Toda
manhã eu me sentava ali com o notebook no colo para trabalhar. Eu via o caminho
do sol pelos raios que entravam pela janela e depois pela porta, conforme a
hora. Muitas vezes parava o trabalho para escrever sobre a vida. A vida que
teimava existir em mim e que eu queria
negar. Porque falava dele desde as coisas mais insignificantes ate àquelas que
me moviam. Negava porque era muito doloroso aceitar essa verdade. Em nenhum
momento eu pensava em interromper essa vida e ver o real lá fora. Saber que a
vida corria lá fora era mais doloroso ainda.
Eu
queria sim, que tudo parasse, que o tempo voltasse naquele instante que ele me
olhou, e que eu vi o mundo dentro dele. Um instante foi bastante para perceber
que o amor seria amor em qualquer lugar, em qualquer tempo, seja na vida ou na morte.
Eu
sentia o amor tão grande, tão denso, em mim, dentro e em volta de mim. Eu
sentia a presença dele tão forte como se fosse físico mesmo, que eu sabia, eu
tinha certeza que mesmo depois que eu morresse eu continuaria amando aquele
amor. Nada nesta vida, nem depois dela, nunca, nada seria capaz de exterminar,
de exaurir, de consumir este amor. Ele, o meu amor, vai existir até depois do
final dos tempos. Esta certeza é que me faz viver, e que torna tudo tão doce.
Não importa a vida lá fora. Este amor já me levou para outra dimensão. Eu vivo
além.
Lécia Freitas
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