negras sejam maioria em celibato definitivo.
A solidão afetiva, tem inúmeras consequências e afetam desde o psicológico até o comportamento social de mulheres negras.
Não quero saber se o Thiaguinho ama a mulher branca dele, ou se existem mulheres brancas que amam negros... etc etc...
Quero saber pq ninguém ama a mulher negra.
Fim.
Qual a solução para que isso mude? Se eu soubesse já tinha dito, mas não vejo solução próxima enquanto a gente ficar nessa vala da ignorancia negando tanto machismo quanto racismo.

domingo, 2 de agosto de 2015

O Poeta do tempo

O homem que vinha ao entardecer
(Ouvindo “Sonho de Um Camponês”, por Teta Lando)

Falava com devagar, ajeitando as
palavras. Falava com cuidado,
houvesse lume entre as palavras.

Chegava ao entardecer, os sapatos
cheios de terra vermelha e do perfume
dos matos.

Cumpria rigorosamente os rituais.
Batia primeiro as palmas (junto
ao peito)
Depois falava.
Dos bois, das lavras, das coisas
simples do seu dia-a-dia. E todavia
era tal o mistério das tardes quando
assim falava

que doía.

Agualusa, em O coração dos bosques. 1991.