sábado, 31 de janeiro de 2015

Aspectos Biopsicológicos da Educação Infantil ---3

Behaviorismo

            Behaviorismo também conhecido como comportamentalismo, é uma área da psicologia, que tem  o comportamento como objeto de estudo.Surgiu como oposição ao funcionalismo  e estruturalismo, e é uma das três principais correntes da psicologia, juntamente com a psicologia da forma (Gestalt) e psicologia analítica (psicanálise). Essa palavra tem origem no termo behavior, que em inglês significa comportamento ou conduta.
            Em 1913, foi publicado um artigo com o nome “Psicologia: como os behavioristas a veem” da autoria do psicólogo estadunidense John Watson (reconhecido como pai do Behaviorismo Metodológico). Mais tarde, em 1914, na obra de 1914 intitulada Behavior, Watson abordou mais uma vez o conceito de psicologia do comportamento. Watson se baseou em teorias e noções de vários pensadores e autores como Descartes, Pavlov, Loeb e Comte.
             O behaviorismo contempla o comportamento como uma forma funcional e reacional de organismos vivos. Essa corrente psicológica não aceita qualquer relação com o transcendental, com a introspecção e aspectos filosóficos, mas pretende estudar comportamentos objetivos que podem ser observados.
De acordo com Watson, o estudo do meio que envolve um indivíduo possibilita a previsão e o controle do comportamento humano.
Behaviorismo, de John B. Watson
Segundo Watson, os seres humanos já nascem com certas conexões estímulo-resposta herdadas e chamadas reflexos. Aprendizagem ocorre a partir de um condicionamento destas conexões bem como na construção de novas conexões estímulo-resposta através do condicionamento clássico pavloviano. Para ele o meio ambiente exerce uma grande influência sobre o indivíduo. Sua maior preocupação é com os aspectos observáveis do comportamento, uma vez que para ele todo comportamento é aprendido. Por isso ele se preocupa mais com o que as pessoas fazem, do que com que as pessoas pensam.
Para a elaboração de sua teoria, realizou estudos com crianças, quando pôde verificar que estas não exibem medo quando são, por exemplo, apresentadas pela primeira vez a um gato, ou a um cão, ou a outros animais. E isso se deve ao fato de que as crianças ainda não aprenderam a ter medo destes seres.
O experimento clássico de Watson foi o que ele realizou com uma criança que ao ser apresentada a um rato branco, num primeiro momento, não manifestou medo. No entanto, após a combinação do rato a um som estridente, durante sete vezes, a visão do animal se transformou de forma tal que foi suficiente para provocar na criança uma forte reação de medo. Com isso ele conseguiu provar que quase todo comportamento humano é aprendido.
Sendo assim, toda atividade humana é condicionada e condicionável em decorrência da variação na constituição genética. Contudo, é possível construir uma multiplicidade de novas conexões estímulo-resposta através do condicionamento clássico pavloviano. Para Watson, quase todo comportamento humano seria aprendido.
Desse experimento, Watson concluiu que o meio ambiente exerce uma grande influência sobre o indivíduo. Apoderando-se do condicionamento de Pavlov e combinando-o com ideias que ele mesmo havia desenvolvido, Watson apresentou ao mundo a posição que chamou de behaviorismo.
Watson é o fundador do behaviorismo no mundo ocidental. O principal objetivo do enfoque behaviorista é explicar o relacionamento entre estímulos, respostas e consequências (boas, más ou neutras). Ou seja, aprendizagem é um condicionamento clássico e que depende do meio externo.
A doutrina de Watson procura observar os dados do comportamento exterior com eliminação total da consciência. O behaviorismo criado por Watson teve enorme influência na psicologia e na instrução, ao descartar o mentalismo em favor do comportamentalismo.
A principal contribuição do behaviorismo a contestação ao mentalismo, que fazia a distinção entre corpo e mente. Segundo Watson, todo comportamento, ou seja, tudo o que pensamos, sentimos, dizemos ou fazemos envolve, em graus variáveis, atividade de todo o corpo.

Behaviorismo radical de Skinner

O behaviorismo radical, conceito proposto pelo psicólogo americano Burrhus Frederic Skinner, era oposto ao behaviorismo de Watson. Segundo Skinner, o behaviorismo radical é a filosofia da ciência do comportamento humano, onde o meio ambiente era o responsável pelo comportamento humano. Esta vertente do behaviorismo teve grande popularidade no Brasil e nos Estados Unidos
Skinner era claramente contra a utilização de elementos não observáveis para explicar a conduta humana. Assim, os aspectos cognitivos não são considerados, porque o ser humano é visto como um ser homogêneo, e não como um ser que é composto pelo corpo e mente.
O behaviorismo radical contempla os estímulos dados aos indivíduos pelo meio ambiente. De acordo com Skinner, esses meios eram conhecidos como punição, reforço positivo e reforço negativo.

