domingo, 21 de setembro de 2014

"A POÉTICA ROSEANA"





       Com essa postagem,  termino de publicar, aqui, a minha monografia. Resultado de um trabalho longo: quase seis meses de pesquisas, leituras e análises. Mas, devo dizer, muito prazeroso e que me enche de orgulho! Acredito que ficou bom. Na verdade, minha nota foi 100. Não tive medo de que, ao colocar aqui, pudesse ser copiado. Ainda que o seja, o trabalho é meu, a ideia é minha. Se alguém o fizer, pobre dele.
Todas as referências bibliográficas estão publicadas na Monografia original que se encontra na Biblioteca Professor Mello Cançado da Faculdade de Pará de Minas – Fapam. 

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Aqui estão a Dedicatória , os Agradecimentos e a Epígrafe do meu trabalho. Em seguida a Conclusão, última parte da monografia. Creiam-me, é uma honra e uma satisfação que leiam:



 
Dedico esse trabalho:
à minha mãe, Maria,
 que tão antes encantou-se,
pelo meu existir;

ao meu pai, João,
que me falou das coisas da terra
e dos passarinhos;

aos meu irmãos,
Eliana, Hélio, Antônio, José, Maria:
pela infância abortada,
a ternura que não houve,
o bem querer, sempre;

aos meu filhos:
Rodrigo,
a ufania pela semelhança,
a satisfação, o respeito;

Alberto,
a contiguidade na superação,
o amigo, o companheiro;

Luhara,
estrela da vida inteira,
por vezes, na inversão dos papéis,
o esteio;

João,
a incógnita, que amplia o ilimitado
do meu amor de mãe.









 
AGRADECIMENTO
Aquele momento entre a exaustão
 e a certeza de um trabalho bem feito:
Louvado seja Deus, a Ele toda a glória!

Agradeço à  Professora  Doutora Ana Paula Ferreira
pelas orientações primorosas, pelo empenho
e pela atenção, sempre;

à Professora Renata Teixeira, pelo olhar apurado,
em tempo, a exatidão;

à Professora Mestre Vanessa Faria Viana
pelas orientações, pelo incentivo e pelo carinho;

 à Professora Mestre Cristina Mara França Pinto
pelos ensinamentos fundamentais, para toda  vida;

à Professora Especialista Tatiana Pires Bini Dutra,
pela paciência, pela amizade
por tanto, sem palavras;

ao meu cunhado, Eugênio e
à minha irmã Eliana,
pela prontidão em auxiliar
“em tempo sem hora”;

à Elaine Freitas Santos
pela disponibilização do tempo, por tudo;

à Érika Freitas Santos
pelo clarear, ajuda fundamental;

a todos os amigos, especialmente Breno,
Estefânia, Patrícia Lacerda, Vicente,Laís
 Luciana, Derly, Marisa, Rosiane,
Sônia, Eliza, Ellen, Viviane e Edmar
que, de diversas  formas,
 contribuíram para eu estar aqui;

aos meus filhos que estiveram comigo
em todos os momentos dessa travessia:
o meu amor, imenso;

à CONFRARIA NOSSA SENHORA DA PIEDADE
pela concessão integral da bolsa de estudos,
pela possibilidade em  concretizar o impossível.


 
 



Eu queria decifrar as coisas que são importantes. E estou contando não é uma vida de sertanejo, seja se for jagunço, mas a matéria vertente. Queria entender do medo e da coragem, e da gã que empurra a gente para fazer tantos atos, dar corpo ao suceder.
João Guimarães Rosa




