quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

ASPECTOS BIOPSICOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL --- 1

ASPECTOS BIOPSICOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Vamos diariamente oferecer o melhor de nós, avançando em direção a Deus, libertando-nos dos próprios valores desse mundo.
Santo Agostinho

É entre os filósofos  gregos que surge a primeira tentativa de sistematizar uma psicologia. O próprio termo “psicologia” vem do grego psyché, que significa alma e logos, que significa razão. Portanto, etimologicamente, “psicologia” significa “estudo da alma”. A alma, ou espírito, era concebida como a parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção.
Mas é com Sócrates (439-399 a.C.) que a Psicologia, na antiguidade ganha consciência. Sua principal preocupação era com o limite que separa o homem dos animais. Desta forma, postulava que a original característica humana era a razão. A razão permitia ao homem sobrepor-se aos instintos, que seriam a base da irracionalidade. Ao definir a razão como peculiaridade do homem ou como essência humana, Sócrates abre um caminho que seria muito explorado pela Psicologia. As teorias da consciência são, de certa forma, frutos dessa primeira sistematização.
Platão (427-347 a.C.), discípulo de Sócrates, procurou definir um “lugar” para a razão do nosso próprio corpo. Definiu esse lugar como sendo a cabeça, onde se encontra a alma do homem. A medula seria, portanto, o elemento da ligação da alma com o corpo. Esse elemento de ligação era necessário porque Platão concebia a alma separada do corpo. Quando alguém morria a matéria (o corpo) desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo.
Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, foi um dos mais importantes pensadores da história da Filosofia. Sua contribuição foi inovadora ao postular que alma e corpo não podem ser dissociados. Para Aristóteles, a psyché (alma) seria o princípio ativa da vida. Tudo aquilo que cresce, se reproduz e se alimenta possui a sua psyché . Dessa forma, os vegetais, os animais e o homem teriam alma. Os vegetais teriam alma vegetativa, que se define pela função de alimentação e reprodução. Os animais teriam essa alma e a alma sensitiva, que tem a função de percepção e movimento. E o homem teria os dois níveis anteriores e a alma racional, que tem função pensante.

PSICOLOGIA àé a ciência que estuda o comportamento humano e seus processos mentais. Melhor dizendo, a psicologia estuda o que motiva o comportamento humano – o que sustenta, o que finaliza e seus processos mentais, que passam pela sensação, emoção, percepção, aprendizagem e inteligência.
Filósofosà razão/alma
Sócrates àhomem àrazão
                   /animal

           Platão à lugar da razão àcabeça

           Aristóteles à alma e corpo não podem se separar

 Às vésperas da Era Cristã, surge um novo império: o Império Romano cuja principal característica é o aparecimento e o desenvolvimento do Cristianismo – uma força religiosa que passa a ser a força dominante.
Nesse período, a Igreja Católica também monopolizava o saber, consequentemente, o estudo do psiquismo.
Neste sentido, dois grandes filósofos representam esse período:

·         Santo Agostinho
·         São Tomás de Aquino

Santo Agostinho, inspirado em Platão, também fazia uma cisão entre alma e corpo. Entretanto, par ele, a alma não era somente a sede da Razão, mas a prova de uma manifestação divina do homem. A alma era imortal por ser o elemento que liga o homem a Deus. E, sendo a alma  também a sede do pensamento, a Igreja passa a se preocupar também com sua compreensão.

São Tomás de Aquino viveu num período que predominava a ruptura da Igreja Católica – o aparecimento do Protestantismo. Uma época que preparava a transição para o Capitalismo, com a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, na Inglaterra. Essa crise econômica e social leva ao questionamento da Igreja e dos conhecimentos produzidos por ela. Dessa forma, foi preciso encontrar novas justificativas para a relação entre Deus e o Homem.
São Tomás de Aquino foi buscar em Aristóteles a distinção entre e essência e a existência. Como o filósofo grego, considera que o homem, na sua essência, busca a perfeição através de sua existência. Porém, introduzindo o ponto de vista religioso, ao contrário de Aristóteles, afirma que somente Deus seria capaz de reunir a essência e a existência, em termos de igualdade.  Portanto, a busca da perfeição pelo homem seria de busca de Deus.
O Santo, e filósofo, encontra argumentos racionais para justificar os dogmas da Igreja e continua garantindo para ela o monopólio do estudo do psiquismo.
Pouco mais de 200 anos após a morte de São Tomás de Aquino, tem início uma época de transformações radicais no mundo europeu. É o  Renascimento ou Renascença.
As ciências também conhecem um grande avanço: Copérnico (mostra que o planeta não é o centro do Universo) e Galileu (estuda os corpos).
Neste período, René Descartes (1596-1659, um dos filósofos que mais contribuiu para o avanço da ciência, postula a separação entre mente (alma, espírito) e corpo, afirmando que o homem possui uma substancia material e uma substancia pensante e que o corpo, desprovido do espírito, é apenas uma máquina. Este dualismo mente-corpo torna possível o estudo do corpo morto, o que era impensável nos séculos  anteriores.

PSICOLOGIA DO SENSO COMUM

O tipo de conhecimento que vamos acumulando no nosso cotidiano é chamado de senso comum.
Ex.:
a)     A dona de casa, quando usa a garrafa térmica para manter o café quente, sabe quanto tempo ele permanecerá razoavelmente quente, sem fazer nenhum cálculo complicado e, muitas vezes, desconhecido completamente das leis da termodinâmica.
b)    A professora sabe que se recompensar a boa disciplina do aluno do curso primário com uma estrelinha no caderno, pode aumentar o comportamento desse aluno ser obediente na sala de aula.
c)     A mesma recompensa da letra (b) pode servir de exemplo para outros alunos.
d)    A namorada sabe que se marcou um encontro com o namorado para as 20h e ele chegou às 21h, pode ficar  de cara fechada com intenção de puni-lo por tê-la feito esperar.

Na letra “a” a pessoa sem saber sobre Física sabe conseguir o efeito esperado no ambiente. Nas letras “b”, “c” e “d”, as pessoas agiram com intenção de modificar o comportamento de alguém, mas sem saber de leis ou teorias da psicologia.
O conhecimento do senso comum é intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros. É um conhecimento importante porque sem ele nossa vida no dia-a-dia seria muito complicada. O senso comum percorre um caminho que vai do hábito à tradição, que passa de geração para geração. Integra de um modo o conhecimento humano.
A utilização de termos “rapaz complexado”, “mulher louca”, “menino hiperativo” expressa a comunicação do senso comum acerca do comportamento humano, que muitas vezes não ocorre de maneira científica. Os termos podem até ser da psicologia científica, mas são usados sem a preocupação de definir as palavras.

PSICOLOGIA CIENTÍFICA
 
No século XlX, o papel da ciência destaca-se, e seu papel torna-se necessário. O crescimento da nova ordem econômica – o capitalismo – traz consigo o processo de industrialização, para o qual a ciência deveria dar respostas e soluções práticas no campo da técnica. Nesse período, surge  homens como Hegel, demonstrando a importância da história para a compreensão do homem e Darwin, que enterra o antropocentrismo com sua tese evolucionista..
É em meados do século XlX que os problemas e temas da Psicologia, até então estudados exclusivamente pelos Filósofos, passam a ser, também, investigados pela Fisiologia e pela neurofisiologia em particular. Os avanços que atingiram também essa área levaram à formulação de teorias sobre o sistema nervoso central, demonstrando que o pensamento, as percepções e os sentimentos humanos eram produtos desse sistema.


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