domingo, 26 de abril de 2020

ÀS VEZES



Às vezes, eu saio  na rua quando é madrugada, para vadiar e mais nada, a não ser para respirar o ar liberto e libertino, que me impôs o destino, santa inspiração dos meus pecados. Às vezes, eu saio à rua quando é de madrugada, vou ao encontro do vento, que sopra a cada momento, sem qualquer espaçada; vou ao encontro das luzes que brilham em cada canto, de encontro ao próprio canto, que diz tudo e não diz nada.
Vou ao encontro de Vênus, que brilha no infinito, mas recusa a ouvir meu grito, por mais que lhe pareçaa aflito. Vou ao encontro dos olhos que brilham na escuridão, ao calor de uma mulher, encanto e meia paixão; faço, às vezes, serenatas, para cantar cenas gratas, que a vida me faz viver, para encantar teu corpo, para te dar o prazer. Às vezes, eu bebo nos bares de cada esquina, encantado com a graça do misto moça-menina, feita esguia, muito fina, para acender a paixão; paixão esta que você sabe muito bem por quem. E a cada volta do corpo em volta do próprio corpo, nos mais puros movimentos, curvas, paixões, sentimentos, enchendo espaço de vida. Às vezes, olho nos olhos, no seu cabelo em desalinho, para encalhar nos escolhos, ante tanto descaminho.
Perco-me nos teus cabelos, dourados como o luar; e como me perco na magia Fo teus olhos, dois sóis a iluminar, me perco nos teus espaços, nos teus braços, nos movimentos perdidos em doces instantes, nos mais eternos momentos, na rima fácil, buscando qualquer pretexto para sentir tudo e nada, na mais negra madrugada. quando saio à rua para vadiar com a imagem tua, me perco, e não sei a hora de voltar, por isso peço: amanheça logo para me encontrar com minha paixão.


A TEORIA DO CONHECIMENTO E A CRIANÇA DE 0 A 5 ANOS


            Sendo possível apenas ao ser humano, ou seja, não se aplica aos animais, o conhecimento  é o ato de compreender, de apreender algo por meio da experiência ou do raciocínio.. Na tentativa de conhecer e estabelecer relações entre o mundo e as próprias experiências com ele, tentando desmistificar e entender a complexidade da existência, o ser humano está sempre buscando mecanismos para adquirir o conhecimento.
             Dessa forma, estudiosos vêm ao longo do tempo elaborando teorias que possam definir o conhecimento e conhecer a verdade por meio dele. Alguns dos aspectos dessa busca são entender como se realiza o conhecimento em crianças pequenas, especificamente de 0 a 5 anos. Entre os diversos autores dessa área destacam-se Vygotsky  e Piaget.
            Lev Vygotsky,  bielo-russo, viveu de 1896 a 1934 e segundo Ferrari (2008) sua obra ainda está em processo de descoberta, tal sua importância no mundo e também no Brasil. A obra desse estudioso converge para o tema da criação da cultura, sendo que atribuía um papel preponderante às relações sociais. Para ele, a formação do ser se dá numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade a seu redor. Por isso, a corrente pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de  sociointeracionismo, ou seja,  para a teoria de Vygotsky é a interação que cada pessoa estabelece com determinado ambiente, a chamada experiência pessoalmente significativa.
            Entre as muitas teorias criadas por Vygotsky (1991, p.58), no que diz respeito ao desenvolvimento das crianças, destaca-se o que ele denominou de dois níveis de desenvolvimento. “O primeiro nível pode ser chamado de nível de desenvolvimento real, isto é, o nível de desenvolvimento das funções mentais da criança que se estabeleceram como resultados de certos ciclos de desenvolvimento já completados”, ou seja, define funções que já amadureceram; os produtos finais do desenvolvimento.
            Já a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação e permite  delinear o futuro imediato da criança e seu estado dinâmico de desenvolvimento, possibilitando acessar o que já foi atingido através do desenvolvimento, e também o que está em processo de formação. Isso quer dizer que o que a criança faz hoje com a ajuda de alguém amanhã fará sozinha (VYGOTSKY, 1991, p. 58).
            A aprendizagem acontece na ZDP e é função da professora favorecer a aprendizagem, colocando-se como a mediadora entre a criança e o mundo. Na interação com o coletivo, nas relações com a professora e os colegas é que acontece a construção das funções psicológicas da criança. Constata-se, portanto, que Vygotsky atribuía importância à escola e aos professores na aquisição do conhecimento pelas crianças (VYGOTSKY, 1991).
            Na visão de Piaget (suíço, 1896-1980) o conhecimento é construído pela criança a partir da ideia de que o conhecimento é uma adaptação do organismo ao seu meio ambiente. Essa teoria é centrada no desenvolvimento natural da criança sendo que para Piaget o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até a adolescência, quando atinge a capacidade plena de raciocínio (FERRARI, 2008)
            A teoria de Piaget, denominada Construtivismo, com a contribuição dos estudos de Vygotsky, tem como foco o entendimento da obtenção da aprendizagem relacionado com a interação do indivíduo com o meio. Nessa teoria, o centro da aprendizagem é o aluno e o professor é o facilitador e orientador da aprendizagem, tendo como função colocar o estudante diante de situações a fim de que encontrem soluções, construindo, assim o conhecimento. Experiências e conhecimentos adquiridos previamente pelas crianças são fundamentais nesse processo.
             Piaget esclarece que as crianças se inserem gradualmente nas regras, valores e símbolos da maturidade psicológica, por meio dos mecanismos de assimilação e acomodação. Esses mecanismos consistem em:  incorporar objetos do mundo exterior a esquemas mentais preexistente e a seguir, por meio da acomodação a criança irá modificar o sistema de assimilação e adaptar o novo conceito (FERREIRA, 2008).
            Além desses conceitos, Piaget ensina sobre o equilíbrio: quando os esquemas existentes de uma criança são capazes de explicar o que ela percebe em redor, ela está em equilíbro. Caso contrário, a criança se frustra e procura “restaurar o equilíbrio dominando o novo desafio. Pode-se dizer, então que o equilíbrio é a força que impulsiona o processo de aprendizagem”. (HIPERCULTURA, 2020).
            Cabe à professora incentivar os alunos a buscarem novos conhecimentos e a aprenderem novos conceitos, construindo a aprendizagem aos poucos a partir de conhecimentos e conceitos aprendidos anteriormente. Vale lembrar que a professora deve respeitar os níveis de amadurecimento, desenvolvimento e conhecimento de cada aluno e considerá-los no processo de aprendizagem (FERREIRA, 2008)
            Piaget ainda preconiza que o ensino deve ser percebido e realizado como algo dinâmico reconstruindo a realidade de quem está aprendendo e não como algo estático, colocado como uma versão exata da realidade. Nesse sentido, o conhecimento ocorre por meio de uma troca entre o indivíduo e o meio, sendo o resultado de um processo. Esse estudioso dividiu o processo de desenvolvimento em quatro estágios desde o nascimento até a adolescência, por volta dos 12 anos de idade. A cada fase, Piaget detalha o desenvolvimento da criança e as suas particularidades (FERREIRA, 2020).
            Piaget via o papel do professor como necessário uma vez que ocorria a interação e que as informações trocadas, estando o professor como mediador no processo de aprendizagem, coordenando em outras atividades como leitura entendimento da escrita, despertando o senso crítico e apontando possíveis soluções para problemas, favorecem  a aprendizagem (GOMES, 2020).
            Diante disso, assevera-se que o conhecimento em crianças de 0 a 5 anos, e de acordo com estudiosos renomados, da área, ocorre em processos de interação com o meio e também construído por meio de conhecimentos e experiências já adquiridas. Também de acordo com esses autores o papel da escola e do professor é de fundamental importância na aquisição do conhecimento.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRA, Márcio. Lev Vygotsky, o teórico do ensino como processo social, Nova Escola. 2008. Disponível  em: <https://novaescola.org.br/conteudo/382/lev-vygotsky-o-teorico-do-ensino-como-processo-social>. Acesso em 5 mar. 2020.

