A
Psicologia do Movimento
Esta área de conhecimento da psicologia
estuda o desenvolvimento do ser humano em todos os seus aspectos físico-motor,
intelectual, afetivo-emocional e social, desde o nascimento até a idade adulta,
isto é, a idade em que todos esses aspectos atingem o seu mais complexo grau de
maturidades e estabilidade.
Existem várias teorias do desenvolvimento
humano em psicologia. Elas foram construídas a partir de observações, pesquisas
em grupos de indivíduos em diferentes faixas etárias ou em diferentes culturas,
estudos de casos clínicos, acompanhamento de indivíduo desde o nascimento até a
idade adulta. Dentre essas teorias,
destaca-se a do psicólogo e biólogo suíço, Jean Piaget, pela sua produção
contínua de pesquisas, pelo rigor científico de sua produção teórica e pelas
implicações práticas de sua teoria, principalmente no campo da Educação.
O desenvolvimento humano refere-se ao
desenvolvimento mental e ao crescimento orgânico. O desenvolvimento mental é
uma construção contínua, que se caracteriza pelo aparecimento gradativo de
estruturas mentais. Estas são formas de organização da atividade mental que se
vão aperfeiçoando e solidificando até o momento em que todas elas, estando
plenamente envolvidas, caracterizam um estado de equilíbrio superior quanto aos
aspectos da inteligência, vida afetiva e relações sociais.
A PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
Teorias
da aprendizagem:
Existe um grande número de teorias da
aprendizagem. Essas teorias poderiam ser genericamente reunidas em duas categorias:
As teorias
do condicionamento e as teorias
cognitivistas (teorias base).
No primeiro grupo estão as teorias que
definem a aprendizagem pelas suas consequências comportamentais e enfatizam as
condições ambientais como forças propulsoras de aprendizagem.
Aprendizagem é a conexão entre estímulo e a
resposta. Completada a aprendizagem, estímulo e resposta estão de tal modo
unidos que o aparecimento do estímulo evoca a resposta (condicionamento).
No segundo grupo estão as teorias que definem
a aprendizagem como um processo de relação do sujeito com o mundo externo
e que tem consequências no plano da organização interna do conhecimento
(organização cognitiva).
CONTROVÉRSIAS BÁSICAS ENTRE ESSAS CONCEPÇÕES
De maneira geral, poderíamos apontar três
controvérsias.
A primeira refere-se à questão do que é
aprendido e como. Para os teóricos do condicionamento aprendemos hábitos, isto
é, aprendemos a associação entre um estímulo e uma resposta e aprendemos
praticando; para os cognitivistas, aprendemos a relação entre ideias
(conceitos) e aprendemos abstraindo de nossa experiência.
A segunda controvérsia refere-se à questão do
que mantém o comportamento que foi aprendido. Para os teóricos do
condicionamento, o comportamento é mantido pelo sequenciamento de respostas.
Explicando melhor: uma resposta é, na realidade, um conjunto de respostas.
Quando falamos no comportamento de abrir uma porta, é fácil perceber que ele é
composto de diversas respostas intermediárias: pegar a chave na posição certa
para que entre na fechadura, virar corretamente e abaixar então a maçaneta. São
essas diversas respostas que, reforçadas (bem-sucedidas), preparam a etapa
seguinte e mantêm a cadeia de respostas até que o objetivo do comportamento
seja atingido. Para os cognitivistas, o que mantém um comportamento são os
processos cerebrais centrais, tais como a atenção e a memória, que são
integradores dos comportamentos.
A terceira controvérsia refere-se à maneira
como solucionamos uma nova situação-problema (transferência da aprendizagem).
