As terapias com células-tronco têm gerado
polêmica, tanto entre os estudiosos quanto na sociedade em geral por abranger
âmbitos que vão além da medicina. O procedimento na obtenção dessas células
traz implicações políticas, religiosas, morais e éticas. No Brasil existe uma
específica Lei que regulamenta esta prática. O assunto é tão complexo que em
vários países é proibido a manipulação e utilização dessas células.
As terapias com células-tronco abre
um caudal de esperança de vida para muitos pacientes. Essas células podem ser conseguidas por meio do cordão
umbilical e placenta. No entanto, este tipo de célula não consegue desenvolver
tantos tecidos como as células adquiridas em tecidos clonados. Daí a necessidade de se fazer clonagem.
Casais que não podem ter filhos, se utilizam de meios de fertilização criando
embriões, que depois serão implantados no útero de uma mulher, seja a própria
doadora dos óvulos ou não. São processos
delicados, dispendiosos e que também suscitam diversas polêmicas sobre
sua prática, em diversas questões da vida humana, mas se tornam a cada dia mais
corriqueiros devido ao fato de que para muitos é o último recurso, na tentativa de terem um filho. O que têm causado as discussões é o fato de
que o material biológico utilizado para a clonagem são os embriões congelados
excedentes que das fertilizações, que ficam nos laboratórios. E esses embriões
são considerados como seres vivos, pelos estudiosos. Segundo
a reflexão da médica psicanalista,
pesquisadora em Bioética da Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher do
Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz e Diretora Executiva da
Sociedade de Bioética do Estado do Rio de Janeiro - SB Rio, Prof. Dra. Marlene
Braz, a respeito da pertinência da discussão sobre o inicio da vida: "Sem dúvida o embrião é um ser vivo. Não é ainda
pessoa, mas já é vivo”.
Os
questionamentos éticos sobre o assunto advêm, também, dessa afirmativa. Como acreditar que a esperança de cura para
muitos estão acima da vida desses embriões? Esses embriões, no caso clones, são
gerados para serem destruídos. Ainda que seja para salvar vidas, será
moralmente aceitável salvar vidas, tirando outras? Além disso, há um risco,
segundo especialistas, de deformações genéticas, no caso de clones.
A discussão não se
esgota, sendo que a cada argumento surgem
novos debates. O que se pode
imaginar é que, as pessoas que esperam pelo tratamento, na ânsia pela vida, não
vão observar os princípios éticos. Mas, sendo um tratamento tão dispendioso,
quantos terão acesso? Seria esse, mais um processo de seletividade,
acrescentando mais um item na longa lista
da exclusão?
Lécia Freitas
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