Cultura
de Massa
A cultura de massa é aquela
veiculada pelos meios de comunicação de massa, como televisão, rádio, jornais e
revistas de grande circulação, cinemas e internet.
A comunicação de massa
alterou, profundamente, as condições de transmissão de saber. Há muitas pessoas
que julgam tais inovações tecnológicas e culturais fundamentalmente positivas,
mas elas são bastante polêmicas.
O primeiro ponto polêmico é
o que diz respeito à massificação. Por sua dimensão industrial e sua produção em grande escala, a comunicação de
massa viabiliza produtos em custos relativamente bem menores que os de produção
artesanais ou de pequena escala. Com isso ela aumentou o volume de oferta e o
alcance de seu mercado, o que a torna mais acessível e acelera a circulação de
informações e conhecimentos. De que forma isso se dá? Reproduzindo milhares de
consumidores. Esse tipo de cultura é, por isso, chamado de massificação porque
não cuida de cultivar gostos específicos. Ela foi se sofisticando e criando
linhas de produtos para cada estilo de consumo. Contudo, ainda assim, não há
nada que estimule a individualidade nas pessoas do mesmo padrão de consumo.
Veja bem que, para a indústria cultural, os indivíduos são, antes de tudo,
consumidores. Deles espera-se que consumam e não criem por si.
O estímulo à passividade é
assim um segundo ponto crítico na cultura de massa. Até algumas décadas atrás,
as pessoas costumavam reunir-se para cantar em muitas situações em que, hoje em
dia, escutam rádio ou cd. Aquela
cantoria poderia não ser muito afinada, mas exigia uma participação ativa.
Parece que, agora, exercitamos mais a observação ou a contemplação, do que a
participação. Várias atividades que exigiam a presença e a movimentação de
multidões, como festividades, jogos, missas e comícios, vão sendo substituídos
por programas televisionados, a que as pessoas assistem confortavelmente em
suas casas. Entretanto, ver pela TV
não é o mesmo que estar lá, no meio desses eventos.
Parece que, pelos meios de
massa, temos muita notícia e informação, mas sempre como espectadores e quase
nunca como participantes e criadores de cultura. Enquetes eletrônicas, do tipo “você
decide”, são, de certa forma, interativos. Pense, porém, no nível de
participação comparativamente às manifestações não medidas pelos veículos de
massa. Repare, também, como sua “participação” não interage com o processo de
participação do outro, que permanece anônimo e distante.
As informações são
veiculadas até que estejamos satisfeitos (fartos), como consumidores. Então é
lançado outro produto cultural, fantástico, para você continuar ligado daquele
mesmo jeito, quieto, observando...e esperando o próximo lançamento.
De acordo com os críticos da indústria cultural, e de seu
impacto no conjunto da sociedade, ela impõe padrões de cima para baixo,
alienando e manipulando o cidadão. Como atividade industrial e comercial, ela
está interessada, principalmente, nas vendas e não na formação do indivíduo.
Ela foi contestada por um conjunto
de movimentos, chamados de contracultura,
que eclodiu em diversas partes do mundo, a partir do fim dos anos 60, como o
movimento hippie e as rebeliões
estudantis.
Os defensores das novas tecnologias
não ignoram essa lógica. Acham, no entanto, que seus efeitos na cultura não são
apenas maléficos. Julgam, por exemplo, que a indústria cultural permite, se não
a democratização do conhecimento, ao menos uma ampliação extraordinária do acesso
aos bens culturais. Por isso discordam de que seja tratada meramente como fator
de alienação. Julgar que programas de televisão, computadores, filmes,
noticiários e revistas determinam atitudes e valores da população equivale a
desconsiderar a capacidade dos indivíduos de refletir, de ironizar e de criar
novos significados para as mensagens veiculadas.
Seja como for, o importante
aqui é não perder de vista que há diferentes tipos de práticas culturais.
Embora essa caracterização das culturas eruditas, popular e de massa feita
anteriormente seja meramente esquemática, ela ajuda a pensar sobre suas diferentes perspectivas. Serve também
para refletirmos sobre alguns problemas que decorrem dos esquemas classificatórios, pois estes não
explicam as transformações e as interações entre os diferentes tipos de
cultura.
Basta um rápido exame, para
ver como são movediças as fronteiras entre os tipos de cultura. A cultura
popular pode ser oficializada, discutida e ensinada em universidades; exposta
em museus e festivais no exterior; patrocinada pelo Governo e apresentada em
ocasiões solenes. Ela torna-se clássica, quando seus criadores ganham a notoriedade
de gênios e suas produções o prestígio de obras primas. Veja-se o caso de
Aleijadinho e Mestre Ataíde e mais recentemente Manoel de Barros
Vimos que a indústria
cultural apropria-se de diversos elementos da cultura erudita e popular e
veicula-os. Quantas reproduções foram feitas das pinturas clássicas?
Não dá para desconsiderar o
imenso e valioso patrimônio cultural, mas não há como abraçar tudo. Não há,
tampouco, como negar a influência dos meios de comunicação, nem como dispensar
seus recursos. Todavia, “diante da ação compacta dos meios de comunicação de
massa, o educador deve estar apto a
utilizar os benefícios deles decorrentes e cuidar da instrumentalização
adequada, para que sejam evitados os seus efeitos massificantes” (Aranha, 2000,
p.3).
Como educador, ele deve
lutar para que todos tenham acesso a todos os bens culturais e usufruam deles.
Que não só os consumam, mas também os recriem. Fazer como sugeria o poeta Carlos
Drummond de Andrade, que, ao pegar um livro velho, se procurasse sentir e
incorporar “a substância inerente a toda criação do espírito: o desejo de
alongar as fronteiras da existência, pela reflexão ou pelo sonho acordado”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário