sábado, 17 de janeiro de 2015

Canção da vez primeira

Guardei-me para ti como um segredo
que eu mesma não desvendei:
há notas na minha viola
que não toquei,
há praias na minha vida
que não andei.

É preciso que me tomes
além do riso e do olhar
naquilo que não conheço
e adivinhei;
é preciso que me cantes
a canção do que serei
e me cries com teu gesto
que nem sonhei.

 Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.


A palavra do Poeta!


Senti que o tempo é apenas um fio. Nesse fio vão sendo enfiadas todas as experiências de beleza e de amor por que passamos. Aquilo que a memória amou fica eterno. Um pôr do sol, uma carta que recebemos de um amigo, os campos de capim-gordura brilhando ao sol nascente, o cheiro do jasmim, um único olhar de uma pessoa amada, a sopa borbulhante sobre o fogão de lenha, as árvores do outono, o banho da cachoeira, mãos que seguram, o abraço do filho: houve muitos momentos de tanta beleza em minha vida que eu disse: ‘Valeu a pena eu haver vivido toda a minha vida só para poder ter vivido esse momento. Há momentos efêmeros que justificam toda uma vida’.

 Rubem Alves, em “Do universo à jabuticaba”. São Paulo: Planeta do Brasil, 2010, p. 144.

Análise de Discurso ---- 2

A Especificidade para a Análise de Discurso  

            De acordo com estudiosos, a Linguística possui dois núcleos: um “rígido”  que está em contato com a Sociologia, Psicologia, Filosofia, etc. Esse núcleo se ocupa da língua como se ela fosse apenas um conjunto de regras e propriedades formais, ou seja, não considera a língua produzida em outras estruturas históricas e sociais. O outro núcleo que se diz “instáveis”, ao contrário, se refere à linguagem produzida em outras conjunturas históricas. A Análise do Discurso pertence a essa última região, o que não significa que para ela a linguagem não apresente também um caráter formal. A AD tem uma base linguística regida por leis internas (morfológicas, fonológicas, sintáticas), sobre a qual se constituem os efeitos de sentido. Um dos efeitos de sentido que a AD se interessa é o da ambiguidade. Veja este diálogo:
STOCK: - Vinte anos atrás eu viva na base de sexo, drogas e rock’n roll!
WOOD: - Eu também!
STOCK: - Passava noite e dia viajando com ácido, escutando Jefferson Airplane...
WOOD: - Eu também!
STOCK: -...E fazendo sexo com  Bete Speed, minha noiva!
WOOD: - Eu também!
(Chiclete com Banana/Angeli)

            Na tirinha, a fala dos dois personagens possui um sentido de ambiguidade. Em termos linguísticos o que permite essa ambiguidade é a presença do pronome possessivo da 1ª pessoa “minha”. Outra questão é o advérbio “também” na expressão “Eu também”.
            A pergunta que os analistas de discurso fariam seria: por que essa ambiguidade gera riso? Mas para a AD seria pouco. A pergunta subsequente seria essa: qual o efeito da ambiguidade? A resposta reside na relação que os analistas de discurso procuram estabelecer entre um discurso e suas condições de produção, ou seja, entre um discurso e as condições sociais e históricas que permitiram que ele fosse produzido e gerasse determinados efeitos de sentido  não outros.
            É preciso esclarecer que, ao falarmos de especificidade da AD, que não há apenas uma Análise de Discurso. Classicamente considera-se “uma” que mantém relação privilegiada com a História, enquanto “outra”  privilegia a relação com a Sociologia. A Análise de Discurso que privilegia a História é de origem francesa e a que privilegia a Sociologia é anglo-saxã. Há, entre as duas linhas, uma diferença teórica: a AD anglo-saxã ou americana considera a intenção dos sujeitos numa interação verbal e a AD francesa considera que esses sujeitos são condicionados por uma determinada ideologia que predetermina o que poderão ou não dizer em determinadas conjunturas histórico-sociais.