Behaviorismo na educação

No âmbito da educação, o behaviorismo remete para uma alteração do comportamento dos elementos envolvidos no processo de aprendizagem, sendo que essa mudança nos professores e alunos poderia melhorar a aprendizagem. Para Watson, a educação é um importante elemento capaz de transformar a conduta de indivíduos.
Além disso, Watson acreditava que com os estímulos específicos, era possível "transformar" e "moldar" o comportamento de uma criança, para que ela pudesse exercer qualquer profissão por ele escolhida.

A GESTALT
Significado do tema: é um termo de difícil tradução. O termo mais próximo em português seria forma ou configuração que não é utilizado  por não corresponder exatamente o seu real significado em psicologia.
Seus fundadores são: Max Wertheimer, Wolfgang Kohler e Kurt Koffka.
Os Geltastistas estavam preocupados em compreender quais os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica  quando o estímulo físico é percebido pelo sujeito como uma forma diferente da que ele tem na realidade.
Psicologia da Gestalt – a percepção mostrando-nos que esta nos é dada por um todo.

Diferenças entre behavioristas e Geltastistas

Behavioristas à Há uma relação  de causa e efeito entre o estímulo e a resposta.

Gestaltistas à Entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do estímulo, encontra-se o processo de percepção.
A teoria da Gestalt afirma que não se pode ter conhecimentos do todo através das partes, e sim das partes através do todo. Que os conjuntos possuem leis da percepção da totalidade é que o cérebro pode de fato perceber, decodificar e assimilar uma imagem ou um conceito.
O psicólogo austríaco Christian Von Ehrenfels lançou em 1980, as bases do que viria a ser os estudos da Psicologia da Forma.
A primeira “forma fisiológica”, é aquela que constitui um verdadeiro organismo, que assim como um corpo vivo é composto em partes indissociáveis.
A segunda “forma física” é aquela constituída em equilíbrio perfeito de seus elementos.
A forma psicológica, o verdadeiro objeto de interesse da Teoria da Gestalt, é o aspecto subjetivo (isto é, não material) das formas fisiológicas e físicas. Ela só existe na percepção humana  é nesse contexto que a Gestalt a analisa. É ela, pois a forma que nós observamos quando percebemos uma imagem e através dela podemos realizar nossas representações e assimilações de informação. A outra grande (e talvez a mais importante) descoberta da Teoria da Gestalt foi a chamada “Lei da Pragmância” ou “Boa Forma”.

Leis Geltastistas da Organização

A Teoria da Gestalt, em suas análises estruturais, descobriu certas leis que regem a percepção humana das formas, facilitando a compreensão das imagens e ideias. Essas leis são nada menos que conclusões sobre o comportamento natural do cérebro quando agem no processo de percepção.
Os elementos constituídos são agrupados de acordo com as características que possuem entre si, como semelhança, proximidade e outras que veremos a seguir.
São estas, resumidamente, as Leis da Gestalt:
– Semelhança: os objetos tendem a se agrupar.
– Proximidade: os elementos são agrupados de acordo com a distância a que se encontram uns dos outros.
– Pragmância ou Boa Forma: todas as formas tendem a ser percebidas em seu caráter mais simples. É o princípio da simplificação natural da percepção.
– Clausura ou Fechamento: o princípio de que a boa forma se completa, se fecha sobre si mesma formando uma figura delimitada.
– Experiência passada: certas formas só podem ser compreendidas se já a conhecemos ou se temos consciência prévia de sua existência.


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Aspectos Biopsicológicos da Educação Infantil --- 2

A PSICOLOGIA CIENTÍFICA

Seu status de ciência  é obtido na medida em que se liberta da Filosofia e atrai novos estudiosos e pesquisadores.
Embora a psicologia científica tenha nascido na Alemanha, é nos Estados Unidos que ela encontra campo para um grande avanço econômico que colocou os EUA na vanguarda dos sistema capitalista. É ali que surgem as primeiras abordagens ou escolas em Psicologia, as quais deram ordens às inúmeras teorias que existem atualmente. São elas:

Funcionalismo à
O Funcionalismo é considerado como a primeira sistematização genuinamente americana de conhecimentos em Psicologia. Uma sociedade que exija o pragmatismo para seu desenvolvimento econômico acaba por exigir dos cientistas americanos o mesmo espírito. Desse modo, para a escola funcionalista de W. James, importa responder “o que fazem os homens” e “por que o fazem”. Para responder a isso, W. James elege a consciência como o centro de suas preocupações e busca a compreensão de seu funcionamento, na medida em que o homem a usa para adaptar-se ao meio.

Objetivo: estudar a consciência humana “o que fazem” e “porque fazem”.

Estruturalismo à
O Estruturalismo está preocupado com a compreensão do mesmo fenômeno que o Funcionalismo: a Consciência. Mas, diferentemente de W. James, Titchner irá estudá-la em seus aspectos estruturais, isto é, os estados elementares da consciência como estruturas do sistema nervoso central. Essa escola foi inaugurada por Wundt, mas foi Tichner, seguidor de Wundt, quem usou o termo estruturalismo pela primeira vez, no sentido de diferenciá-la do funcionalismo. O método de observação de Tichner, assim como o de Wundt, é o introspeccionismo, e os conhecimentos psicológicos produzidos são eminentemente experimentais, isto é, produzidos a partir do laboratório.