7 CONCLUSÂO

            Na elaboração do presente trabalho, sobre a estruturação da linguagem poética em Grande Sertão: Veredas, foi possível perceber que Guimarães Rosa utilizou os recursos tradicionais na composição de uma narrativa ficcional.  Além disso, o escritor usou outros meios, já conhecidos em outras obras de sua autoria e que compõem a sua estilística.
            De acordo com as teorias dos autores estudados, conhece-se a língua materna através dos enunciados concretos ouvidos e reproduzidos e que, ao assumir um discurso, o indivíduo busca escolher os meios de expressão que melhor configurem seu ideal linguístico conforme a sua consciência ideológica. A linguagem refere-se ao mundo através de significados e tem o poder de imaginar o novo e o inexistente.
            Assevera-se que para renovar a língua e conferir-lhe um aspecto poético, o autor faz uso de neologismos e figuras de linguagem, preponderantes nesse processo, principalmente a metáfora por constituir a característica fundamental da linguagem poética. A linguagem, em Grande Sertão: Veredas, em diversos momentos, se torna heteróclita devido à agramaticalidade que se define  como um desvio  linguístico,   mas se  constitui como um traço específico da poesia. O desvio linguístico, nesse caso, é considerado como um estilo, segundo Jean Cohen (1974).
            Na obra em estudo, Guimarães Rosa utiliza os desvios linguísticos o que confere uma singularidade à sua linguagem. Contudo, ressalta-se a capacidade do escritor no uso da plurissignificação das  palavras  tornando-as mais expressivas, o que reforça a linguagem poética. Para Bakhtin a língua do poeta é sua própria linguagem, ele está nela e é dela inseparável (2002). Embora influenciado por outras vozes, em sua consciência ideológica, o poeta elege uma linguagem e se apropria dela.
             Dentro do seu estilo, Guimarães Rosa atribui à palavra uma nova significação, novo arranjo, criando a linguagem poética.
            Destarte, pode-se concluir que Guimarães Rosa ao ouvir as histórias dos sertanejos e de seus contemporâneos, no sertão de Minas Gerais, e conforme sua consciência linguística, em determinado momento histórico e social, captura a língua e lhe dá uma roupagem nova com nuanças, cores e sons inimagináveis.
            Numa segunda assertiva, afirma-se que de acordo com a consciência linguística e de sua visão da realidade, Guimarães Rosa se apropriou da língua materna e a reinventou com o propósito de revitalizá-la e conforme os novos significados, refigurar o mundo através da linguagem literária.
            Para o embasamento busca-se Jean Cohen em Estrutura da Linguagem Poética que defende que o poeta é poeta pelo que disse, e sua genialidade se deve à sua criação verbal. Segundo esse autor não existe uma língua poética, mas uma linguagem poética, e que o poeta inventa essa linguagem para dizer aquilo que não teria dito de outra forma (1966)
            Diante disso, assenta-se que a linguagem poética, exibida na  obra Grande Sertão: Veredas, e conforme  a proposta de investigação,  torna-se um ícone essencial para a estruturação da temática lírico-amorosa devido á própria potencialidade. Essa linguagem, explorada pelas necessidades estilísticas e pela subjetividade do autor, flui com a poesia cristalizada em seu interior e  envolve de uma forma mais expressiva e contundente  o amor dos protagonistas, concretizado tão somente na memória e  nas palavras do narrador.
            Uma terceira assertiva derivada do texto roseano assegura que por meio dessa linguagem em que Guimarães Rosa mostra uma nova perspectiva da realidade ou mesmo a verdadeira, nas questões outras relacionadas ao dimensionamento humano e apresentadas na obra, ele possibilita uma catarse através da filtração de sentimentos pelas emoções produzidas, no ato da leitura, o que ocasiona  a transformação do ser .
            Ao término dos estudos e diante das questões propostas nesse trabalho, sobre a estrutura poética de Grande Sertão: Veredas, pode-se apontar em que bases ela se edifica. De acordo com os estudos dos autores já citados, afirma-se que a poética roseana estrutura-se potencialmente na estilística do autor, ou seja na linguagem singular em que são utilizados todos recursos analisados no presente trabalho.
            Desses recursos, destacam-se as figuras de linguagem, principalmente a metáfora que adquire uma dimensão extralinguística ao assumir as inúmeras possibilidades de significação da palavra e os neologismos. Assevera-se, portanto, que a linguagem poética de Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas forma-se através da capacidade inventiva do autor no trato com as palavras e na sensibilidade por atribuir ao termo comum a função emotiva, revestindo-o de beleza e lirismo.
            Confirma-se que a linguagem utilizada pelo autor configura-se como um ícone essencial para a estruturação do lirismo amoroso na obra Grande Sertão: Veredas. Essa linguagem contribui para enaltecer de forma mais expressiva e contundente o amor dos protagonistas. Acredita-se que essa linguagem é explorada tanto pelas necessidades estilísticas quanto pela subjetividade do autor. No primeiro aspecto, através do estilo, Guimarães Rosa renova a língua portuguesa imprimindo-lhe um caráter inaugural. Já no segundo aspecto – a subjetividade -  o autor  coloca a sua visão sobre questões delicadas e complexas, como o homossexualismo, maniqueísmo, injustiças sociais entre outros, conferindo  universalidade e o caráter atemporal  à obra  Grande Sertão: Veredas.

                                                                     Lécia Conceição de Freitas
                                                                          Pará de Minas / 2013
           








Um comentário:

  1. Oi, Parabéns pelo trabalho, é ótimo!!! Passei para agradecer tua visita, e fique a vontade para voltar, pois a porta deste rancho sempre estará aberta para ti ....
    www.portodasreliquias.com

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