            Apesar das divergências, há um elemento comum entre as AD e diz respeito à própria especificidade da AD: é o estudo da discursivização, ou seja, o estudo das relações entre condições de produção dos discursos e seus processos de constituição.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Resumo

O fazer docente

            A atuação de professores é um tema amplamente discutido pelos profissionais da área. Isso porque a escola é fundamental na vida das pessoas. Daí a importância de se ter professores e ensino com qualidade.  A docência exige preparo, atenção e dedicação.
            O que se pode observar é que parte das discussões sobre a  Educação, atualmente, não se limita apenas em como levar o aluno até a escola, mas o que fazer para que ele permaneça no espaço escolar  e  como aperfeiçoar a sua aprendizagem.
            Nesse contexto, a formação de professores é um assunto de extrema importância já que resultados no processo ensino-aprendizagem dependem, em parte, da atuação do professor.  Essa formação deve se validar na teoria e na prática, principalmente para aqueles que vão atuar na Educação Infantil em que  é indispensável observar o desenvolvimento integral da criança. O educador, nesse caso, deve estar ciente que a prática pedagógica e o cuidar são indissociáveis.
            Os professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental, também deverão pontuar seu trabalho com versatilidade, uma  vez  que vão receber crianças ainda pequenas que devem ser reconhecidas com suas  singularidades e individualidades no campo social, além da aprendizagem dos conteúdos  curriculares.
            Os estudantes de pedagogia se deparam, ao longo do curso com teorias que vão embasar o seu trabalho. Nesse processo de formação, ele  deve refletir sobre as teorias  e transformar todo esse saber em práticas para o fazer docente. Considerando a realidade dos alunos.
            Diante disso, pode-se asseverar a validade de aliar a teoria à prática, uma vez que aquela  representa o conhecimento cientifico que  fundamenta o  processo educacional, levando o professor a refletir sobre suas ações com o objetivo de compreendê-las em seu movimento histórico social.

            No entanto deve-se considerar que somente  pelas próprias vivências  será possível um repensar crítico e construtivo, no sentido de contribuir para a formação  do aluno como um sujeito pensante.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Sobre a ANÁLISE DO DISCURSO --- 1



 Análise do Discurso

             Análise do Discurso - trata-se de uma disciplina com origens na França, na década de 1960, e em 1994. Madidier descreve sua função através das figuras de Jean Dubois e Michel Pêcheux.
            O projeto da AD se inscreve em um objetivo político e a Linguística oferece meios para abordar a política.
            Na conjuntura estruturalista, a autonomia da linguagem é reconhecida devido ao recorte do seu objeto de estudo que é a língua. o estruturalismo de vertente sausssureana define as estruturas da língua de acordo com  a relação que elas estabelecem  entre si dentro de um mesmo sistema lingüístico.
            A Linguística então se impõe com relação às ciências humanas como uma área que confere cientificidade aos estudos. Dessa forma,  Linguistica então para o projeto althusseriano, aparece assim: Como a ideologia deve ser estudada em sua materialidade, a linguagem se coloca como uma via por meio da qual se pode depreender o funcionamento da ideologia.
            Já a Linguística Saussureana fundada sobre a dicotomia língua/fala, permitiu a constituição da Fonologia, da Morfologia, e da Sintaxe, mas não foi, segundo Pêcheux, suficiente para permitir a constituição da Semântica, lugar de contradições da Lingüística. Para Pêcheux, a significação não é sistematicamente aprendida por ser da ordem da fala, portanto, do sujeito. E não da ordem da língua, pelo fato de sofrer alterações de acordo com as posições ocupadas elos sujeitos que enunciam.
            A partir da descoberta do inconsciente por Freud, o conceito de sujeito sofre uma alteração substancial, seu estatuto de entidade homogênea passa a ser questionado diante  da concepção freudiana de sujeito clivado, dividido entre consciente e o inconsciente. Lacan faz uma releitura de Freud, numa tentativa de abordar com mais precisão o inconsciente.
            Lacan assume que o inconsciente se estrutura como uma linguagem, como uma cadeia de significantes latente que se repete e interfere no discurso efetivo, como se o discurso fosse atravessado pelo discurso do Outro, do inconsciente. O inconsciente é o lugar desconhecido, estranho, de onde emana o discurso do Outro e em relação ao qual o sujeito ganha identidade. Assim o sujeito é visto como uma representação. Lacan aborda esse inconsciente, demonstrando que existe uma estrutura discursiva que é regida por leis.
            Saussure define o sistema linguístico a partir do critério diferencial, segundo o qual na língua não há mais que diferenças. Não atribuindo aos elementos do sistema nada de substancial, tomando suas características independentes das características de outros elementos do sistema, sem referi-las ou compará-las.            Passa-se, assim, do critério diferencial ao critério relacional, que delimita  função do Outro no interior do sistema.
            A definição de cada elemento é uma definição de posição, ou seja, a sua identidade resulta sempre da relação que um elemento, que ocupa uma determinada posição inicial no interior do sistema, matem com outro elemento que ocupa uma posição terminal.
            O sujeito dessubstancializado não está onde é procurado, ou seja, no consciente, lugar onde reside a ilusão do “sujeito centro” como sendo aquele que sabe o que diz e o que é, mas pode ser encontrado onde não está, no inconsciente, lugar onde reside o Outro. Assim a identidade do sujeito lhe é garantida pelo lugar do Outro, ou seja, por um sistema parental simbólico, como explica Santiago, que os pais deixam de ser meros semelhantes, para se tornarem lugares  na estrutura. Dessa forma, o pai, por exemplo, pode surgir sob diferentes formas buscadas no imaginário – pai complacente, pai ameaçador, etc
            Essa relação entre o sujeito e o Outro se apóia na oposição binária de Jakobson, segundo a qual um remetente, ocupando uma posição inicial no processo de comunicação, coloca-se em relação comunicativa com um destinatário, que ocupa uma posição terminal no sistema de comunicação. Ele é apontado como estruturalista pelo fato de abordar o processo comunicativo como um sistema composto de elementos – remetente, destinatário, código, mensagem, contexto, canal – que se relacionam no interior de um sistema fechado e recorrente, como um circuito comunicativo.
            Pode-se perceber, até aqui, em que sentido Lacan recorre ao estruturalismo mais especificadamente a Saussure a Jakobson. Há pontos em que divergem os caminhos do estruturalismo e de Lacan. O primeiro é a inserção do sujeito na estrutura, e o segundo ponto é a maneira como é concebida a relação do sujeito com o Outro. Deslocamento que realiza a partir da concepção do processo comunicativo de Jakobson. O pensamento lacaniano é fundamental neste momento inicial de fundação da Análise do Discurso, ou seja, em que se pode perceber a relevância do projeto lacaniano para a AD.


