sábado, 19 de julho de 2014

Poesia

Das pedras

Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.

Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.

Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida...
Quebrando pedras
e plantando flores

Entre pedras que me esmagavam
levantei a pedra rude
dos meus versos.

Cora Coralina, em "Meu livro de cordel". 8ª ed., São Paulo: Global Editora, 1998, p 13.

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Faz tempo, queria contar para sua ternura,
essas coisas miúdas que nós entendemos.
Ah! Meu amigo e confrade...
As rolinhas... as últimas, fogo-pagou, cantaram a cantiga
da despedida no telhado negro da Velha Casa.
Cantaram em nostalgia toda uma certa manhã passada.
Olhei. Eram cinco, as derradeiras.
Levantaram vôo e se foram para sempre


Cora Coralina, em trecho do poema "Meu amigo (in memoriam)", do livro "Vintém de cobre: meias confissões de Aninha". 6ª ed., São Paulo: Global Editora, 1997, p.187.


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