FERREIRA, Márcio. Jean Piaget, o biólogo que colocou a aprendizagem no microscópio. Nova escola. 2008. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/1709/jean-piaget-o-biologo-que-colocou-a-aprendizagem-no-microscopio>. Acesso em 5 mar. 2020.

 

GOMES, Maria Madalena Cardoso Macedo. Os Conceitos de Piaget e o Papel do Professor. Meu Artigo. 2020. Disponível em: <https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/os-conceitos-piaget-papel-professor.htm>. Acesso em 5 mar. 2020.

 

HIPERCULTURA. A teoria de Piaget: Conheça as fases do desenvolvimento infantil. 2020. Disponível em: < https://www.hipercultura.com/teoria-de-piaget/>. Acesso em 5 mar. 2020.


PORFÍRIO, Francisco. Conhecimento. Mundo da Educação. 2020. Disponível em:

VYGOTSKI, L.S. A formação social da mente. 4ª edição brasileira. Livraria Martins Fontes Editora Ltda. São Paulo -  1991.






O TEXTO POÉTICO

Entende-se, conforme Jean Cohen (1996) que a linguagem poética existe por si mesma e que a sua função não é exclusividade da poesia existindo também na prosa. A linguagem poética pode estar presente em qualquer texto e nesse caso é considerado como uma arte. Segundo esse autor  “A prosa é o grau zero do estilo. A realidade, tão logo é falada, entrega seu destino estético nas mãos da linguagem. Ela será poética se for poema, prosaica se for prosa” (1996, p.36). Entende-se, então que,  segundo Cohen (1996), a linguagem poética é significação e que a palavra nas mãos de um poeta ultrapassa o que é capaz de expressar.
            A função poética da linguagem não apresenta uma finalidade prática, mas sim estética. Isso acontece porque o próprio objeto – a mensagem – torna-se o foco de si mesmo, despertando a reação pelo  que é, e não por aquilo para que serve. A função poética da linguagem é um elemento de comunicação utilizado para chamar a atenção do destinatário da mensagem para o texto. Na função poética, a mensagem está voltada para sua própria estruturação. Pode manifestar-se na linguagem verbal e não verbal.
Na linguagem verbal, a função poética busca por elementos que enriqueçam a construção da mensagem. O mais importante entre esses elementos é a eufonia (sucessão de sons agradáveis), além do emprego de figuras de linguagem e outros recursos que conferem maior expressividade ao texto. Além da prosa e da poesia, a função poética também pode ser encontrada na fotografia, na música, no teatro, no cinema, na pintura e em qualquer modalidade discursiva que apresente uma maneira diferente de elaborar o código, transgredindo a visão convencional à qual estamos habituados. No entanto a forma mais comum de encontrarmos a linguagem poética é no poema, no verso.


O TEXTO POÉTICO E O CONCRETISMO

            O Concretismo caracteriza-se como movimento de cunho marcadamente racionalista, buscando na arte a expressão de um geometrismo extremo. Assim, o poema viu destituído o verso em seu interior, em favor do aproveitamento pleno da folha de papel e da exploração máxima de seus possíveis preenchimentos, bem como de seus vazios. Segundo tais preceitos, forma e conteúdo não mais deveriam corresponder a diferentes planos de apreensão da literatura, mas sim a um contínuo a ser explorado pelo artista.
            Em 1964 com o Golpe Militar, no Brasil e a fase da Ditadura, em que muitos pensavam em promover uma revolução social, traduzindo a realidade brasileira por meio de manifestações artísticas. O Concretismo surge então trazendo como ideologia fazer da palavra concreta objeto real  real para as manifestações voltadas para a crítica à sociedade, tendo no consumo exacerbado e no capitalismo sua principal fonte de alimentação.
            São traços marcantes da estética concretista: 
- a atomização vocabular na qual as palavras se desmancham, se refazem, em favor da expressividade de sua nova forma; 
- a polissemia, uma vez que os vocábulos assumem uma valência de significados múltipla, ditada pela disposição no interior da poesia; 
- uma linguagem de intenso apelo persuasivo, aproximando-se, assim, da linguagem publicitária; 
- o intercruzamento permanente das linguagem visual e verbal; 
- comunicação icônica, ou seja, a forma da letra, sua posição, sua cor, tudo a esse respeito é elemento para interpretação.
            O Concretismo, como tendência contemporânea, permanece bastante vivo, inclusive, pela proximidade mantida com a linguagem publicitária, bastante cotidiana em nossas vidas e pela possibilidade amplamente divulgada.
Pode-se afirmar que a existência do Concretismo foi muito positiva para a cultura brasileira, por conribuir para enriquecer certas formulações de linguagem da publicidade. Percebe-se que  o concretismo marcou um avanço em direção a uma arte multimídia, em que a poesia passa a ter uma relação imediata com as outras artes. Isso porque a função poética da linguagem não está restrita aos textos literários. Por conferir expressividade ela é muito utilizada na música e na publicidade, por exemplo.
O Concretismo abriu caminho para novas possibilidades, novas propostas. Por isso, a importância de trabalhar  o gênero em sala de aula.


