A questão da água em Pará de Minas perpassa por
fatores políticos e humanos, os quais não nos são dado conhecer, apurar. Nós, a
plebe ignara. Há poucos dias falei sobre isso referindo-me à água desperdiçada
durante o carnaval, quando lavaram a avenida. Porém, acredito que o caso é mais
complicado do que parece. Resta-nos rezar, pedindo aos céus que incuta bom
senso aos responsáveis pela resolução do problema. E que faça bom uso dele.
É
fato que, realmente, a água está bem escassa. A edição da Revista
SuperInteressante, desse mês de março, apresenta uma reportagem extensa e
esclarecedora sobre o assunto. O autor, Salvador Nogueira, faz um estudo, voltando no tempo, para entender as causas das mudanças
climáticas, aqui e em outras partes do mundo. Além disso, ele se baseia em
pesquisas e dados do “Projeto Primo”, coordenado por José Marengo,
climatologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e dos
pesquisadores do Painel Intergovernamental para Mudança Climática (IPCC) órgão
da ONU. Os resultados são alarmantes, assustadores. Não é preciso ser estudioso
ou entendido do assunto para perceber a gravidade da situação. E pelo visto,
não há muito a ser feito. Nesse caso,
também devemos rezar, pedindo clemência pelas “lambanças” e estragos que
fizemos ao planeta, pois, as conseqüências, sem dúvida, podem levar a Humanidade ao mais completo
caos. Naturalmente, uma delas é a falta d’água.
Ainda
assim, existem os céticos. Aqueles que acreditam que a água nunca vai acabar,
que amanhã vai chover e tudo será resolvido. Que o nosso, é um país abençoado,
que essas coisas só acontecem lá fora. Ledo engano.
É fato que a água não vai acabar. Os fatores que possibilitaram a existência da água na Terra não sofrerão um retrocesso. A quantidade de água será sempre a mesma, porém ela será cada vez mais cara. Com o aumento da população e com as consequências de ações estritamente humanas, ficará cada vez mais escassa deixando de existir em algumas regiões o que provocará a desertificação, como já acontece em alguns pontos do Brasil, por exemplo E existem os ignorantes. Vejo, por
toda a cidade, as pessoas armazenando água. Penso que isso, além de ser uma
falta de caridade, é também uma falta de consciência, total, sobre o problema.
Enquanto a água está abastecendo as caixas de reserva nas partes mais
baixas, ela não é suficiente para
alcançar as partes mais altas da cidade. Grande parte da população fica
prejudicada. Além disso, quando se armazena a água, cria-se uma ilusão de “já
que temos de sobra podemos gastar”. Ainda se vê pessoas lavando quintais,
passeios, carros... Aqui, no bairro São José, e em outros, também elitizados, como
a região mais nobre do São Francisco,
além do Centro, é comum vermos água escorrendo pelo meio-fio. E assim, não há economia; não há racionamento,
efetivamente.
A
sociedade deve se lembrar que a saúde está relacionada, intimamente, com a
higiene. As pessoas, sem grandes recursos financeiros, que já lutam com uma
Saúde precária, não têm condições de arcar
com mais esse ônus. Todas aquelas situações vistas pela mídia em regiões do
mundo todo, e mais perto de nós como o Vale do Jequitinhonha, agora é real.
Nesse momento, não vão adiantar doações tais como aquela roupa que você não usa
mais, o brinquedo do filho que cresceu, a cesta de mantimentos dedutível do
Imposto de Renda, etc. É hora de agir com Justiça e pensar no outro, de
verdade. Pense que cada litro d’água que você usa para deixar sua casa, seu
carro, mais cheirosos e confortáveis, pode salvar a vida de alguém.
Lécia Conceição de Freitas
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