5.5.5 O contador de histórias... um mundo sem fim!
(O Foco Narrativo)
No foco narrativo, o autor dá voz a
um narrador para contar a história, muitas vezes para transmitir a sua visão do
mundo. O narrador pode ser em primeira pessoa, o eu que conta a história e é
protagonista ou ainda personagem secundário.
O foco narrativo, em Grande
Sertão : Veredas, está
em primeira pessoa. Riobaldo, narrador-personagem, já um rico fazendeiro, conta
a sua vida a um senhor instruído, citadino, que não se manifesta, perceptível
apenas pelas marcas que o narrador deixa em sua fala, como pode ser comprovado
em: “O senhor aprova?” [...]
“Mas, não diga que o
senhor assisado e instruído, que
acredita na pessoa dele?!.” Não?
Lhe agradeço! (ROSA, 2006, p 10). Na obra, o jagunço conta a sua história e
fala do seu amor “de ouro e prata – Diadorima – “que nasceu pra muito
guerrear.”
Todo o discurso narrativo de
Riobaldo está entremeado com o amor que sentiu por Diadorim. Ao narrar, ele
fala dos fatos e das emoções que sentiu por causa desse amor:
assim eu ouvi, era tão singular.
Muito fiquei repetindo em minha mente as
palavras, modo de me acostumar com aquilo.E ele me deu a mão.Daquela mão, eu
recebia certezas. Dos olhos. Os olhos que ele punha em mim, tão externos, quase tristes de grandeza. Deu alma em cara. Adivinhei o
que nós dois queríamos – logo eu disse: – “Diadorim...Diadorim!”
– Com uma força de afeição. Ele sério sorriu. E eu gostava dele, gostava,
gostava. (ROSA, 2006, p. 156).
É possível perceber, nesse trecho, a profundidade do amor dos dois
protagonistas e a intensa carga emotiva do narrador. Embora o sentimento fosse
intenso, ele não foi percebido por nenhuma das outras personagens do livro,
pois os amantes não o deixavam transparecer, era indizível até mesmo nos
diálogos travado entre os dois.
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