A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO SEGUNDO PIAGET
Assimilação e Acomodação
Assimilação e Acomodação
A assimilação é o processo cognitivo pelo qual uma
pessoa integra (classifica) um novo dado perceptual, motor ou conceitual às
estruturas cognitivas prévias (WADSWORTH, 1996). Ou seja, quando a criança tem
novas experiências (vendo coisas novas, ou ouvindo coisas novas) ela tenta
adaptar esses novos estímulos às estruturas cognitivas que já possui. O próprio
Piaget define a assimilação como:
uma integração à estruturas prévias, que podem
permanecer invariáveis ou são mais ou menos modificadas por esta própria
integração, mas sem descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem
destruídas, mas simplesmente acomodando-se à nova situação (PIAGET, 1996).
Isso
significa que a criança tenta continuamente adaptar os novos estímulos aos
esquemas que ela possui até aquele momento. Por exemplo, imaginemos que uma
criança está aprendendo a reconhecer animais, e até o momento, o único animal
que ela conhece e tem organizado esquematicamente é o cachorro. Assim, podemos
dizer que a criança possui, em sua estrutura cognitiva, um esquema de cachorro.
Pois
bem, quando apresentada, a essa criança, um outro animal que possua alguma
semelhança, como um cavalo, ela a terá também como cachorro (marrom,
quadrúpede, um rabo, pescoço, nariz molhado, etc.).
Notadamente,
ocorre, neste caso, um processo de assimilação, ou seja a similaridade entre o
cavalo e o cachorro (apesar da diferença de tamanho) faz com que um cavalo
passe por um cachorro em função da proximidades dos estímulos e da pouca variedade
e qualidade dos esquemas acumulados pela criança até o momento. A diferenciação
do cavalo para o cachorro deverá ocorrer por um processo chamado de acomodação. Ou seja, a criança, apontará para o cavalo e dirá "cachorro"
. Neste momento, uma adulto intervém e corrige, "não, aquilo não é um
cachorro, é um cavalo". Quando corrigida, definindo que se trata de um
cavalo, e não mais de um cachorro, a criança, então, acomodará aquele estímulo
a uma nova estrutura cognitiva, criando assim um novo esquema. Esta criança tem
agora, um esquema para o conceito de cachorro e outro para o conceito de
cavalo.
Entrando agora na operação
cognitiva da acomodação, com uma definição dada por PIAGET (1996) em que ele diz chamar acomodação (por analogia com os
"acomodatos" biológicos) toda modificação dos esquemas de assimilação
sob a influência de situações exteriores (meio) ao quais se aplicam.
Assim, a acomodação acontece
quando a criança não consegue assimilar um novo estímulo, ou seja, não existe
uma estrutura cognitiva que assimile a nova informação em função das
particularidades desse novo estímulo. Diante desse impasse, restam apenas duas
saídas: criar um novo esquema ou modificar um esquema existente. Ambas as ações
resultam em uma mudança na estrutura cognitiva. Ocorrida a acomodação, a
criança pode tentar assimilar o estímulo novamente, e uma vez modificada a
estrutura cognitiva, o estímulo é prontamente assimilado.
WADSWORTH
(1996) diz que A acomodação explica o
desenvolvimento (uma mudança qualitativa), e a assimilação explica o
crescimento (uma mudança quantitativa); juntos eles explicam a adaptação
intelectual e o desenvolvimento das estruturas cognitivas. PIAGET (1996),
quando expõe as ideias da assimilação e da
acomodação, no entanto, deixa claro que da mesma
forma como não há assimilação sem acomodações (anteriores ou atuais), também
não existem acomodações sem assimilação. Essa declaração de Piaget
significa que o meio não provoca simplesmente o registro de impressões ou a
formação de cópias, mas desencadeia ajustamentos ativos.
Procurando
elucidar essas declarações, quando se fala que não existe assimilação sem
acomodação, significa que a assimilação de um novo dado perceptual, motor ou
conceitual se dará primeiramente em esquemas já existentes, ou seja, acomodados
em fases anteriores. E quando se fala que não existem acomodações sem
assimilação, significa que um dado perceptual, motor ou conceitual é acomodado
perante a sua assimilação no sistema cognitivo existente. É neste contexto que
PIAGET (1996) fala de "acomodação de esquemas de assimilação".
Partindo da ideia de que
não existe acomodação sem assimilação, podemos dizer que esses esquemas
cognitivos não admitem o começo absoluto (PIAGET, 1996), pois derivam sempre,
por diferenciações sucessivas, de esquemas anteriores. E é dessa maneira que os
esquemas se desenvolvem por crescentes equilibrações e auto-regulações.
Segundo WAZLAVICK (1993), pode-se dizer que a adaptação é um equilíbrio
constante entre a assimilação e a acomodação.
De uma forma bastante simples,
WADSWORTH (1996) escreve que durante a assimilação, uma pessoa impõe sua
estrutura disponível aos estímulos que estão sendo processados. Isto é, os
estímulos são "forçados" a se ajustarem à estrutura da pessoa. Na
acomodação o inverso é verdadeiro. A pessoa é "forçada" a mudar sua
estrutura para acomodar os novos estímulos.
Assim, de acordo com a
teoria construtivista, a maior parte dos esquemas, em lugar de corresponder a
uma montagem hereditária acabada, constroem-se pouco a pouco, e dão lugar a
diferenciações, por acomodação às situações modificadas, ou por combinações
(assimilações recíprocas com ou sem acomodações novas) múltiplas ou variadas.
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