RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NA SALA DE
AULA
As
relações entre professores e alunos, as formas de comunicação, os aspectos
afetivos e emocionais, a dinâmica das manifestações em sala de aula fazem parte
das condições organizativas do trabalho docente.
A
interação professor-aluno é um aspecto fundamental da organização da “situação
didática”, porém não é o único fator determinante da organização de ensino,
razão pela qual ele precisa ser estudado em conjunto com outros fatores,
principalmente a forma de aula. Ressaltam-se dois aspectos da interação
professor-alunos no trabalho docente: o aspecto cognoscitivo e o aspecto
sócio-emocional.
Entende-se
por cognoscitivo o processo que transcorre no ato de ensinar e no ato de
aprender, tendo em vista a transmissão e assimilação de conhecimentos. O
trabalho docente se caracteriza por um constante vaivém entre as tarefas
cognoscitivas colocadas pelo professor e o nível de preparo dos alunos para
resolverem as tarefas. Não se espera que haja pleno entendimento entre professor
e aluno, mesmo porque a situação pedagógica é condicionada por outros fatores,
mas as formas adequadas de comunicação concorrem positivamente para a interação
professor-aluno.
Durante
o trabalho docente, as perguntas e respostas dos alunos mostram como eles estão
reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação
dos conhecimentos. O que possibilita
diagnosticar as causas dessas dificuldades.
Para
uma boa interação no aspecto cognoscitivo é preciso levar em conta: o manejo
dos recursos da linguagem; conhecer bem
o nível de conhecimentos dos alunos; ter
um bom plano de aula e objetivos claros; explicar aos aluno o que se espera
deles em relação à assimilação da matéria e usar corretamente a Língua
Portuguesa.
Os
aspectos sócio-emocionais se referem aos vínculos afetivos entre professor e
alunos, como também às normas e exigências objetivas que regem a conduta dos
alunos na aula (disciplina). Cabe ao
professor controlar esse processo, estabelecer normas, deixando bem claro o que
espera dos alunos. As ações docentes devem orientar os alunos para que
respondam a elas como sujeitos ativos e independentes. A autoridade do
professor e a autonomia dos alunos são
realidades complementares. Do ponto de vista dessa relação, a interação entre
professor–aluno não está livre de conflitos e deformações. O professor que se
apresenta com autoritarismo não contribui para o crescimento dos alunos. Ao
contrário, transforma uma qualidade inerente à condição do profissional
professor numa atitude personalista.
Uma
das dificuldades encontradas pelo professor é o “controle da disciplina”. A
disciplina da classe está diretamente ligada ao estilo da prática docente, ou
seja, à autoridade profissional, moral e técnica do professor, sendo o conjunto dessas características que vai lhe permite organizar o processo de
ensino. Para uma boa organização desse processo destacam-se o plano de aula, a
estimulação da aprendizagem, o controle da aprendizagem e o conjunto de normas
e exigências que vão assegurar o ambiente de trabalho escolar favorável ao
ensino e controlar as ações e o comportamento dos alunos.
Ao
pesquisar com os alunos dos níveis médio e superior sua percepção de bom professor, a autora, Maria Isabel
Cunha, percebe que está relacionada às
condições básicas de conhecimento de sua matéria de ensino, suas habilidades
para organizar as aulas, além de manter relações positivas. Mas ao verbalizarem o porquê de
suas escolhas os alunos enfatizam os aspectos afetivos.
Entretanto
é quase impossível distinguir atitudes do professor que se referem a esse lado
da relação professor-aluno. O comportamento do professor, nem sempre é linear e
totalmente coerente com uma corrente filosófica. Seu comportamento depende da
sua cosmovisão. E é essa forma de ser que demonstra a não neutralidade do ato
pedagógico. de onde surge a questão sobre os limites da idéia da relação
professor-aluno, uma vez que essa relação passa pelo trato do conteúdo de
ensino.
A
metodologia se entrelaça com a postura
do professor que acredita no potencial do aluno. Este
valoriza o professor que é exigente, percebendo nessa atitude uma forma de
interesse, se articulada com a prática do cotidiano da sala de aula. Raramente
os alunos se referem ao posicionamento político do professor já que esta é uma
dimensão ainda não suficientemente apreendida pelos alunos do ensino médio.
Alunos universitários demonstram desejar o posicionamento político somado às
boas qualidades do professor. Outro aspecto considerável na fala dos alunos é o
valor que eles dão ao prazer de aprender. Eles apontam como fundamentais o
senso de humor do professor e “o gosto de ensinar”.
Existe
entre os alunos e os professores um jogo de expectativas relacionadas ao
próprio desempenho determinado pela escola. Por ser uma instituição social
ela é determinada pelo conjunto de
expectativas que a sociedade faz sobre ela o que reproduz a ideologia
dominante. Os papeis escolares estão definidos ideologicamente também na
sociedade, identificados com a classe dominante, passando pelas formas de
produção e distribuição de conhecimento.
As
condições de classe social dos alunos determinam um rol e expectativas sobre
seu desempenho e de seus professores. As relações que acontecem entre
professores e alunos acontecem no palco de uma sociedade e são profundamente
marcadas pelas contradições sociais.
Os
professores vivem num ambiente complexo e, muitas vezes são incapazes de
fornecer uma visão critica das escolas porque eles mesmos não a têm. Além
disso, sobre o professor e o aluno há todo o peso das relações institucionais
que interferem nas expectativas de
ambos.
Alunos
e professores recebem as influências institucionais e passam a exercer
comportamentos de acordo com a expectativa tomada. O importante, porém é que
consciência desse processo para que os protagonistas do processo pedagógico não
sejam manipulados por ideias que nem sempre gostariam de servir.
Análise de estudo dentro da disciplina Didática, do curso de Magistério.
Lécia Freitas
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