Maria
Teresa Esteban
Professora da Faculdade de Educação da Universidade
Federal Fluminense. Pesquisadora do Grupo Alfabetização dos Alunos e Alunas das
Classes Populares (GRUPALFA). Revista Lusófona de Educação, 2009,13, 123-134
REFLEXÕES
SOBRE UMA ESCOLA DE QUALIDADE PARA TODOS
Em
um artigo longo e com uma linguagem específica para um determinado grupo,
utilizando termos sofisticados, a autora
fala da luta longa e constante por uma
escola pública de qualidade para todos e que há uma abertura crescente às
classes populares, mas que isso não ocorre de forma tranquila como eles
desejam, uma vez que a presença
massiva dos sujeitos trazem múltiplas culturas. Diante disso, as propostas
escolares não são bem aceitas, criando o
dilema entre os princípios fundadores
da escola de Meirieu (2004) ou
constituir novos princípios, que estejam de acordo com os diferentes contextos,
projetos e características que perpassam a vida escolar cotidiana. A
autora afirma que o fracasso existente
faz persistir no desafio de se criar uma escola democrática capaz de ampliar o
conhecimento. Para ela a escola tem reconhecer que existe a diferença entre os sujeitos, mas não deve
aceitar a desigualdade como um fator promocional da invisibilidades desses
sujeitos, dos conhecimentos e dos contextos em que vivem. As práticas
escolares, hoje, universalizadas, tentam fazer acreditar que o mesmo
conhecimento é repassado a todos. No entanto, esse processo nega aquilo que o
aluno traz de suas vivências, como um conhecimento. Aceita-se a desigualdade,
mas não a diferença, e há uma negação da
singularidade de cada um, tornando o sujeito invisível, ao conformá-lo aos
demais. É a captura da alteridade citada pela autora e que deve ser reconhecido
e assumido pela escola, ao repensar nos novos princípios de uma escola de
qualidade para todos. A autora aponta que os objetivos fixos expressam
aprendizagens hierarquizadas que reproduzem o outro, padronizando o ser que
define a classificação, apagando as singularidades que não podem ser vistas no
processo educacional. O sistema de avaliação, segundo a autora é um meio de dar
legitimidade a um projeto excludente e invisibilizar a desigualdade como uma de
suas principais características. Ela
aponta a insuficiência e desigualdade das condições de escolarização, mas que os parâmetros que conduzem a aferição dos
desempenhos são uniformes e resultam na qualificação/desqualificação dos sujeitos.
Ela lembra ainda que o projeto de escola
guarda princípios que devem ser ressignificados: a igualdade de direitos, a
solidariedade, a participação e a liberdade.
A
autora convida a uma reflexão sobre o
que se pretende como êxito no discurso hegemônico e analisar o discurso sobre o fracasso e os mecanismos
escolares e sociais que o produzem numa perspectiva contra-hegemônica. Ela
argumenta que é preciso tornar claro o que está nas entrelinhas dos
discursos e das práticas pedagógicas que
são utilizadas para transformar as relações de poder em relações de saber. Esse
proceso legitima a negação, a
destruição, a submissão, a produção do outro como uma reprodução de si
mesmo, o que a meu ver perpetua a
subalternização. Ela conclue o artigo reforçando sobre a colonialidade do poder
que marginaliza os grupos sociais e que os modelos estruturados da escola,
hoje oferecem um conhecimento que frisam
isso.. Ela sugere uma avaliação consistente em que os sujeitos tenha voz e
visibilidade, falando sobre si mesmos como participantes de processos coletivos
e considerando seu desempenho como um
elemento relevante em determinados contextos.
Excelente
artigo! Deve ser lido e analisado por todo o público em geral por conter
questionamentos profundos sobre os posicionamentos da escola diante das
desigualdades existentes e suas práticas no reconhecimento das diferenças, e a
falácia do conhecimento universalizado, que na realidade perpetua uma
colonialidade de um grupo social
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