O POEMA CONCRETO E AS ESTRATÉGIAS DE LEITURA

            No poema concreto a palavra é a base do poema e não um sentimento ou uma coisa. O poeta concreto vê a palavra em si mesma como um mundo de possibilidades, dinâmica, viva. O autor do Concretismo vai ao centro das palavras, à sua verdade factual.
            A estrutura do poema concreto se manifesta basicamente na sonoridade e no ritmo permitidos também pelas figuras de linguagem, e  pelo apelo visual.  Assim ampliam-se os limites semânticos das palavras ao cairem as regras gramaticais e sintáticas. Dos estratos presentes na poesia convencional dois se destacam no Concretismo: o estrato gráfico e o estrato fônico
            No estrato gráfico verifica-se o formato do texto: o tamanho dos versos (ou parágrafos), a pontuação, se há versos mais longos que os outros, se há palavras em itálico ou em negrito, ou escritas com maiúsculas, etc.
            Na poesia concretista, o aspecto gráfico tem muita importância, mas em todo texto, deve-se verificar se há  parênteses, colchetes, ou outros sinais de pontuação.
            No estrato fônico, deve-se observar a combinação de sons graves e agudos, abertos e fechados, as rimas, o ritmo e, se houver, as figuras fônicas: aliterações, paromásias, assonâncias, onomatopeias, ecos etc.
De acordo com Campos, Pignatari e Campos:
Os elementos fonéticos auxiliam a criação das relações entre as palavras, funcionando como se foram fatores- de-proximidade-e-semelhança para um todo visual, e estabelecendo uma espécie de corrente eletro-magnética que atrai ou repele as palavras (CAMPOS, PIGNATARI,CAMPOS, 1975, p. 121-122).

            Esses autores esclarecem que a “poesia concreta não se dissocia da linguagem, nem da comunicação. Mas despe a armadura formal da sintaxe discursiva (1975. p.122)”. Surge, então, uma nova perspectiva de poesia
            Na Literatura Brasileira, já há algum tempo, encontra-se poetas e escritores  que abordam em suas obras  as contradições do mundo capitalista. Entre eles destaca-se o poema concreto de Augusto Campos em que o lixo é o cenário sobre o qual o poema se constrói:

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            De acordo com a análise pode-se afirmar que foneticamente o cerne do poema é a palavra luxo porém ao substituir  o fonema “u” pelo fonema “i” surge a  palavra lixo. Diante do fato que lixo é um substantivo e luxo um adjetivo, pode–se entender a intenção do autor ao afirmar que o lixo é um luxo. Na opinião concreta do autor ele não abre mão ao afirmar os conceitos do dois termos na dinâmica do concretismo.
           


            Esse poema joga mais com  a palavra do que com o espaço em branco. No imperativo “beba coca” há uma reiteração  da necessidade de se consumirem e de se assimilarem todos os componentem culturais que de forma implícita a coca representa. Há um balé e um fusão de palavras ate chegar em “cloaca” impregnada de uma semântica depreciativa negando o homem e a cultura. Como em “oca” em que supõe-se o homem em seu estado primitivo, e o vocábulo “calo” que remete à submissão.