Para os teóricos do condicionamento, evocamos hábitos passados apropriados para
o novo problema e respondemos, quer de acordo com os elementos que o problema
novo tem em comum com outros já aprendidos, quer de acordo com aspectos da nova
situação, que são semelhantes à situação já encontrada. Por exemplo, quando a
criança aprende a dar laço nos sapatos, saberá dar laço em presentes, no
vestido ou na fita do cabelo. Os cognitivistas acreditam que, mesmo no caso de haver toda experiência possível
com as diversas partes do problema, como saber todas as etapas par dar um laço,
isso não garante que a solução do problema seja alcançada.
Seremos capazes de solucionar um problema, se
este for apresentado de uma forma, mas não de outra, mesmo que ambas as formas
requeiram as mesmas experiências
passadas para serem solucionadas. De acordo com os cognitivistas, o
método de apresentação do problema permite uma estrutura perceptual que leva ao insight, isto é, à compreensão interna das relações essenciais do
caso em questão. Por exemplo, quando montamos um quebra-cabeça e percebemos o
lugar de uma peça sem termos feito tentativas anteriormente.
A TEORIA COGNITIVA DA APRENDIZAGEM
Desenvolvimento de alguns conceitos básicos
dessa abordagem através da teoria de David
Ausubel.
Cognição
É o processo através do qual o mundo de
significados tem origem. À medida que o ser de situa no mundo, estabelece
relações de significados, isto é, atribui significados à realidade em que se
encontra.
Esses significados não são entidades estáticas,
mas pontos de partida para a atribuição de outros significados. Tem origem,
então, a estrutura cognitiva (os primeiros significados), constituindo-se nos
pontos básicos de ancoragem dos quais derivam outros significados.
Por exemplo, quando precisamos ensinar à
criança a noção de sociedade, podemos levá-la a dar uma volta no quarteirão e
observar tudo o que lá existe. A criança atribuirá significados aos elementos
dessa experiência e poderá, posteriormente, compreender a sociedade.
O cognitismo está, pois, preocupado com o
processo de compreensão, transformação e utilização das informações no plano da
cognição.
PONTOS DE ANCORAGEM
Os pontos de ancoragem são formados com a
incorporação, à estrutura cognitiva, de elementos (informações ou ideias) relevantes
para a aquisição de novos conhecimentos e com a organização destes, de forma a,
progressivamente, generalizarem-se, formando conceitos. Por exemplo, crianças
pequenas podem, inicialmente, ter contato com sementinhas, que, plantadas num
canteiro, surgem como folhinhas; ter contato com animais, que geram novos
animais; e ainda ter contato com as pedras e a areia da rua. Estes contatos
podem ser explorados até que as crianças
tenham condições cognitivas de
perceber as diferenças entre os seres e, assim, adquirir as noções de seres vivos – vegetais e animais –
e seres inanimados. A partir da aquisição dessas noções básicas, as crianças
estarão aptas a aprender outros conteúdos e a diferenciar e categorizar os
diferentes seres. Podemos, então, dizer que as noções de seres vivos e
não-vivos são pontos de ancoragem para outros conhecimentos.
O exemplo acima poderá dar a impressão de que
falamos de pontos de ancoragem apenas na aprendizagem realizada por crianças. Não
falamos de aprendizagem significativa e de pontos de ancoragem sempre que algum
conteúdo novo deva ser aprendido. Assim, na disciplina de Física, com certeza
seu professor trabalha inicialmente a noção de energia e/ou eletricidade, para
desenvolver outros conteúdos desses conceitos.
E, indo um pouco mais além, podemos dizer que
não estamos falando apenas da aprendizagem que se dá na escola. Pense em alguém
que nunca tenha visto, nem ouvido falar do jogo de futebol, isto é, não tenha
pontos de ancoragem para as informações que lhe chegam através da televisão na
transmissão de uma partida. Com certeza, não entenderá nada ou, aos poucos, com
base em informações que possua de outros jogos, começará a organizar
informações recebidas, vindo mesmo a entender o que se passa.
