segunda-feira, 10 de julho de 2017

A BOLSA AMARELA


Lygia Bojunga

Uma leitura prazerosa, uma vez que  o livro é uma agradável suspresa. Com uma linguagem simples, a autora prende os leitores através do ficcional. Embora haja passagens do cotidiano da personagem central não há limites entre o real e a fantasia. Isso comprova-se quando, em um almoço de família, o galo que mora dentro da bolsa amarela sai e começar a conversar. Impressionante como Bojunga traz da imaginação infantil estratégias que eliminam problemas e/ou dificuldades para sequenciar a história. Como no relato acima em que Raquel, a protagonista, para explicar a presença de um galo falante em sua bolsa, disfarça e diz que “é uma mágica. Uma mágica muito forte”.

É interessante como a autora aborda temas que vão ao encontro do universo da criança com o mundo adulto. O livro oferece ao leitor uma visão clara dos comportamentos sociais e convida o leitor a uma caminhada que vai da fantasia até a realidade. É nesse sentido que a literatura é um dos grandes meios de busca e conhecimento, pois além de ter como matéria-prima a palavra (aquilo que define o humano em relação ao animal) ela é o ato criador que transfigura a realidade da vida em arte.”

Na verdade, a autora, sutilmente, apresenta a tecedura da história de forma a não deixar pistas sobre a intencionalidade do discurso. De acordo com o contexto,            reconhecido durante o estudo do livro, a escritora aborda questões relevantes e de interesse público. Entremeada com os conflitos interiores vividos pela menina e com os enfrentamentos da mesma diante da família, a delicadeza que Bojunga  usou nessa abordagem, dentro de uma pretensa história infantil, deliciosa, foi de extrema inteligência. De modo a não levantar suspeitas dos orgãos  repressores que existiam na época da ditadura, quando o livro foi escrito.
A príncipio, o livro destina-se, para estudos, à alunos do 6º ano, desde que seja trabalhado apenas na superficialidade. No entanto, diante do conteúdo, ele pode ser trabalhado, com alunos de um faixa etária maior, levando em consideração todo o seu contexto. Imagino uma roda de conversa em que cada um exponha a própria opinião sobre o livro, e a professora, habilmente, conduzindo o fio da história no sentido de apresentar tudo o que a autora quis revelar, denunciar, desalienar.
Lécia Conceição de Freitas



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