            O poema “pluvial”, de Augusto de Campos, possui palavras sonoramente semelhantes. “Pluvial” verticalmente caindo como chuva, e “fluvial” horizontalmente correndo como rio, que simetricamente estruturam o poema.
            Os exemplos deixam claros que o Concretismo possui regras internas precisas e rigorosas na construção dos poemas que foram criados como objetos polissêmicos que classificam o artístico na sociedade.
            Ler não é só decodificar signos, mas construir sentidos para o que se lê. Para isso o leitor deve se valer dos conhecimentos prévios que possui sobre o asssunto e a interação com o suporte da leitura. Deve-se levar em consideração, que as influências cognitivas, como opiniões, crenças ou objetivos diferentes, podem atuar na construção da representação sobre o enunciado, o que faz com que diferentes leitores construam significados diferenciados, produzindo diferentes tipos de inferências.
            Dentro de sala de aula, cabe ao professor mediar situações de ensino em que a leitura aconteça de uma forma  prazerosa,  com motivação e objetivos definidos. Ressalta-se que  a leitura deve ser incentivada em todas as disciplinas e não somente nas aulas de Língua Portuguesa. O professor deve estar atento às dificuldades de compreensão do texto pelo  aluno, observando nesse caso uma atenção e releitura da parte incompreendida.
            A curiosidade própria do aluno jovem vai incentivá-lo a buscar recursos para entender o texto Concreto e aprender. Porém o professsor deve ter a função de guia e mediador para a construção do conhecimento.
            No caso do texto Concreto o professor deve ativar o conhecimento prévio do aluno sobre o tema  e o contexto. Dessa forma ele terá maiores possibilidades de atribuir um significado ao que está lendo. . É importante que o professor, além do tema, mostre ao alunos os aspectos relacionados aos estratos gráficos e estratos fônicos já citados. Isso significa que antes de apresentar o poema concreto o professor deve trabalhar as figuras de linguagem presentes no texto concreto, todos os sons próprios de cada poema. Da mesma maneira, as formas gráficas e visuais  e o que isso representa para a construção do poema concreto.
            Leitura, para Solé (2008, p.22) “é um processo de interação entre o leitor e o texto”. É um momento único em que o leitor deve examinar detalhadamente o texto, identificando as ideias principais, a mensagem que o autor quer passar. Nesse processo, “não quer dizer que o significado que o escrito tem para o leitor não é uma réplica do significado que o autor quis lhe dar, mas uma construção que envolve o texto, os conhecimentos prévios do leitor que o aborda e seus objetivos.” (SOLÉ, 1998, p.22). Acredita-se que somente com o contato com os poemas desse gênero textual – Concretismo – o aluno irá construir o significado, aos poucos, e assim compreender, conforme salienta Solé (2008, p. 44) “compreender é sobretudo um processo de construção de significados sobre o texto que pretendemos compreender”.
            A leitura por si só, é uma prática social, que o indivíduo começa em casa, junto com os hábitos familiares, e na escola. Nesse sentido, é aconselhável que a criança faça as próprias escolhas do que quer ler. Isso irá contribuir para, mais tarde, já no período do ensino fundamental, ele consiga  ler e compreender outros tipos de textos. Segundo Solé (2008, p.44) “é imprescindível que o leitor encontre sentido no fato de efetuar o esforço cognitivo que pressupõe a leitura e para isso tem de conhecer o que vai ler e para que fará isso”.
            Isabel Solé (2008) ensina que uma das estratégias a serem utilizadas deve ser traçar objetivos para a  leitura. Nesse caso o professor deve explicar bem porque devem ler e compreender o poema do Concretismo.  Interessante praticar a leitura em voz alta e também verificar junto com o aluno o que ele já aprendeu. Outro procedimento importante deve ser a postura do professor que deve demonstrar que gosta de leitura, incentivando o aluno a ler. O professor deve comentar sobre outros textos, outros gêneros textuais.
            No caso do Concretismo, antes de apresentar o texto , o professor deve antecipar  explicações sobre o tema, condições de produção, etc., aguçando a curiosidade dos alunos. Além disso, deve mostrar como se lê nas entrelinhas. Explicar como as caractrísticas do poema concreto se manifestam e contribuem para reforçá-las.
            O professor deve levantar uma conversação com alunos afim de ativar o conhecimento prévio que eles possam ter sobre o tema do poema. Nessa conversa o professor deve ajudar os alunos a contextualizarem o tema e a intenção do autor, com a própria realidade de cada um, explicando todos os itens que precisam ser analisados. Como as características já citadas, como os  elementos gráficos e fônicos. Uma das propostas de Isabel Solé (2008, p.45) como estratégias de leitura  é promover perguntas dos alunos a respeito do texto. Segundo a autora “esta estratégia opera durante toda a leitura e auxilia o aluno a melhorar a velocidade do processamento do texto, e de acordo com Solé acontece  uma reorganização de conhecimentos anteriores, tronando mais completo e mais complexo o que permite relacioná-los com novos conceitos e por isso pode-se dizer que aprendemos”.          
            Acredita-se que, a partir daí, será possível uma compreensão global do texto e a construção do significado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COHEN, Jean. Estrutura da Linguagem Poética; tradução de Álvaro Lorencini e Anne Arnichandi. São Paulo, Cultrix, Ed. da Universidade de São Paulo, 1974.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6ª ed.  ARTIMED EDITORA S.A. Porto Alegre, RS : Artimed. 2009.




segunda-feira, 30 de março de 2020

RESENHA DE ARTIGO SOBRE CONCEITO DE ÉTICA


Recomeço
O autor, Peter Singer, observa que o pluralismo reserva um espaço para o resgate de um ideal estóico da dignidade moral em práticas da automodelação virtuosa encontradas em discursos eruditos e em leituras de autoajuda. Isso pode repercutir na formulação de uma verdadeira política pública de reversão de práticas imorais e antiéticas. Embora pareça impossível reverter o consumismo desenfreado, o sábio concilia elementos de autoeducação e autocontenção relevantes na hora de formular estratégias morais e políticas para o presente.
O estudioso afirma que isso só é possível em pessoas hígidas mentalmente. Pode-se acrescentar: em pessoas sensíveis e de boa vontade, preocupadas com o destino do mundo. Porém, pretender que os jovens se interessem pelo assunto a ponto de realizarem mudanças é utópico, uma vez eu a maioria deles ignora e despreza os valores éticos e morais. Para revigorar o ideal de dignidade humana, faz-se necessário que a humanidade lúcida restante apresente-o aos pequeninos, os únicos, realmente capazes, devido à virtude e probidades ainda intactas de proliferar em si mesmos e nos outros a cultura de uma vida mais ética, voltada ao bem de todos.
Nesse sentido, é essencial operar nas crianças a formação do juízo crítico reflexivo, capaz de ajudá-las no discernimento entre o certo e o errado, o bem e o mal.
Lécia Conceição de Freitas

Expansão da Língua Portuguesa


A Língua Portuguesa é uma das cinco mais faladas no mundo. Cerca de 180 milhões de indivíduos utilizam-na sendo a língua oficial, em pelo menos, um país de cada continente. São eles: República de Angola, República Federativa do Brasil, República de Cabo Verde, República da Guiné-Bissau, República de Moçambique, República Portuguesa, República Democrática de São Tomé, e Príncipe e República Democrática de Timor-Leste.
A língua portuguesa, pertencente ao grupo das línguas românicas, teve sua origem no latim falado que se expandiu devido ao espírito de organização e poderio de Roma.
No Brasil, foi imposta pelos colonizadores portugueses, embora houvesse, naquela época, outras línguas, das diversas tribos indígenas existentes e, em seguida, as múltiplas línguas africanas com achegada dos escravos. Também é devido a um processo de colonização que os outros países falam o nosso idioma e é este o único ponto em comum. Cada um deles tem seus costumes, sua cultura, suas crenças, etc.
Embora sendo países distintos e distantes uns dos outros e apesar do uso constante de outras línguas, dialetos e variantes linguísticas, a Língua Portuguesa tornou-se oficial nesses países devido ao poderio econômico e cultura mais avançada no país de origem.
Lécia Conceição de Freitas