sábado, 22 de novembro de 2014

É sagrado, o sonho que nos move

O poema não é meu, a foto também não, nem tampouco a casa. Mas poderiam ser. A esperança é igualitária.Nivela sentimentos, sonhos... Quem sabe, um dia...


Poema para uma casinha

Minha casa é bela...Tão bela!
Tem paredes envelhecidas, tem flores na janela...
Tem sorrisos abrindo a porta, tem jardim, tem horta,...
É até meio torta, mas minha casinha é bela...
Não tem varanda, tampouco tem arandela,
mas é assim, bem assim, que gosto dela.
Tão bonitinha e simples minha casinha,
mas tem aconchego, alegria e ternura...
Tem pão, amor, paz e alegria com fartura. 
Minha casa é arejada de abraços na entrada,
e nela a simplicidade resolveu fazer morada...
Tem telhado todo tosco, a sala é de reboco,
mas duvido, seu moço, se há casa mais bela!
E até hoje não sei, lhe digo com franqueza ;
Se é mais feliz quem vive aí rodeado de riqueza,
ou se sou eu aqui na minha casinha singela
Tão pobre, mas tão alegre, tão perfeita e tão bela!

                                                        Linda Lacerda


                                                                       Eu vi aqui

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Amor que transborda...


Este texto, meu filho, João Vítor, me dedicou ao publicar no Facebook. Coração está que nem surda mão de pilão no peito. Obrigada, filho!


Só passei pra lhe dizer que...
Por mais que o tempo passe
E as estações se movam,
Ainda será minha estrela,
A mais linda, a mais radiante...
Será pra mim sempre bela,
Sempre amiga.
Podem todos me crucificar,
Mas sei que saberás a verdade
E com todas suas forças irá me defender
Como ninguém me defenderia.
Está presente em todos os felizes e tristes momentos.
Está sempre forte para vencer mais um desafio.
Por mais que eu cresça e amadureça,
Sempre serei seu fruto,
E orgulho total de minha raiz...
Te amo de forma insubstituível,
És robusto meu amor
És sincero meu afeto.
Trouxe-me ao mundo,
Agüentou toda dor
E sorriu ao me ver pela primeira vez.
Com muito carinho estou a pensar em você,
Pois de carinho me alimenta.
Minha mãe querida
Da mesma forma que deseja a mim saúde e felicidade,
Desejo-te também com toda certeza que tenho,
Em nome do grande valor que tem pra mim,
Te Amo Minha Mãe!!!