segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

TRABALHANDO A ALFABETIZAÇÃO E O LETRAMENTO


            Ao se iniciar na alfabetização, a criança, desde que possua os orgãos da fala e da audição em perfeitas condições,  é um falante capaz de  entender e se comunicar nas diversas situaçãos e práticas sociais do meio linguístico em que está inserida.
            No entanto, segundo Bezerra (2012) nem sempre a  escola parte desse  pressuposto que a criança já possui conhecimentos  adquiridos por meio da vivência em seu cotidiano.  A escola parte de um abecedário e de uma fala completamente estranha à criança, o que torna para ela um desafio à sua capacidade de realização.
            Ainda de acordo com Bezerra:
Alfabetização é o processo que permite a aprendizagem coletiva e simultânea dos elementos da leitura e da escrita. É, primordialmente, a aprendizagem da escrita e da leitura.
Letramento é o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita (BEZERRA, 2012, p.1).
            Considera-se que é fundamental que o educador avalie o conhecimento prévio dos seus alunos, consoante com Lopes, Abreu e Matos (2010). Esses autores  recomendam que o educador competente deve conhecer a gênese da leitura e sugerem  Emília Ferreiro e Ana Teberosky, que contribuem em  seus estudos com estratégias para mediar as intervenções e atividades necessárias visando obter sucesso no processo de alfabetização.
            Em seus estudos Lopes, Abreu e Matos (2010) afirmam que o processo de alfabetização e letramento devem ser iniciados ao mesmo tempo e que para isso o aluno deve ser inserido num ambiente propício. Não é necessário que o aluno saiba ler e escrever para dar início à leitura. É fundamental trabalhar a oralidade, utilizando, por exemplo, os textos que pertencem à tradição oral como cantigas, parlendas, quadrinhas etc.  Nesse caso, o professor deve cuidar que os textos sejam adequados, próprios das brincadeiras infantis e com comprometimento lúdico. Esses autores ainda sinalizam que, no caso da oralidade, o professsor deve estar atento, a não discriminar alunos que porventura utilizam uma linguagem adquirida em um meio social menos favorecido, devendo respeitar essa linguagem. E que a aprendizagem de  qualquer conteúdo deve começar com práticas orais.
            Segundo Piaget, apud Bezerra (2012, p.1), as crianças oriundas de  camadas populares  necessitam ser incentivadas a falar de acordo com a norma culta.  É imitando e falando que podem ampliar o vocabulário e assim   aumentar a sua visão do mundo. Para Bezerra (2012) falar exercita a expressão de idéias e amplia o mundo mental, o que resulta em maiores possibilidades da criança  analisar e transformar a própria realidade.
            Considera-se, de acordo com Bezerra (2012, p.1) que para entender como a língua funciona, a escola deve ensinar a fala. “Na verdade, uma língua vive na fala das pessoas e dessa forma se realiza plenamente. A vida da língua está na fala”. A autora conclue que a fala, tratando-se de crianças é um “desenvolvimento psicológico”, não sendo apenas um processo “cultural e politico”.
 A linguagem verbal exercita o pensamento, socializa, desenvolve o pensamento simbólico e operatório, coloca a criança em conflito com outras linguagens, organiza a sua mente, interpreta o mundo, expressa sentimentos (BEZERRA, 2012, p.1).
            De acordo com  Freitas (2005) “para aprender a ler e escrever, o indivíduo necessita entender a relação estabelecida entre fala e escrita e conhecer o sistema de regras da escrita”. É necessário que ela adquira a consciência fonológica que  “envolve o reconhecimento pelo indivíduo de que as palavras são formadas por diferentes sons e que esses podem ser manipulados”. A autora explica que consciência fonológica é a consciência das rimas e aliterações, consciência das sílabas, e a consciência de fonemas. O que nos reporta novamente aos textos orais como os já citados.
            Reporta também à necessidade do professor compreender profundamente a gênese da língua  e os métodos de alfabetização que lhe darão os subsídios fundamentais para as atividades em sala de aula, e no espaço escolar.
             Considera-se que, além disso, o professor deve  criar relações capazes  de transmitir ao aluno confiança em sua própria capacidade. A criança, assim como todos nós, precisa do sentimento de realização e reconhecimento. Cabe ao professor e à escola elaborar condições para que a criança se sinta acolhida e motivada! 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEZERRA, Geiza Lopes. Reflexões sobre Alfabetização de Emilia Ferrero na Prática Pedagógica. Webartigos. 2012. Disponível em:
<https://www.webartigos.com/artigos/reflexoes-sobre-alfabetizacao-de-emilia-ferrero-na-pratica-pedagogica/82821>.
Acesso em 25 fev. 2018.

FREITAS, Gabriela C. M. de.  Alfabetização: afinal o que é que está acontecendo? Oficina de Alfabetização —SEC/PUC 2005. Disponível em:
<http://servicos.educacao.rs.gov.br/dados/ens_fund_gabriela_apres.pdf>.
Acesso em 25 fev. 2018.

LOPES, Janine Ramos. Caderno do educador : alfabetização e letramento 1 / Janine Ramos Lopes, Maria Celeste Matos de Abreu, Maria Célia Elias Mattos. – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2010. 68 p. : il. -- (Programa Escola Ativa). Disponível em:
Acesso em 25 fev. 2018.


Nenhum comentário:

Postar um comentário