RESUMO


CAPITÃES DA AREIA
O livro "Capitães da Areia", de Jorge Amado, narra a história de um grupo de crianças abandonadas e a luta delas para sobreviverem nas ruas de Salvador, capital do estado da Bahia.
O grupo contém mais de cinquenta meninos e eles vivem em um trapiche abandonado na praia.
Pedro Bala, filho de um grevista morto no cais, é o mais corajoso e capacitado para ser o líder do grupo. Professor, outro menino, era o único que sabia ler. Contava histórias para o grupo a luz de velas. Possuía grande talento para desenhar. Com isso ganhava algum dinheiro desenhando casais, nas ruas da cidade. “Gato”, vaidoso, elegante, e com ginga de malandro, era o mais bonito de todos.Apaixonou-se por uma prostituta com quem mantinha um caso. “Sem-Pernas” era um garoto coxo, que servia de espião, fingindo-se de órfão desamparado (e numa das casa que vai é bem acolhido, mas trai a família ainda assim) para roubar, mesmo sem querer fazê-lo de verdade. “Volta-Seca”, afilhado de Lampião, tinha ódio das autoridades. Desejava ardentemente tornar-se cangaceiro. Foi responsável pela mudança de “Pirulito”. Juntamente com os conselhos do amigo e por meio dos ensinamentos dos padres, “Pirulito” buscou uma vida mais correta, abandonando o roubo.
Também fazia parte do grupo: “Boa-Vida”, garoto esperto que sempre participava dos assaltos e “Querido-de-Deus”, capoeirista, amigo de Bala.
A polícia perseguia os Capitães e a maioria das pessoas não gostava deles. Recebiam ajuda de D. Aninha, uma negra, praticante de Candomblé; de João da Adão, um grevista do cais. Também eram ajudados pelo Padre José Pedro, castigado por seus superiores por ter se envolvido com o grupo e por ter escondido um dos meninos que contraíra a varíola.
Com a epidemia dessa doença, morre a mãe de Dora e Zé Fuinha, ficando os dois sozinhos no mundo. Assim eles ingressam no grupo, onde, com o tempo, Dora passa a ser considerada a “mãe” dos mais novos e “mana” pelo outros. Para Pedro Bala, Dora era a noiva e ela retribuía.
Após um assalto em que foram apanhados, Pedro vai para o Reformatório, onde é duramente castigado e Dora vai para o orfanato. O grupo se une e liberta os dois. Entretanto, Dora fica muito doente e vive poucos dias. Antes de morrer, ela e Pedro conseguem consumar o amor dos dois. Pedro imagina então que ela transforma-se em uma estrela.
Depois disso, cada um segue a própria vida. Padre José Pedro ganha uma capela e “Pirulito” vai com ele, pois quer ser religioso. “Sem-Pernas” morre ao fugir da polícia. “Volta-Seca” vai atrás do bando de Lampião e torna-se um cangaceiro sanguinário. É preso e condenado por mais de trinta e cinco mortes. “Gato” vai com a prostituta Dalva para Ilhéus, cidade do sul da Bahia. “Boa-Vida” passa a viver em farras, amando cada vez mais a sua terra, Bahia. Professor vai para o Rio de Janeiro e torna-se um pintor. Os demais Capitães da Areia envolveram-se em greves e lutaram a favor do povo. Pedro Bala vai embora a pedido de Alberto, um estudante, para organizar os índios maloqueiros de Aracaju, capital do Estado de Sergipe. Barandão é o novo líder dos Capitães.
Anos depois, Pedro Bala transforma-se em um ícone da luta do povo e todos clamavam por ele.
Lécia Conceição de Freitas

segunda-feira, 16 de março de 2020

O PAPEL DA ESCOLA NA EDIFICAÇÃO DO SUJEITO


Constitui-se preponderante o papel da escola na edificação do sujeito, com grande responsabilidade no processo educativo.
A educação acha-se incluída entre os fatores culturais de um povo, permanecendo subordinada às relações de poder vigente. É reconhecido que a classe dominante determina o tipo de educação que se pretende para a nação. Então, o indivíduo que não se enquadra nos requisitos culturais previamente estabelecidos será considerado sem cultura, sofrendo de “carência” ou “privação” cultural  sendo, portanto, marginalizado.
Por definição todo grupo social tem um tipo qualquer de produção cultural, não existindo nenhum com ausência de bens culturais.  O que  na verdade acontece são as marcantes diferenças, não respeitadas pelas metodologias e instrumentos de ensino. A privação cultural seria então um atributo artificialmente estabelecido, mas que se constituirá uma barreira social. A consequência mis direta, frente às desigualdades, será a incapacidade dos jovens de definirem projetos de vida viáveis, condizentes não só com as aspirações, mas também com a possibilidade de realização.
Conclui-se, então, que a escola pode educar e construir, mas, igualmente, pode marginalizar e destruir, favorecendo a instalação de risco.
Uma das grandes questões vinculadas à escola tem a ver com a evasão e com o fracasso escolar.  Entre as causas sociológicas do fracasso escolar são apontadas as restrições impostas pelas condições sociais, econômicas, geográficas e culturais, que favorecem a pobreza.
Existem desvantagens reconhecidas nas classes menos favorecidas para o desenvolvimento de aptidões intelectuais, pela diferença de valores que envolvem diretamente a escola. Entre elas destaca-se a dificuldade de linguagem, principalmente para as minorias étnicas, que devem se adaptar ao uso de uma língua na qual não aprenderam a se expressar ou mesmo a pensar.
Problemas relacionados ao atraso escolar frequentemente ligados à evasão escolar, podem  ser pensados sobre o ponto de vista de dano imediato ou mediato. O imediato se liga à interrupção do aprendizado, enquanto o mediato leva à impossibilidade futura  de participação plena na sociedade e perpetuação dos ciclos de pobreza e fome, com projetos medíocres ou inexistentes.
As causas psicológicas, que não estão obrigatoriamente relacionadas com as condições socioeconômicas, também são consideradas fatores de risco, como a instabilidade familiar, a desestruturação que trazem consigo, a insegurança, o não pertencer, tanto para crianças quanto para adolescentes. Deve-se ter presente que a aprendizagem tem caráter gradual acumulativo, podendo os agravos surgidos em qualquer momento da vida comprometer o processo a partir daquele ponto ou até mesmo definitivamente.

