quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

As redes sociais e o ódio

 PODER REAL DE DESTRUIÇÃO

            Desde 2013, com os preparativos para a Copa das Confederações,  devido aos gastos com o dinheiro público e porque uma parcela da população acreditava que o país não estava preparado para esse evento, e com a insatisfação pelo aumento das passagens do transporte público, “estourou uma onda” de protestos, no Brasil. Com o apoio de milhares de participantes, os protestos se estenderam a temas relacionados a problemas sociais e ineficiência dos serviços públicos, entre muitos outros. Cada cidade que aderiu aos protestos, tinha a sua própria pauta.
Devido aos protestos do mundo real, foram verificados enormes prejuízos, em razão dos prédios e ônibus destruídos e danificados, casos de prisões por causa dos excessos, feridos e até morte. Em 2014 os protestos continuaram dessa vez devido à realização da Copa do Mundo, e em 2015, os protestos, agora com teor político, trazem uma verborragia obscena, porém sem violência.
Esses protestos foram conclamados nas redes sociais, onde os mais variados grupos combinaram as ações, segundo o noticiado na época. E foram verificados também nas redes sociais, nesse caso, com a mesma linguagem obscena e altamente ofensiva. Tornou-se praticamente impossível manifestar uma opinião sobre qualquer evento político, ou mesmo referente a temas sociais, principalmente racismo, religião, homofobia, sem que as pessoas contrárias se sintam ofendidas e revidam da forma mais violenta possível. Acredita-se que seria suficiente acender um estopim para a deflagração de uma guerra. Pessoas comuns, em uma rede social, podem manifestar seu rancor, e atingir milhares de pessoas, arrastando-as para o mesmo clima de ódio. Acredita-se, também, que as manifestações deste ano, tiveram volume, devido às conclamações das redes sociais. O ódio foi declarado abertamente, mas não houve violência. Pelo menos, não foi noticiado. Aliás, nas redes sociais, os protestos continuam no mesmo teor, com ataques  verbais do mais baixo calão.
Os primeiros protestos, citados acima, foram de uma violência absurda. No dia seguinte, as cidades pareciam praça de guerra. Houve conclamação, também pelas redes sociais, mas a violência aconteceu, em parte pelos motivos que levaram aos protestos e porque realmente a raiva das pessoas estava ali, no mundo real. Além disso, havia uma simpatia, pelos motivos que levaram aos protestos, de grande parte da população, que aderiu,  o que não ocorre nos protestos seguintes.
O que se pode concluir é que protestos no mundo real são mais destrutivos e podem até surtir efeito, como foi o caso de algumas mudanças reivindicadas nos primeiros protestos. Algumas das mudanças foram atendidas logo que possível outras de acordo com as possibilidades, mas comprovou a validade dos pedidos.
Considera-se que se esses pedidos fossem feitos nas redes sociais, ainda que por milhares de pessoas, não teriam sido atendidos. O que se pode  observar, ao longo desse tempo todo, é que muitos outros temas são relacionados nas redes sociais, e embora haja adesão de milhares, concordando ou refutando, não se percebe nenhuma mobilização de órgãos competentes ou instituições no intuito,  sequer, de analisar o que quer que seja.
Percebe-se, sim que  muitas pessoas que ficam o dia todo na internet insuflando uns contra  os outros, são inconsequentes, e,  talvez,  nem têm uma causa por que lutar. Não se importam realmente com os problemas existentes, querem apenas “causar”. As redes sociais e seus usuários são capazes de espalhar um ódio sem precedentes, terrível, capaz de  fomentar uma guerra, mas o que é real tem maior poder de destruição, e talvez por isso, mais visibilidade. Sendo assim, as reivindicações têm mais chances de serem atendidas.



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