Estranhamento
e Identificação Cultural
A
percepção da individualidade nasce com o reconhecimento que o outro é
diferente. Os nossos ritos e símbolos
expressam as diferenças. São uma forma de nos reconhecermos e de nos
diferenciarmos daqueles que não compartilham de nossos valores e costumes.
Aderir a determinados
costumes e padrões culturais expressam a identificação com o grupo social. – Profissão, posição política, padrão estético
– são expressões de que nos valemos para nos identificarmos com um grupo de
pessoas e valores e nos diferenciarmos de outros.
Aderir a determinados costumes
e padrões culturais expressam a identificação com o grupo social. – Profissão,
posição política, padrão estético – são
expressões de que nos valemos para nos identificarmos com um grupo de pessoas e
valores e nos identificarmos.
Toda cultura é uma mistura. Nem os padrões, nem os
significados, nem os grupos, são imóveis. A transformação é contínua.
O autoconhecimento depende
do outro e vice-versa. Nós nos diferenciamos de grupos quando nos identificamos com outros. A diferenciação
e identificação cultural se faz ora com alguns símbolos ora com outros e com
ressignificação, isto é, alterando o significado de um mesmo símbolo.
Multiculturalismo
e Interculturalismo
O multiculturalismo vê as diferenças culturas como positivas, por isso, opõe-se a todas
as formas de expropriação cultural.
Hoje em dia, fala-se muito
de pluralismo cultural ou de multiculturalismo como afirmação da diferença
cultural e como recusa positiva e deliberada à hierarquização etnocêntrica das
culturas. Considera-se, então, que cada grupo cultural tem direito a conservar
e a desenvolver a sua cultura e a educar-se com base nos próprios valores e
conhecimentos culturais em igualdade de condição.
Todavia, a perspectiva do multiculturalismo
não significa, necessariamente, interação. Ela pede simplesmente a convivência
pacífica e respeitosa com o diferente, mas sem disposição de interação. Ou
seja, o ajuntamento de culturas múltiplas no interior de uma sociedade, sem
comunicação entre elas, permanecendo cada uma apartada da outra.
O que diferencia, então, o
interculturalismo do multiculturalismo? O prefixo “inter” coloca a tônica nas trocas entre as culturas nos
cruzamentos, nas conexões, articulações, comunicações, diálogos, em que cada um
pode beneficiar-se da outra. Enquanto o termo multicultural é puramente
descritivo, isto é, descreve a realidade das sociedades nas quais
coexistem diferentes culturas, o termo intercultural é normativo, pois
refere-se a um processo de intercâmbio e interação comunicativa que seria
desejável nas sociedades multiculturais.
O interculturalismo valoriza
a interação e o intercâmbio entre diferentes culturas e não simples
coexistência entre elas. Nesse sentido, trata-se de um processo permanente,
sempre inacabado, marcado por uma deliberada intenção de promover uma relação
dialógica e democrática entre as culturas e os grupos “fechados” e não
unicamente de uma coexistência pacífica em mesmo território.
O interculturalismo parte de
um conceito de cultura mais dinâmica que permite o intercâmbio e o diálogo
entre os grupos culturais e seu mútuo enriquecimento. Não considera nenhuma
cultura como superior a outra e com direito a dominá-la, mas tampouco
compartilha com os relativistas a consideração de que todas as culturas têm
igual valor.
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