terça-feira, 29 de julho de 2014

"A POÉTICA ROSEANA" Capítulo 5.5.5

5.5.5 O contador de histórias... um mundo sem fim! 

         (O Foco Narrativo)


            No foco narrativo, o autor dá voz a um narrador para contar a história, muitas vezes para transmitir a sua visão do mundo. O narrador pode ser em primeira pessoa, o eu que conta a história e é protagonista ou ainda personagem secundário.
             O foco narrativo, em Grande Sertão: Veredas, está em primeira pessoa. Riobaldo, narrador-personagem, já um rico fazendeiro, conta a sua vida a um senhor instruído, citadino, que não se manifesta, perceptível apenas pelas marcas que o narrador deixa em sua fala, como pode ser comprovado em: “O senhor aprova?” [...]
“Mas, não diga que o senhor assisado e instruído, que  acredita na pessoa dele?!.”  Não? Lhe agradeço!  (ROSA, 2006, p 10).  Na obra, o jagunço conta a sua história e fala do seu amor “de ouro e prata – Diadorima – “que nasceu pra muito guerrear.”
            Todo o discurso narrativo de Riobaldo está entremeado com o amor que sentiu por Diadorim. Ao narrar, ele fala dos fatos e das emoções que sentiu por causa desse amor:
assim eu ouvi, era tão singular. Muito fiquei repetindo em  minha mente as palavras, modo de me acostumar com aquilo.E ele me deu a mão.Daquela mão, eu recebia certezas. Dos olhos. Os olhos que ele punha em mim, tão externos, quase  tristes de grandeza. Deu alma em cara. Adivinhei o que nós dois queríamos – logo eu disse: – “Diadorim...Diadorim!” – Com uma força de afeição. Ele sério sorriu. E eu gostava dele, gostava, gostava. (ROSA, 2006, p. 156).

            É possível perceber, nesse trecho, a profundidade do amor dos dois protagonistas e a intensa carga emotiva do narrador. Embora o sentimento fosse intenso, ele não foi percebido por nenhuma das outras personagens do livro, pois os amantes não o deixavam transparecer, era indizível até mesmo nos diálogos travado entre os dois.



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