sábado, 19 de julho de 2014

Análise

RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NA SALA DE AULA


            As relações entre professores e alunos, as formas de comunicação, os aspectos afetivos e emocionais, a dinâmica das manifestações em sala de aula fazem parte das condições organizativas do trabalho docente.
            A interação professor-aluno é um aspecto fundamental da organização da “situação didática”, porém não é o único fator determinante da organização de ensino, razão pela qual ele precisa ser estudado em conjunto com outros fatores, principalmente a forma de aula. Ressaltam-se dois aspectos da interação professor-alunos no trabalho docente: o aspecto cognoscitivo e o aspecto sócio-emocional.
            Entende-se por cognoscitivo o processo que transcorre no ato de ensinar e no ato de aprender, tendo em vista a transmissão e assimilação de conhecimentos. O trabalho docente se caracteriza por um constante vaivém entre as tarefas cognoscitivas colocadas pelo professor e o nível de preparo dos alunos para resolverem as tarefas. Não se espera que haja pleno entendimento entre professor e aluno, mesmo porque a situação pedagógica é condicionada por outros fatores, mas as formas adequadas de comunicação concorrem positivamente para a interação professor-aluno.
            Durante o trabalho docente, as perguntas e respostas dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos.  O que possibilita diagnosticar as causas dessas dificuldades.
            Para uma boa interação no aspecto cognoscitivo é preciso levar em conta: o manejo dos recursos da linguagem;  conhecer bem o nível de conhecimentos dos  alunos; ter um bom plano de aula e objetivos claros; explicar aos aluno o que se espera deles em relação à assimilação da matéria e usar corretamente a Língua Portuguesa.
            Os aspectos sócio-emocionais se referem aos vínculos afetivos entre professor e alunos, como também às normas e exigências objetivas que regem a conduta dos alunos na aula (disciplina).  Cabe ao professor controlar esse processo, estabelecer normas, deixando bem claro o que espera dos alunos. As ações docentes devem orientar os alunos para que respondam a elas como sujeitos ativos e independentes. A autoridade do professor  e a autonomia dos alunos são realidades complementares. Do ponto de vista dessa relação, a interação entre professor–aluno não está livre de conflitos e deformações. O professor que se apresenta com autoritarismo não contribui para o crescimento dos alunos. Ao contrário, transforma uma qualidade inerente à condição do profissional professor numa atitude personalista.
            Uma das dificuldades encontradas pelo professor é o “controle da disciplina”. A disciplina da classe está diretamente ligada ao estilo da prática docente, ou seja, à autoridade profissional, moral e técnica do professor, sendo  o conjunto dessas características  que vai lhe permite organizar o processo de ensino. Para uma boa organização desse processo destacam-se o plano de aula, a estimulação da aprendizagem, o controle da aprendizagem e o conjunto de normas e exigências que vão assegurar o ambiente de trabalho escolar favorável ao ensino e controlar as ações e o comportamento dos alunos.
            Ao pesquisar com os alunos dos níveis médio e superior sua percepção  de bom professor, a autora, Maria Isabel Cunha,  percebe que está relacionada às condições básicas de conhecimento de sua matéria de ensino, suas habilidades para organizar as aulas, além de manter relações positivas.            Mas ao verbalizarem o porquê de suas escolhas os alunos enfatizam os aspectos afetivos.
            Entretanto é quase impossível distinguir atitudes do professor que se referem a esse lado da relação professor-aluno. O comportamento do professor, nem sempre é linear e totalmente coerente com uma corrente filosófica. Seu comportamento depende da sua cosmovisão. E é essa forma de ser que demonstra a não neutralidade do ato pedagógico. de onde surge a questão sobre os limites da idéia da relação professor-aluno, uma vez que essa relação passa pelo trato do conteúdo de ensino.
            A metodologia se entrelaça com a  postura do  professor  que acredita no potencial do aluno. Este valoriza o professor que é exigente, percebendo nessa atitude uma forma de interesse, se articulada com a prática do cotidiano da sala de aula. Raramente os alunos se referem ao posicionamento político do professor já que esta é uma dimensão ainda não suficientemente apreendida pelos alunos do ensino médio. Alunos universitários demonstram desejar o posicionamento político somado às boas qualidades do professor. Outro aspecto considerável na fala dos alunos é o valor que eles dão ao prazer de aprender. Eles apontam como fundamentais o senso de humor do professor e “o gosto de ensinar”.
            Existe entre os alunos e os professores um jogo de expectativas relacionadas ao próprio desempenho determinado pela escola. Por ser uma instituição social ela  é determinada pelo conjunto de expectativas que a sociedade faz sobre ela o que reproduz a ideologia dominante. Os papeis escolares estão definidos ideologicamente também na sociedade, identificados com a classe dominante, passando pelas formas de produção e distribuição de conhecimento.
            As condições de classe social dos alunos determinam um rol e expectativas sobre seu desempenho e de seus professores. As relações que acontecem entre professores e alunos acontecem no palco de uma sociedade e são profundamente marcadas pelas contradições sociais.
            Os professores vivem num ambiente complexo e, muitas vezes são incapazes de fornecer uma visão critica das escolas porque eles mesmos não a têm. Além disso, sobre o professor e o aluno há todo o peso das relações institucionais que interferem nas expectativas  de ambos.
            Alunos e professores recebem as influências institucionais e passam a exercer comportamentos de acordo com a expectativa tomada. O importante, porém é que consciência desse processo para que os protagonistas do processo pedagógico não sejam manipulados por ideias que nem sempre gostariam de servir.

Análise de estudo dentro da disciplina Didática, do curso de Magistério.

Lécia Freitas


                                                       






            

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