Vivemos em uma sociedade plural
composta por indivíduos que se diferenciam entre si, justamente, pela sua
individualidade, mas que se assemelham em essência. As diferenças, surgem
naturalmente, e devem acontecer, mas não se pode admitir que um ser humano se considere superior ao outro.
Numa sociedade pluralista, existem
diversos tipos de grupos que observam o outro, fiscalizando-o e influenciando
na tomada de decisões. O objetivo do pluralismo é descentralizar o poder
estatal de forma que as decisões não atendam exclusivamente a interesses de um
único grupo dominante.
O que uma sociedade
pluralista deve ter como princípio, é o reconhecimento dos contrastes e
diferenças existentes entre os grupos de forma a atender, dentro de um
sistema democrático, os interesses de
quantos for possível, superando conflitos e buscando soluções. Ressalta-se que
no pluralismo deve-se observar a tolerâncias às diversas posições e opiniões sobre, vários aspectos da vida
humana e suas implicações. Porém, mais que a tolerância é preciso cultivar o
respeito às diversidades, de todo e qualquer caráter, uma vez que tolerância
não é e nunca será sinônimo de respeito.
No Brasil, existe o pluralismo
político uma vez que a quantidade de partidos com opiniões contrárias atestam
essa afirmativa. Na atualidade, pode-se afirmar que a sociedade também é
pluralista devido à existência de grupos sociais diferentes, como os
religiosos, os homossexuais, as diversas etnias, os imigrantes, etc. Eles
existem, mas dizer que são respeitados é mascarar a realidade. Diariamente,
pelos vários veículos de informação são
noticiados violência e crimes cometidos pelos que são contrários a esses grupos citados, casos abomináveis de intolerância e
desrespeito. Em muito deles, ocorrem mortes de forma trágica e dolorosa
causando horror e tristeza ao restante da população que repudia e
recrimina esses atos. Esse antagonismo tem gerado um clima de insegurança e
medo em grande parcela da sociedade que não encontra uma solução para o
problema. Na tentativa de evitar conflitos e possíveis ataques, os indivíduos
preferem a reclusão e a introversão, em prejuízo das relações pessoais, tão
importantes a qualquer ser humano. Com isso pode-se afirmar que embora haja o
pluralismo cultural, ele não é respeitado, já que os grupos pertencentes à
elite dominante rejeitam e desprezam, violentamente, as manifestações que não lhe são próprias.
Diante dessa conjuntura, observa-se
que na sociedade brasileira predomina o pensamento conservador, característico de uma elite tacanha que
dominou o país por séculos, explorando os menos favorecidos e se considerando
superior em todos os aspectos. No cenário político, ainda que haja o
multipartidarismo a situação não se altera, uma vez que os partidos
conservadores não aceitam o governo de esquerda que por ora está no poder,
legitimamente constituído, criando um clima de instabilidade, política social e
econômica, que prejudica a nação e todos os que aqui vivem. O pluralismo existe, mas não pode se
manifestar, correndo o riso de ser apedrejado até a morte, devido a um ódio sem
precedentes em todos os espaços públicos. Definitivamente, a nossa sociedade
pode ser pluralista, no sentido de heterogeneidade, mas não é moderna e sim,
conservadora e retrógrada.
Lécia Freitas
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