Embora não se configure como um recurso de
linguagem, a pontuação, na obra, também é singular e original e por isso deve
ser mencionada. Sobre ela, em seus
estudos, Ferreira assinala que:
a pontuação, ainda que não ignore de todo a norma
culta da escrita, é bastante subjetiva, não se deixa, portanto, subordinar às
regras gramaticais, manifesta-se sobre o ponto de vista estilístico, de acordo
com a intenção expressiva da mensagem a ser comunicada, do ritmo a ser impresso
ao texto, da entonação e acento na pronúncia de uma palavra ou frase
(inflexão). O escritor realiza combinações originais ao empregar os sinais de
pontuação, optando pela abundância de travessões,
vírgulas, reticências, ponto e vírgulas, interrogações, exclamações, pontos,
parênteses, aspas. A pontuação excessiva impede o ritmo dinâmico e rápido,
pois a intenção do narrador é prolongar seu relato, saboreando cada sentença. O
leitor “esbarra” muitas vezes durante a leitura, para tentar entender os modos
de pontuar, que chegam a ter um efeito “audiovisual”; procura descobrir a
relação que pode ser estabelecida entre as palavras e os recursos da pontuação,
a qual se afina com o sentido do texto. (FERREIRA, 2006 p. 28 a 35).
Observa-se que o autor emprega esse recurso no sentido de levar
o narrador a prolongar o relato, uma
vez que a pontuação excessiva desacelera o ritmo da leitura, levando o
leitor a refletir sobre a relação que
pode ser estabelecida entre as palavras e os recursos da pontuação e como se
conformam com o texto. Além da pontuação deve-se salientar a utilização da linguagem popular e
regional, já mencionadas na presente pesquisa, para a composição da linguagem,
na obra Grande Sertão: Veredas:
Linguagem Popular: aleluia! Aleluia! Carne no prato, farinha na cuia! / Vingar
é lamber, frio, o que o outro cozinhou quente demais. / Bananeira dá em vento
de todo lado. / Homem não chora.../ Não cuspo no prato em que o bom já comi. /
Quem tem os dois tem um, quem tem um não tem nenhum.
Regionalismo: era homem afamilhado, tinha
filhos pequenos (com família grande). /
[...] é o que o povo agora aprecêia (do verbo apreciar). [...]
no meio do ierado numa confa (tumulto) [...] /
[...] questã (questão)
[...] / Saranga ele não era? (simplório)
/ [...] Varêia de ser (modificação, variação)
(grifos nossos). (ROSA, 2006).
Percebe-se
que o uso dessas linguagens, em uma obra de tal magnitude, que leva uma região rica no aspecto
metafísico ao conhecimento do restante do país, contribuiu
para a valoração do sertanejo .
Oi, Lécia!
ResponderExcluirA obra citada é de grande riqueza. Achei justo citá-la!
Ainda lembro das minhas aulas de português e que tinha de decorar muitas regras. Até que a minha professora aconselhou a turma a ler mais e escrever mais, o que nos faria assimilar naturalmente todas as regras necessárias para escrever e pontuar um bom texto.
Vamos dizer que não parei de ler nunca mais!!
:)
Beijus,
Olá, Luma Rosa! Na verdade, esse texto é parte de minha monografia. Como ela é um pouco extensa tenho postado aos poucos, por capítulos. Talvez para não cansar, ou, quem sabe, para aguçar a curiosidade de quem me der a honra de lê-la. Obrigada por ter vindo e por ler essa parte. Terei enorme satisfação em apresentar-lhe os outros capítulos. Estão em Monografia.
ExcluirQuanto ao Português, amo a nossa língua. Por ser bela e por ser um sinal de unidade do povo desta terra, que também amo. Apesar dos maus brasileiros que a infestam.
Abraços, Lécia