Lécia Freitas

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

O amor e os vincos



Quando você pensa que a vida acabou, vem um amor tardio e te dá “uma rasteira”. Porque junto com ele, vem todo aquele sofrimento do qual já se acreditava imune. Dor desgraçada de doída. Porque o amor, o amor não tem medidas! Ainda que não seja correspondido, ele existe, e dói!
Chega de mansinho, ou de supetão, tanto faz. Olha pra gente meio que surpreso, mas concede um brilho nos olhos, tinge os lábios, e realça uma beleza já apagada, esquecida. A música do amor pode vir em sons de grilos num ritmo inesperado ou em mil badalos de sinos, num carrilhão universal. E vibrar para sempre, seja nas fibras de um coração, seja no infinito. E com todas as sinfonias combinar os liames de toda a ternura que há na Terra, para mitigar possíveis dores e amargos. E a felicidade que ele traz vai te fazer rir de coisas sérias ou de trivialidades, numa loucura sem compromissos.
E você se entrega àquele grego, como a um deus de verdade, que vem, não com raios ou tridentes, qualquer coisa ligada aos deuses gregos, mas tão real, como o personagem de Zorba, o Grego, com aquela touca preta, e um olhar penetrante, tão sensual, com os lábios cerrados e a barba que não se importaria de roçar, e os cabelos compridos em que aprofundaria os dedos, ao mordiscar lóbulos e lábios enquanto viaja sem voar.
Você se desnuda por inteira, fala de desventuras, mostra cicatrizes e se extasia em fantasias. Nem percebe a solidão. Nem percebe a busca pela saciedade no reflexo onde está espelhada uma sede que o próprio deserto inventou. Nessa vontade alucinada de amar, você quer para si todos os sorrisos, todas as cores, todas as flores. Espera, como uma noiva virgem, o rubor das faces, com todos os beijos que pensa merecer. E acredita que vai perpetuar em suas entranhas o gosto do outro, que seus cheiros se confundirão, e que o amor, ah o amor, vai crescer em possibilidades.
Incauta. Esse mesmo amor vai fecundar tudo quanto era sentimento escondido, enterrado. Ele traz em si todos os verbos que já foram ditos e silenciados, além de criar outros, numa verborragia insana, só para entristecer mais ainda a expressão daquele amor. E você não vai conseguir fechar o coração aos lamentos. A dor não será menos violenta graças à muita história. Por isso mesmo, era de se esperar menos condescendência. Em vão. Cada amor é um, e revela em seu dorso, desejada paz de andorinhas, canto de bem-te-vis, cheiro de fruta madura.
Nessa hora não se acredita em aprendizado. Fica mais uma fibra a endurecer o vão cavado na alegria. Em algum resquício de sonho resta o corpo vagueando ímpar. Soçobra a dor que ficou no vinco.

Lécia de Freitas





Como na primeira vez



Quando a gente apaixona pela primeira vez, na adolescência, quase sempre somos uns monstrengos, com aparelhos nos dentes, a voz esganiçada, sem nenhum estilo, e com o corpo ainda em formação. Dá uma tremedeira danada quando encontramos a pessoa amada.
O tremor, no entanto, não acontece tanto pela vergonha que temos de uma hipotética feiura e falta de jeito. Ele acontece, com certeza pela emoção, porque volta, mesmo quando somos adultas e com conhecimentos para melhorar uma coisa ou outra na aparência. E assim, pela vida afora. Sempre ficamos inseguras diante de um novo amor. Temos medo da rejeição, da não aprovação.
Mas quando o amor acontece, já tardiamente, é muito pior. Temos argumentos de sobra, sabedoria, conhecimento de mundo. Podemos conversar sobre quase tudo, e conhecemos muito dos segredos de alcova. A vergonha ficou lá atrás, quando entre paredes. Espera-se muitos gemidos e sussurros, beijos sem fim, champanha em curvas, mordidelas em lóbulos, línguas e bocas. E amor muito amor!
Mas o que fazer com as rugas, com a flacidez? Como disfarçar a falta de agilidade em acrobacias e posturas, próprias de um momento em que se espera superar amores passados, garantir o espaço. Alguns até valorizam inteligência, etc e tal., mas não se leva nada daquilo para debaixo de lençóis. E aí, vem o medo, a vergonha pelo tempo que passou, implacável, no próprio corpo, deixando marcas. e levando outras.
Nessa hora, diante do espelho, a frustração, quase leva a desistir, daquele deus, que apareceu numa espécie de milagre, uma vez que já não se esperava mais ninguém. Como disfarçar o tempo: não há mais brilho nos cabelos, não há elasticidade, não há curvas.
Ela lembra que passou a vida inteira sem se preocupar com isso, esperando placidamente os anos correrem. E agora este turbilhão de sentimentos a leva de volta a um frenesi, a um desvario e ela gostaria de ter uns anos a menos para poder aproveitar. Não é qualquer dia que se apaixona dessa forma, nem qualquer pessoa.
O sentimento do amor não é mais nem menos forte de acordo com a idade. O amor é uma dádiva, é uma possibilidade de uma vida toda, e quando acontece, temos que receber e sermos gratos.
No entanto, não há tempo de consertar nada antes de um possível encontro.
Mas, como sonegar um amor que diante de tanta emoção, que aflora qual fonte e escorre sobejamente, te inebria, e ao mesmo tempo te atormenta, tão vivo, tão real, e você fica o dia todo pensando naquilo, sentindo até o perfume dele, a textura daquela pele que você acariciou e da boca que quer beijar tantas vezes, com o mesmo frêmito que te faz arrepiar ainda hoje?
Como sonegar este amor que traz consigo, uma força incontida, que desarrumou a alma e a vida, carregando em seu dorso essa adolescência tardia, e que, apesar de tudo, traz também uma doçura, um carinho, que por vezes, você fecha os olhos e vai lá no fundo resgatar um sentimento que te faz sentir parte de tudo?
Como sonegar um amor que, depois de tanto tempo, ainda faz você desejar mãos vigorosas a percorrer curvas e pele num prazer que enlouquece e te retorna à vida?
Como sonegar um amor tão fundo, tão querido, tão precioso, talvez o último a te acompanhar pela vida afora?