UMA
TEORIA DE ENSINO: BRUNER
A partir das concepções, como essa se
Ausubel, sobre o processo de aprendizagem, alguns pesquisadores desenvolveram
teorias sobre o ensino, procurando discutir e sistematizar o processo de
organização das condições para a aprendizagem. Entre esses teóricos,
ressaltaremos a contribuição de Jerome Bruner. Esse estudioso concebeu o
processo de aprendizagem como “captar as relações entre os fatos”, adquirindo
novas informações, transformando-as e transferindo-as para as novas situações.
Partindo daí, ele formulou uma teoria de ensino.
O ensino, para Burner, envolve a organização
da matéria de maneira eficiente e significativa para o aprendiz. Assim, o
professor deve se preocupar não só com a extensão da matéria, mas,
principalmente, com sua estrutura.
A
ESTRUTURA DA MATÉRIA
A aprendizagem, que deve ser sempre capaz de
nos levar adiante, está na dependência de como se domina a estrutura da matéria
estudada, isto é, a natureza geral do fenômeno; as ideias mais gerais,
elementares e essenciais da matéria. Para se garantir este “ir adiante”, é
necessário ainda o desenvolvimento de uma atitude de investigação.
Para se dar conta do primeiro aspecto
(estrutura da matéria), Bruner propõe
que os especialistas na disciplinas auxiliem a estruturar o conteúdo de ensino
a partir dos conceitos mais gerais e essenciais e, a partir daí, desenvolvam-no
como uma espiral sempre dos conceitos mais gerais para os particulares,
aumentando gradativamente a complexidade das informações. Por exemplo, em
Física é necessário começarmos pela noção de energia, em Psicologia pela noção
da vida psíquica e em História pelas noções de Homem, Natureza e Cultura.
Quanto à atitude de investigação, Burner
sugere que se utilize o método da descoberta como método básico do trabalho
educacional. O aprendiz tem plenas condições de percorrer o caminho da
descoberta científica, investigando, fazendo perguntas, experimentando e
descobrindo.
O ensino, para Burner, deve estar voltado
para a compreensão das relações entre os fatos, e entre as ideias, única forma
de se garantir a transferencia do conteúdo aprendido para novas situações. Esse
princípio geral norteia a proposta de Burner até no que diz respeito ao
trabalho com o erro do aprendiz. O erro deve ser instrutivo, diz Burner. O professor deverá reconstituir com o aprendiz o caminho de seu
raciocínio, para encontrar o momento do erro e, a partir daí, reconduzi-lo ao
raciocínio correto. Burner ainda postula que “ qualquer assunto pode ser
ensinado com eficiência, de alguma forma
intelectualmente honesta, a qualquer criança, em qualquer estágio de
desenvolvimento”. Para que isso seja possível, é necessário que o professor
apresente a matéria à criança e termos de visualização que ela tem das coisas.
Isto é, a criança poderá aprender qualquer coisa, se a linguagem do professor
lhe for acessível e se seus conhecimentos anteriores lhe possibilitarem a
compreensão do novo conteúdo. O trabalho do professor é um verdadeiro trabalho
de tradução: da linguagem da ciência para a linguagem criança. Para isso,
Burner propõe que o professor se utilize da teoria de Piaget, onde as
possibilidades e limites da criança em cada fase do desenvolvimento estão
claramente definidos.
Burner e Piaget podem auxiliar muito o
professor na organização, mas será sempre necessário que o professor conheça a
realidade de vida de seus alunos, sua classe social, suas experiências de vida,
suas dificuldades, a realidade de sua família, etc. para que o programa possa
ter algum significado e importância para ele; isto é, não basta conhecer
teoricamente o educando, é preciso conhecê-lo concretamente.
Excelente texto, linguagem clara, objetiva e muito relevante. O texto traz informações corretas à respeito da aprendizagem significativa e chama a atenção para elementos essenciais à prática pedagógica de educadores que desejam alcança-la. Gostei bastante.
ResponderExcluirMuito obrigada!
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