Pilar Ternera, que então vivia
somente com seus dois filhos menores, não lhe fez nenhuma pergunta. Levou-o
para a cama. Limpou-lhe a cara com um trapo úmido, tirou-lhe a roupa e logo se
despiu por completo e abaixou o mosquiteiro para que não a vissem os filhos, se
acordassem. Tinha cansado de esperar pelo homem que ficou, pelos homens que
foram embora, pelos incontáveis homens que erraram o caminho de sua casa,
confundidos pela incerteza das cartas. Na espera, sua pele
tinha enrugado, seus seios tinham murchado e se havia apagado a brasa do
coração. Procurou Aureliano na escuridão, pôs-lhe a mão no ventre e beijou-o no
pescoço com uma ternura maternal. “Meu pobre menininho”, murmurou. Aureliano
estremeceu. Com um desembaraço repousado, sem a menor dificuldade, deixou para
trás as escarpas da dor e encontrou Remédios transformada num lago sem
horizontes, cheirando a animal cru e a roupa recém passada a ferro. Quando
boiou estava chorando. Primeiro foram soluços involuntários e entrecortados.
Depois se esvaziou num manancial desatado, sentindo que algo tumefato e
doloroso tinha arrebentado no seu interior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário