4 METODOLOGIA
Para
a realização da presente pesquisa sobre a estruturação da linguagem poética em Grande
Sertão : Veredas
foram utilizadas, para estudos, obras de
autores renomados, assim como artigos em sítios eletrônicos e outras
publicações em revistas e anais
eletrônicos, de diversos autores, contendo análises sobre a referida obra. Essa
pesquisa de cunho bibliográfico teve por objetivo conhecer algumas das
principais e diferentes contribuições de estudiosos sobre o tema.
Na
internet foi encontrado um grande
volume de artigos e obras, de análises sobre Grande Sertão: Veredas, sendo necessário um rigor na seleção do que
seria relevante para realizar a
pesquisa. Por meio de palavras-chave, em uma pesquisa por abrangência, foram feitas diversas buscas por artigos que continham estudos sobre o assunto. Em seguida, foi
analisado detalhadamente o conteúdo desses artigos. O próximo passo, a pesquisa
por profundidade, com uma seleção de
novas palavras-chaves, acarretou uma análise mais primorosa dos artigos obtidos.
O
material reunido foi investigado e analisado na coleta de informações e
apreensão de conhecimentos através de uma leitura sistematizada sobre o assunto
propiciando o embasamento para a elaboração do trabalho. Para esta análise buscou-se uma abordagem em
forma de pesquisa qualitativa, com a finalidade de adquirir uma consciência
crítica e despertar um espírito cientifico de pesquisador. Através de um caráter exploratório, tencionou-se desenvolver
entendimentos concebidos sobre a obra em análise objetivando alcançar deduções oriundas
de uma reflexão avaliativa dos pontos relevantes a respeito da estrutura da linguagem
poética e que interessavam para esse estudo. Dessa maneira, pretendeu-se elucidar os
objetivos enumerados e contribuir para as questões do âmbito proposto, bem como
acrescentar observações enriquecedoras sobre a obra Grande Sertão: Veredas.
Para
realizar a pesquisa bibliográfica foram analisadas obras como Curso de Linguística Geral de Ferdinand Saussure em que ele apresenta os pressupostos teórico-metodológicos da Linguística
Moderna e que terminaram por influenciar outras ciências humanas. Nessa obra ele define as quatro
dicotomias que afirma existirem na fala. Para a presente pesquisa focalizou-se
o estudo da dicotomia língua x fala. Embora não fosse de interesse, nesse
trabalho, aprofundar nessa questão, foi de fundamental importância o estudo da
obra de Saussure, uma vez que suas
teorias fundaram a ciência da Linguistica
e possibilitam o embasamento científico por comprovarem as ideias e
conceitos em estudos dessa natureza.
Outra obra analisada foi Questões
de Literatura e Estética, de
Mikhail Bakhtin, que defende o caráter social da língua como Saussure, porém,
assentada na necessidade de comunicação. Em seus estudos, Bakhtin distingue o discurso como fundamental no ato
de comunicar-se. Na obra analisada, esse autor afirma que o romance
é uma diversidade social de linguagens organizadas artisticamente, o que
resulta na estilística. Nesse sentido, foi possível entender que a linguagem
criada por Guimarães Rosa é o seu estilo e que representa a sua consciência
ideológica num determinado momento social e histórico em que o autor renova a
língua valorizando a cultura sertaneja.
Para
o entendimento da estrutura poética roseana foi analisado o capítulo “Existe
uma escrita poética?” da obra O Grau Zero de Roland Barthes, no qual ele
defende que a poesia é sempre diferente da prosa. Essa diferença não é de essência,
mas de qualidade e que não atenta contra a linguagem por ser essa um dogma
clássico. Para Barthes a língua encerra toda a criação literária e que o
escritor nada retira dela, pois, para ele a língua está aquém da Literatura e o
estilo quase além porque as imagens, um fluir, um léxico nascem do corpo e do
passado do escritor e se tornam, pouco a pouco, os automotivos mesmos de sua
arte.
Analisou-se,
também, a obra Estrutura da Linguagem Poética de Jean Cohen, em que
o autor afirma que a poesia constitui uma forma de linguagem destinada a
desempenhar uma função específica de comunicação. Para ele essa especificidade
é de ordem estrutural e que acontece pelo tipo particular de relações que a
poesia institui entre os elementos do
sistema linguístico. A análise estrutural dos procedimentos característicos da
linguagem poética revela, neles, um caráter paradoxal em que se apresentam como
uma violação sistemática da linguagem comum, ou seja o desvio linguístico.
Porém, esse desvio permite ao poeta colocar em ação o mecanismo universal de
compensação – a metáfora – que permite à poesia transmitir um significado de
outra ordem e cumprir assim sua função especifica.
Lécia Freitas
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