Gabriel Garcia Marquez
Pilar Ternera, que então vivia somente com seus dois
filhos menores, não lhe fez nenhuma pergunta. Levou-o para a cama. Limpou-lhe a
cara com um trapo úmido, tirou-lhe a roupa e logo se despiu por completo e
abaixou o mosquiteiro para que não a vissem os filhos, se acordassem. Tinha
cansado de esperar pelo homem que ficou, pelos homens que foram embora, pelos
incontáveis homens que erraram o caminho de sua casa, confundidos pela
incerteza das cartas. Na espera, sua pele tinha enrugado, seus seios tinham
murchado e se havia apagado a brasa do coração. Procurou Aureliano na escuridão,
pôs-lhe a mão no ventre e beijou-o no pescoço com uma ternura maternal. “Meu pobre
menininho”, murmurou. Aureliano estremeceu. Com um desembaraço repousado, sem a
menor dificuldade, deixou para trás as escarpas da dor e encontrou Remédios transformada
num lago sem horizontes, cheirando a animal cru e a roupa recém passada a ferro.
Quando boiou estava chorando. Primeiro foram soluços involuntários e
entrecortados. Depois se esvaziou num manancial desatado, sentindo que algo
tumefato e doloroso tinha arrebentado no seu interior.
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