Lécia  de Freitas




quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

TEORIA MICROECONÔMICA E TEORIA MACROECONÔMICA


Em uma economia onde existe uma infinidade de bens, serviços e insumos de produção, os quais são ofertados e demandados simultaneamente por um grande número de vendedores e compradores, é necessário que exista um mecanismo que mantenha a ordem e oriente as ações dos vários agentes no sentido de satisfazer os interesses de cada um em particular e da sociedade como um todo. Esse mecanismo é o mercado. O preço emanado desse mecanismo é o elemento que municia tanto produtores quanto consumidores de informações, possibilitando assim as transações (ou trocas) entre compradores, de um lado, e vendedores do outro. É o mercado que, como se fosse orientado por uma “mão invisível” , promove o bem-estar de cada agente em particular e da sociedade como um todo. O conceito de mercado, portanto, não está associado a um lugar geográfico específico, mas a um mecanismo que aproxima compradores e vendedores, permitindo que tais agentes alcancem ganhos mútuos.
Também conhecida como teoria dos preços, a Microeconomia estuda a formação de preços no mercado de modo a estudar como o consumidor interage e decide qual o preço e quantidade de determinado bem ou serviço em mercados específicos. A microeconomia preocupa-se com a formação de preços e bens e serviços (exemplo, milho, automóveis) e de fatores de produção (lucros, salários) em mercados específicos.
A microeconomia visa explicar como é fixado o preço e seus fatores de produção. Divide-se em:
·         Teoria do Consumidor: Estuda a preferência do consumidor analisando seu comportamento, suas escolhas, as restrições quanto a valores e a demanda de mercado;
·         Teoria de Empresa: Estuda a reunião do capital e do trabalho de uma empresa a fim de produzir produtos conforme a demanda do mercado e a oferta dos consumidores dispostos a consumi-los;
·         Teoria da Produção: Estuda o processo de transformação da matéria-prima adquirida pela empresa em produtos específicos para a venda no mercado. A teoria da produção se refere os serviços como transportes, atividades financeiras, comércio e outros.
 BIBLIOGRAFIA:
ROSSETTI, Introdução à Economia. 20º Edição. Editora Atlas. 2003.SP;


 A Macroeconomia é uma ramificação da ciência econômica que visa estudar, medir e observar uma economia nacional ou regional como um todo. Esta ramificação é um dos dois pilares da economia.

            O conceito fundamental da macroeconomia refere-se a do sistema econômico, isto é, uma organização que envolva recursos produtivos. A estrutura macroeconômica é composta por cinco mercados:

- Mercado de Bens e Serviços;
- Mercado de Trabalho;
- Mercado Monetário;
- Mercado de Títulos;

A macroeconomia estuda as principais tendências obtidas através dos processos microeconômicos da economia, no que pertence principalmente à produção, geração de renda, uso de recursos, comportamento dos preços e o comércio exterior. Os desígnios principais da macroeconomia são:

- crescimento da economia;
- pleno emprego;
- estabilidade de preços;
- controlo inflacionário;
Ao estudar e procurar relacionar os grandes agregados, a macroeconomia negligencia o comportamento das unidades econômicas individuais, tais como famílias e empresas, a fixação de preços nos mercados específicos, os efeitos de oligopólios em mercados individuais. Essas são as preocupações da microeconomia. A Macroeconomia trata os mercados de forma global, permitindo estabelecer relações entre grandes agregados e proporcionar melhor compreensão de algumas das interações mais relevantes da economia, que se estabelecem entre os mercados de bens e serviços, de trabalho e de ativos financeiros e não financeiros. Apesar do aparente contraste, não há conflito entre a microeconomia e a macroeconomia, pois o conjunto da economia é a soma de seus mercados individuais, a diferença existente é uma questão de enfoque. As metas da macroeconomia são: alto nível de emprego; estabilidade de preços; distribuição de renda socialmente justa e crescimento econômico. Estes objetivos não são independentes, podendo ser conflitantes, e se atingindo uma meta pode ajudar a atingir outras.
A macroeconomia enfoca a economia como se ela fosse composta por uma parte real e uma parte monetária, divididas em quatro mercados. A parte real da economia é composta pelos mercados de bens e serviços, e de trabalho. A parte monetária da economia é formada pelos mercados financeiro (monetário e títulos), e pelo cambial. Podemos dizer que o objetivo da análise macroeconômica como sendo o de estudar como se determinam as seguintes variáveis agregadas: nível geral de preços, nível de produto, taxa de salários, nível de emprego, taxa de juros, quantidade de moeda, preço dos títulos, quantidade de títulos e taxa de câmbio.
Os governos utilizam os instrumentos da política macroeconômica sobre a capacidade produtiva e despesas planejadas, para conseguir que a economia opere em pleno emprego. Os instrumentos são: Política Fiscal refere-se a todos os instrumentos de que o governo dispõe para a arrecadação de tributos e controle de suas despesas; Política Monetária trata da atuação do governo sobre a quantidade de moeda, de crédito e das taxas de juros; Política Cambial e Comercial referem-se ao controle das variáveis relacionadas ao setor externo da economia; Política de Rendas (controle de preços e salários) sendo muito utilizada no controle da inflação, onde os agentes econômicos ficam proibidos de efetuar reajustes influenciados pelas variações normais de mercado.

Bibliografia
EQUIPE de Professores da FEA - USP – Manual de Macroeconomia, Ed. Atlas, 2000.
HALL, Robert E.  TAYLOR, John B. – Macroeconomia: Teoria, Desempenho e Política. Ed. Campus, 1989.
Vasconcellos, Marco Antonio Sandoval de – Economia: Micro e Macro. Ed. Atlas 2000.






















