segunda-feira, 10 de julho de 2017

CONSERVADORISMO DOMINANTE



         

            Vivemos em uma sociedade plural composta por indivíduos que se diferenciam entre si, justamente, pela sua individualidade, mas que se assemelham em essência. As diferenças, surgem naturalmente, e devem acontecer, mas não se pode admitir que  um ser humano se considere superior ao outro.
            Numa sociedade pluralista, existem diversos tipos de grupos que observam o outro, fiscalizando-o e influenciando na tomada de decisões. O objetivo do pluralismo é descentralizar o poder estatal de forma que as decisões não atendam exclusivamente a interesses de um único grupo dominante.
O que uma sociedade pluralista deve ter como princípio, é o reconhecimento dos contrastes e diferenças existentes entre os grupos de forma a atender, dentro de um sistema  democrático, os interesses de quantos for possível, superando conflitos e buscando soluções. Ressalta-se que no pluralismo deve-se observar a tolerâncias às diversas posições e  opiniões sobre, vários aspectos da vida humana e suas implicações. Porém, mais que a tolerância é preciso cultivar o respeito às diversidades, de todo e qualquer caráter, uma vez que tolerância não é e nunca será sinônimo de respeito.
            No Brasil, existe o pluralismo político uma vez que a quantidade de partidos com opiniões contrárias atestam essa afirmativa. Na atualidade, pode-se afirmar que a sociedade também é pluralista devido à existência de grupos sociais diferentes, como os religiosos, os homossexuais, as diversas etnias, os imigrantes, etc. Eles existem, mas dizer que são respeitados é mascarar a realidade. Diariamente, pelos  vários veículos de informação são noticiados violência e crimes cometidos pelos que são contrários  a esses grupos  citados, casos abomináveis de intolerância e desrespeito. Em muito deles, ocorrem mortes de forma trágica e dolorosa causando  horror e tristeza  ao restante da população que repudia e recrimina esses atos. Esse antagonismo tem gerado um clima de insegurança e medo em grande parcela da sociedade que não encontra uma solução para o problema. Na tentativa de evitar conflitos e possíveis ataques, os indivíduos preferem a reclusão e a introversão, em prejuízo das relações pessoais, tão importantes a qualquer ser humano. Com isso pode-se afirmar que embora haja o pluralismo cultural, ele não é respeitado, já que os grupos pertencentes à elite dominante rejeitam e desprezam, violentamente,  as manifestações que não lhe são próprias.
            Diante dessa conjuntura, observa-se que na sociedade brasileira predomina o pensamento conservador,  característico de uma elite tacanha que dominou o país por séculos, explorando os menos favorecidos e se considerando superior em todos os aspectos. No cenário político, ainda que haja o multipartidarismo a situação não se altera, uma vez que os partidos conservadores não aceitam o governo de esquerda que por ora está no poder, legitimamente constituído, criando um clima de instabilidade, política social e econômica, que prejudica a nação e todos os que aqui vivem.  O pluralismo existe, mas não pode se manifestar, correndo o riso de ser apedrejado até a morte, devido a um ódio sem precedentes em todos os espaços públicos. Definitivamente, a nossa sociedade pode ser pluralista, no sentido de heterogeneidade, mas não é moderna e sim, conservadora e retrógrada.

Lécia Freitas 

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