terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

ANÁLISE DO DISCURSO --- Considerações

ANÁLISE DO DISCURSO

A AD, como seu próprio nome indica, não trata da língua, não trata da gramática, embora todas as coisas lhe interessem. Ela trata do discurso que tem em si a ideia de curso, de percurso, de correr por, de movimento. O discurso é assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do discurso, observa-se o homem falando.
Na AD, procura-se compreender a língua fazendo sentido, enquanto trabalho simbólico, parte do trabalho social geral, constitutivo do homem e da sua história.
Levando em conta o homem na sua história, considera os processos as condições de produção da linguagem, pela análise da relação estabelecida pela língua com os sujeitos que a falam e as situações em que se produz o dizer.
Assim os estudos  dos discursos visam pensar o sentido dimensionado no tempo e no espaço das práticas do homem, descentrando a noção de sujeito e relativizando a autonomia do objeto da Linguística.
Dessa forma, a AD reflete a maneira como a linguagem está materializada na ideologia e como a ideologia se manifesta na língua.
Partindo da ideia de que a materialidade específica da ideologia é o discurso e a materialidade do discurso é a  língua, trabalha-se a relação língua-discurso-ideologia.
Pêcheux (1975) “não há discurso sem sujeito e não há sujeito sem ideologia: o indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia e é assim que a  língua faz sentido".
A AD não procura atravessar o texto para encontrar um sentido do outro lado. A questão que ela coloca é: – como este texto significa?    
Assim, para a AD:
a)    a língua tem sua ordem  própria mas só é relativamente autônoma.

b)    a história tem seu real afetado pelo simbólico, os fatos reclamam sentido.

c)    o sujeito de linguagem é descentrado pois o afetado pelo real da língua e também pelo real da história, não tendo o controle sobre  o modo como elas o afetam. Isso redunda em dizer que o discurso funciona pelo inconsciente e pela ideologia.

A AD é herdeira das três regiões de conhecimentos --- Psicanálise, Linguística, Marxismo. As relações de linguagem são relações de sujeitos e de sentidos e seus efeitos são múltiplos e variados. Daí a definição de discurso: o discurso é efeito de sentidos entre locutores.


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