O PENSAMENTO ECONÔMICO


         O pensamento econômico passou por diversas fases, que se diferenciam amplamente, com muitas discrepâncias e oposições. No entanto, a evolução deste pensamento pode ser dividida em dois grandes períodos: Fase Pré-Científica e Fase Científica Econômica.
            A fase pré-científica é composta por três subperíodos. A Antiguidade Grega, que se caracteriza por um forte desenvolvimento nos estudos político-filosóficos. A Idade Média ou Pensamento Escolástico, repleta de doutrinas teológico-filosóficas e tentativas de moralização das atividades econômicas. E, o Mercantilismo, onde houve uma expansão dos mercados consumidores e, consequentemente, do comércio.
            A fase científica pode ser dividida em Fisiocracia, Escola Clássica e Pensamento Marxista. Esta primeira pregava a existência de uma "ordem natural", onde o Estado não deveria intervir nas relações econômicas. Os doutrinadores clássicos acreditavam que o Estado deveria intervir para equilibrar o mercado (oferta e demanda), através do ajuste de preços. Já o marxismo critava a "ordem natural" e a "harmonia de interesses" (defendida pelos clássicos), afirmando que tanto um como outro resultava na concentração de renda e na exploração do trabalho.
            Com o aumento da complexidade social e da escassez, tornou-se mister a existência de um estudo com o objetivo de, com o desenvolvimento tecnológico, satisfazer um maior número de pessoas e/ou necessidades, trabalhando sob o plano da optimização, racionalização e do planejamento.
            Apesar das importantes contribuições dos pensadores gregos e romanos ao desenvolvimento do pensamento econômico, todos esses filósofos estiveram atados à filosofia e à política. Todas as obras nitidamente econômicas se baseavam em princípios morais e políticos, carecendo de aspectos científicos. 
            Com a decadência de Grécia e Roma deu-se início à Idade Média, caracterizada por uma nova fase da economia e da cultura, onde a igreja controlava o poder político e econômico. O pensamento econômico ainda não tinha se tornado independente dos estudos político-filosóficos, igualmente como ocorria na antiguidade greco-romana.
            Com o crescimento demográfico e um conseqüente excesso de oferta de mão-de-obra, houve um aumento na produção que desenvolveu as cidades e o comércio internacional, mobilizando grandes capitais. Por isso, surgiram vários elementos característicos da economia moderna como por exemplo a divisão do trabalho, o sistema bancário, diversas formas de associação, que se desenvolveram no decorrer da evolução do pensamento econômico..
Procurando equilibrar as relações de mercado, protegendo os consumidores e os produtores de menor escala, a Igreja regulou o mercado de forma que a ética estaria presente em todos os momentos. Deste modo, a livre iniciativa e a concorrência tornavam-se perigosas, pois os mais poderosos dominariam os mais fracos, havia um combate à usura que por sua vez era considerada imoral. A cobrança de juros era condenada, pois acreditava-se que o que gerava riqueza era o trabalho árduo e a natureza e não a extorsão de bens do devedor por parte do credor. A propriedade privada era considerada legítima desde que estivesse subordinada ao bem comum.
            A igreja procurou moralizar o comércio, valorizando a dignidade do trabalho, condenando os juros, buscando o "justo preço", o equilíbrio dos atos econômicos, a moderação dos agentes econômicos e protegendo os mais fracos dos mais poderosos.
            Apesar de na Idade Média ter surgido inovações no comércio, como por exemplo o combate à usura, os salários justos, o "justo preço", será no Mercantilismo que brotarão os primeiros princípios econômicos.
            O mercantilismo é marcado por um processo de expansão dos mercados consumidores e produtores de matéria-prima, pela revolução comercial, pela centralização do comércio como atividade econômica e pelo protecionismo e intervencionismo estatal na economia.
            O início da era mercantilista foi marcado por diversas transformações intelectuais, religiosas, comportamentais, políticas, geográficas e econômicas. As transformações religiosas foram marcadas por exaltar o individualismo e a atividade econômica, as de comportamento pela busca do bem-estar, as políticas pelo surgimento do Estado Moderno, as geográficas pela ampliação do campo de atuação dos Estados buscando a exploração de novas terras e a navegação para comercializar, as econômicas pela mudança do eixo econômico mundial e a criação da moeda baseada no ouro e na prata.
            Considera-se que o mercantilismo foi um período que possibilitou a transição de uma economia regional para uma economia nacional. O comércio não mais se limitava às feiras e às transações internas, mas voltava-se para o exterior, buscando o acúmulo de capitais em função da prosperidade do Estado, mesmo que para isso fosse necessário a exploração de outras terras.
            Apesar de não ser bastante significativa a contribuição do mercantilismo à ciência econômica, foram difundidas algumas idéias importantes, de modo isolado, que acabaram influenciando uma nova fase da evolução do pensamento econômico, a fase científica da economia.
            A fisiocracia se constituiu numa corrente do pensamento econômico da Europa do século XVIII que defendia a idéia de que todo valor deriva da terra e só ela é capaz de produzir riqueza, assumindo uma posição clara de crítica ao mercantilismo.
            Os fisiocratas pregavam a liberdade de mercado, acreditando que o auto-interesse individual está na base do funcionamento harmônico da economia, motivo pelo qual combatiam as medidas intervencionistas do governo.
            A passagem faz-se através de transformações na propriedade. Atingida a sociedade comercial, só existe uma fonte de crescimento econômico, a divisão do trabalho.
            A era clássica teve como inicio uma reação às opiniões mercantilistas que impeliu o pensamento econômico para uma fase de transição. Durante esta fase o homem de negócios foi exposto como o principal investigador em questões econômicas e começaram a aparecer vagarosamente a altitude e a abordagem metodológica que mais tarde caracterizariam os escritos da era clássica. A altitude que recém emergia era de liberdade crescente, o povo começava a pensar que a maior liberdade em relação às restrições governamentais seria vantajosa para si e para economia. Esta atitude refletia a idéia que se desenvolvia aos poucos, de que o sistema econômico é um organismo autônomo de alta geração que não exige administração vinda de cima, funcionando melhor quando pode regular-se por si próprio.             Também estava obtendo aceitação uma filosofia hedonista de ganho material e prazeres, em oposição ao ponto de vista medieval da virtude na renuncia material. De acordo com esta filosofia, a prodigalidade não sendo imoral torna-se a vida do comercio, o progresso econômico depende do alto interesse e de níveis mais elevados de consumo pessoal.
            Para Marx, a consciência social era determinada pela existência social, ou seja, a superestrutura política, jurídica, religiosa, moral e filosófica de uma sociedade é determinado em uma instância, por sua base econômica. Sua obra daria certa estatura de maturidade ao pensamento socialista do século XIX.
            A história da humanidade não era senão a história da luta de classes. Segundo essa doutrina caberia à classe mais fraca o papel de transformar revolucionariamente a sociedade.
Partindo da teoria clássica do valor, Marx chegou a definir, com envolvimentos teóricos de aparência definitiva, a parcela do produto nacional resultante do trabalho e indevidamente apropriada pelos empresários capitalistas.
            Na analise das diversas teorias desenvolve Marx muitas vezes elaborações teóricas próprias, relativas a problemas que até hoje continuam a ter maior atualidade, como a nacionalização da terra, o trabalho produtivo e improdutivo e as raízes das crises do capitalismo. Segundo uma visão abrangente, as teorias são relacionadas com a filosofia que lhes serve fundamento e com vários aspectos do contexto social em que se situam.
            Marx construiu um engenhoso modelo, procurando demonstrar ainda que as sociedades estão sujeitas a uma constante transformação histórica e que os clássicos erraram ao admitir que a ordem natural do sistema capitalista conduziria a estabilização e ao crescimento econômico, pois as forças que criaram essa ordem procura estabiliza – la sufocando o crescimento de novas forças que ameaçava até que esta nova força finalmente se afirme e realize suas aspirações.