Lygia Bojunga
Uma
leitura prazerosa, uma vez que o livro é
uma agradável suspresa. Com uma linguagem simples, a autora prende os leitores
através do ficcional. Embora haja passagens do cotidiano da personagem central
não há limites entre o real e a fantasia. Isso comprova-se quando, em um almoço
de família, o galo que mora dentro da bolsa amarela sai e começar a conversar.
Impressionante como Bojunga traz da imaginação infantil estratégias que
eliminam problemas e/ou dificuldades para sequenciar a história. Como no relato
acima em que Raquel, a protagonista, para explicar a presença de um galo
falante em sua bolsa, disfarça e diz que “é uma mágica. Uma mágica muito forte”.
É
interessante como a autora aborda temas que vão ao encontro do universo da
criança com o mundo adulto. O livro oferece ao leitor uma visão clara dos
comportamentos sociais e convida o leitor a uma caminhada que vai da fantasia
até a realidade. É nesse sentido que a literatura é um dos grandes meios de
busca e conhecimento, pois além de ter como matéria-prima a palavra (aquilo que
define o humano em relação ao animal) ela é o ato criador que transfigura a
realidade da vida em arte.”
Na
verdade, a autora, sutilmente, apresenta a tecedura da história de forma a não
deixar pistas sobre a intencionalidade do discurso. De acordo com o
contexto, reconhecido durante
o estudo do livro, a escritora aborda questões relevantes e de interesse
público. Entremeada com os conflitos interiores vividos pela menina e com os
enfrentamentos da mesma diante da família, a delicadeza que Bojunga usou nessa abordagem, dentro de uma pretensa
história infantil, deliciosa, foi de extrema inteligência. De modo a não levantar
suspeitas dos orgãos repressores que
existiam na época da ditadura, quando o livro foi escrito.
A
príncipio, o livro destina-se, para estudos, à alunos do 6º ano, desde que seja
trabalhado apenas na superficialidade. No entanto, diante do conteúdo, ele pode
ser trabalhado, com alunos de um faixa etária maior, levando em consideração
todo o seu contexto. Imagino uma roda de conversa em que cada um exponha a
própria opinião sobre o livro, e a professora, habilmente, conduzindo o fio da
história no sentido de apresentar tudo o que a autora quis revelar, denunciar, desalienar.
Lécia Conceição de Freitas
Disponível
em: <http://literaturaacademica.blogspot.com.br/2008/01/o-universo-ideolgico-da-obra-bolsa.html>
Acesso em 02/03/2013.
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