Constitui-se preponderante o papel da escola
na edificação do sujeito, com grande responsabilidade no processo educativo.
A educação acha-se incluída entre os fatores
culturais de um povo, permanecendo subordinada às relações de poder vigente. É reconhecido
que a classe dominante determina o tipo de educação que se pretende para a
nação. Então, o indivíduo que não se enquadra nos requisitos culturais
previamente estabelecidos será considerado sem cultura, sofrendo de “carência”
ou “privação” cultural sendo, portanto,
marginalizado.
Por definição todo grupo social tem um tipo
qualquer de produção cultural, não existindo nenhum com ausência de bens
culturais. O que na verdade acontece são as marcantes diferenças,
não respeitadas pelas metodologias e instrumentos de ensino. A privação
cultural seria então um atributo artificialmente estabelecido, mas que se
constituirá uma barreira social. A consequência mis direta, frente às
desigualdades, será a incapacidade dos jovens de definirem projetos de vida
viáveis, condizentes não só com as aspirações, mas também com a possibilidade
de realização.
Conclui-se, então, que a escola pode educar e
construir, mas, igualmente, pode marginalizar e destruir, favorecendo a
instalação de risco.
Uma das grandes questões vinculadas à escola
tem a ver com a evasão e com o fracasso escolar. Entre as causas sociológicas do fracasso
escolar são apontadas as restrições impostas pelas condições sociais,
econômicas, geográficas e culturais, que favorecem a pobreza.
Existem desvantagens reconhecidas nas classes
menos favorecidas para o desenvolvimento de aptidões intelectuais, pela
diferença de valores que envolvem diretamente a escola. Entre elas destaca-se a
dificuldade de linguagem, principalmente para as minorias étnicas, que devem se
adaptar ao uso de uma língua na qual não aprenderam a se expressar ou mesmo a
pensar.
Problemas relacionados ao atraso escolar
frequentemente ligados à evasão escolar, podem
ser pensados sobre o ponto de vista de dano imediato ou mediato. O imediato
se liga à interrupção do aprendizado, enquanto o mediato leva à impossibilidade
futura de participação plena na
sociedade e perpetuação dos ciclos de pobreza e fome, com projetos medíocres ou
inexistentes.
As causas psicológicas, que não estão obrigatoriamente
relacionadas com as condições socioeconômicas, também são consideradas fatores
de risco, como a instabilidade familiar, a desestruturação que trazem consigo,
a insegurança, o não pertencer, tanto para crianças quanto para adolescentes.
Deve-se ter presente que a aprendizagem tem caráter gradual acumulativo,
podendo os agravos surgidos em qualquer momento da vida comprometer o processo
a partir daquele ponto ou até mesmo definitivamente.
Maria Ignez Saito