quinta-feira, 11 de maio de 2017

A ÉTICA E OS SELETOS



            As terapias com células-tronco têm gerado polêmica, tanto entre os estudiosos quanto na sociedade em geral por abranger âmbitos que vão além da medicina. O procedimento na obtenção dessas células traz implicações políticas, religiosas, morais e éticas. No Brasil existe uma específica Lei que regulamenta esta prática. O assunto é tão complexo que em vários países é proibido a manipulação e utilização dessas células.
            As terapias com células-tronco abre um caudal de esperança de vida para muitos pacientes. Essas células  podem ser conseguidas por meio do cordão umbilical e placenta. No entanto, este tipo de célula não consegue desenvolver tantos tecidos como as células adquiridas em tecidos clonados.  Daí a necessidade de se fazer clonagem. Casais que não podem ter filhos, se utilizam de meios de fertilização criando embriões, que depois serão implantados no útero de uma mulher, seja a própria doadora dos óvulos ou não. São processos   delicados, dispendiosos e que também suscitam diversas polêmicas sobre sua prática, em diversas questões da vida humana, mas se tornam a cada dia mais corriqueiros devido ao fato de que para muitos é o último recurso,  na tentativa de terem um filho.  O que têm causado as discussões é o fato de que o material biológico utilizado para a clonagem são os embriões congelados excedentes que das fertilizações, que ficam nos laboratórios. E esses embriões são considerados como seres vivos, pelos estudiosos. Segundo a reflexão  da médica psicanalista, pesquisadora em Bioética da Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher do Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz e Diretora Executiva da Sociedade de Bioética do Estado do Rio de Janeiro - SB Rio, Prof. Dra. Marlene Braz, a respeito da pertinência da discussão sobre o inicio da vida: "Sem dúvida o embrião é um ser vivo. Não é ainda pessoa, mas já é vivo”.
            Os questionamentos éticos sobre o assunto advêm, também,  dessa afirmativa.  Como acreditar que a esperança de cura para muitos estão acima da vida desses embriões? Esses embriões, no caso clones, são gerados para serem destruídos. Ainda que seja para salvar vidas, será moralmente aceitável salvar vidas, tirando outras? Além disso, há um risco, segundo especialistas, de deformações genéticas, no caso de clones.
             A discussão não se esgota, sendo que a cada argumento surgem  novos  debates. O que se pode imaginar é que, as pessoas que esperam pelo tratamento, na ânsia pela vida, não vão observar os princípios éticos. Mas, sendo um tratamento tão dispendioso, quantos terão acesso? Seria esse, mais um processo de seletividade, acrescentando mais um item na longa lista  da exclusão?
Lécia Freitas


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