Ao se iniciar na
alfabetização, a criança, desde que possua os orgãos da fala e da audição em
perfeitas condições, é um falante capaz
de entender e se comunicar nas diversas
situaçãos e práticas sociais do meio linguístico em que está inserida.
No entanto, segundo
Bezerra (2012) nem sempre a escola parte desse pressuposto que a criança já possui
conhecimentos adquiridos por meio da
vivência em seu cotidiano. A escola
parte de um abecedário e de uma fala completamente estranha à criança, o que
torna para ela um desafio à sua capacidade de realização.
Ainda
de acordo com Bezerra:
Alfabetização é o processo que permite a aprendizagem
coletiva e simultânea dos elementos da leitura e da escrita. É,
primordialmente, a aprendizagem da escrita e da leitura.
Letramento é o resultado da ação de ensinar ou de
aprender a ler e escrever: o estado ou condição que adquire um grupo social ou
um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita (BEZERRA, 2012,
p.1).
Considera-se
que é fundamental que o educador avalie o conhecimento prévio dos seus alunos,
consoante com Lopes, Abreu e Matos (2010). Esses autores recomendam que o educador competente deve
conhecer a gênese da leitura e sugerem Emília
Ferreiro e Ana Teberosky, que contribuem em
seus estudos com estratégias para mediar as intervenções e atividades
necessárias visando obter sucesso no processo de alfabetização.
Em seus estudos Lopes,
Abreu e Matos (2010) afirmam que o processo de alfabetização e letramento devem
ser iniciados ao mesmo tempo e que para isso o aluno deve ser inserido num
ambiente propício. Não é necessário que o aluno saiba ler e escrever para dar
início à leitura. É fundamental trabalhar a oralidade, utilizando, por exemplo,
os textos que pertencem à tradição oral como cantigas, parlendas, quadrinhas
etc. Nesse caso, o professor deve cuidar
que os textos sejam adequados, próprios das brincadeiras infantis e com
comprometimento lúdico. Esses autores ainda sinalizam que, no caso da
oralidade, o professsor deve estar atento, a não discriminar alunos que
porventura utilizam uma linguagem adquirida em um meio social menos favorecido,
devendo respeitar essa linguagem. E que a aprendizagem de qualquer conteúdo deve começar com práticas
orais
Segundo
Piaget, apud Bezerra (2012, p.1), as
crianças oriundas de camadas populares necessitam ser incentivadas a falar de acordo
com a norma culta. É imitando e falando
que podem ampliar o vocabulário e assim
aumentar a sua visão do mundo. Para Bezerra (2012) falar exercita a
expressão de idéias e amplia o mundo mental, o que resulta em maiores
possibilidades da criança analisar e
transformar a própria realidade.
Considera-se,
de acordo com Bezerra (2012, p.1) que para entender como a língua funciona, a
escola deve ensinar a fala. “Na verdade, uma língua vive na fala das pessoas e
dessa forma se realiza plenamente. A vida da língua está na fala”. A autora
conclue que a fala, tratando-se de crianças é um “desenvolvimento psicológico”,
não sendo apenas um processo “cultural e politico”.
A linguagem verbal exercita o
pensamento, socializa, desenvolve o pensamento simbólico e operatório, coloca a
criança em conflito com outras linguagens, organiza a sua mente, interpreta o
mundo, expressa sentimentos (BEZERRA, 2012, p.1).
De acordo
com Freitas (2005) “para aprender a ler e
escrever, o indivíduo necessita entender a relação estabelecida entre fala e escrita
e conhecer o sistema de regras da escrita”. É necessário que ela adquira a
consciência fonológica que “envolve o reconhecimento pelo indivíduo de
que as palavras são formadas por diferentes sons e que esses podem ser
manipulados”. A autora explica que consciência fonológica é a consciência das
rimas e aliterações, consciência das sílabas, e a consciência de fonemas. O que
nos reporta novamente aos textos orais como os já citados.
Reporta
também à necessidade do professor compreender profundamente a gênese da
língua e os métodos de alfabetização que
lhe darão os subsídios fundamentais para as atividades em sala de aula, e no
espaço escolar.
Considera-se que, além disso, o professor
deve criar relações capazes de transmitir ao aluno confiança em sua
própria capacidade. A criança, assim como todos nós, precisa do sentimento de
realização e reconhecimento. Cabe ao professor e à escola elaborar condições
para que a criança se sinta acolhida e motivada!
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BEZERRA,
Geiza Lopes. Reflexões sobre Alfabetização de Emilia Ferrero na Prática
Pedagógica. Webartigos. 2012. Disponível em:
<https://www.webartigos.com/artigos/reflexoes-sobre-alfabetizacao-de-emilia-ferrero-na-pratica-pedagogica/82821>.
<https://www.webartigos.com/artigos/reflexoes-sobre-alfabetizacao-de-emilia-ferrero-na-pratica-pedagogica/82821>.
Acesso em 25 fev. 2018.
FREITAS, Gabriela C. M. de. Alfabetização:
afinal o que é que está acontecendo? Oficina de Alfabetização —SEC/PUC
2005. Disponível em:
<http://servicos.educacao.rs.gov.br/dados/ens_fund_gabriela_apres.pdf>.
Acesso em 25 fev. 2018.
LOPES, Janine Ramos. Caderno do
educador : alfabetização e letramento 1 / Janine Ramos Lopes, Maria Celeste
Matos de Abreu, Maria Célia Elias Mattos. – Brasília : Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2010. 68 p. :
il. -- (Programa Escola Ativa). Disponível em:
Acesso em 25 fev. 2018.
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