Objetivo à consciência como “estrutura”.

Associacionismo à o principal representante é Edward L. Thordink.
O termo associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá por um processo de associação de ideias.
Thordink formula a Lei do Efeito, onde todo o comportamento de um organismo vivo (homem, pombo, rato...) tende a se repetir se nós o recompensamos (efeito) assim que ele o emitir. Por outro lado, o comportamento tenderá a não acontecer, se o organismo for castigado (efeito) após sua ocorrência.

Principais teorias da Psicologia no século XX

A Psicologia enquanto ramo da Filosofia estudava a alma. A psicologia científica nasce quando, de acordo com os padrões  da ciência do século XlX, Wundt preconiza a psicologia “sem alma”.
O conhecimento científico passa então a ser aquele produzido em laboratório, ligando à especialidade da Medicina.
Essa psicologia, que se constitui em três escolas – Associacionismo, Estruturalismo e Funcionalismo – foi substituída, no século XX, por três novas teorias:
                
              Behaviorismo
                               Gestalt
                              Psicanálise



ASPECTOS BIOPSICOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL --- 1

ASPECTOS BIOPSICOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Vamos diariamente oferecer o melhor de nós, avançando em direção a Deus, libertando-nos dos próprios valores desse mundo.
Santo Agostinho

É entre os filósofos  gregos que surge a primeira tentativa de sistematizar uma psicologia. O próprio termo “psicologia” vem do grego psyché, que significa alma e logos, que significa razão. Portanto, etimologicamente, “psicologia” significa “estudo da alma”. A alma, ou espírito, era concebida como a parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção.
Mas é com Sócrates (439-399 a.C.) que a Psicologia, na antiguidade ganha consciência. Sua principal preocupação era com o limite que separa o homem dos animais. Desta forma, postulava que a original característica humana era a razão. A razão permitia ao homem sobrepor-se aos instintos, que seriam a base da irracionalidade. Ao definir a razão como peculiaridade do homem ou como essência humana, Sócrates abre um caminho que seria muito explorado pela Psicologia. As teorias da consciência são, de certa forma, frutos dessa primeira sistematização.
Platão (427-347 a.C.), discípulo de Sócrates, procurou definir um “lugar” para a razão do nosso próprio corpo. Definiu esse lugar como sendo a cabeça, onde se encontra a alma do homem. A medula seria, portanto, o elemento da ligação da alma com o corpo. Esse elemento de ligação era necessário porque Platão concebia a alma separada do corpo. Quando alguém morria a matéria (o corpo) desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo.
Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, foi um dos mais importantes pensadores da história da Filosofia. Sua contribuição foi inovadora ao postular que alma e corpo não podem ser dissociados. Para Aristóteles, a psyché (alma) seria o princípio ativa da vida. Tudo aquilo que cresce, se reproduz e se alimenta possui a sua psyché . Dessa forma, os vegetais, os animais e o homem teriam alma. Os vegetais teriam alma vegetativa, que se define pela função de alimentação e reprodução. Os animais teriam essa alma e a alma sensitiva, que tem a função de percepção e movimento. E o homem teria os dois níveis anteriores e a alma racional, que tem função pensante.

PSICOLOGIA àé a ciência que estuda o comportamento humano e seus processos mentais. Melhor dizendo, a psicologia estuda o que motiva o comportamento humano – o que sustenta, o que finaliza e seus processos mentais, que passam pela sensação, emoção, percepção, aprendizagem e inteligência.
Filósofosà razão/alma
Sócrates àhomem àrazão
                   /animal

           Platão à lugar da razão àcabeça

           Aristóteles à alma e corpo não podem se separar

 Às vésperas da Era Cristã, surge um novo império: o Império Romano cuja principal característica é o aparecimento e o desenvolvimento do Cristianismo – uma força religiosa que passa a ser a força dominante.
Nesse período, a Igreja Católica também monopolizava o saber, consequentemente, o estudo do psiquismo.
Neste sentido, dois grandes filósofos representam esse período:

·         Santo Agostinho
·         São Tomás de Aquino

Santo Agostinho, inspirado em Platão, também fazia uma cisão entre alma e corpo. Entretanto, par ele, a alma não era somente a sede da Razão, mas a prova de uma manifestação divina do homem. A alma era imortal por ser o elemento que liga o homem a Deus. E, sendo a alma  também a sede do pensamento, a Igreja passa a se preocupar também com sua compreensão.

São Tomás de Aquino viveu num período que predominava a ruptura da Igreja Católica – o aparecimento do Protestantismo. Uma época que preparava a transição para o Capitalismo, com a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, na Inglaterra. Essa crise econômica e social leva ao questionamento da Igreja e dos conhecimentos produzidos por ela. Dessa forma, foi preciso encontrar novas justificativas para a relação entre Deus e o Homem.
São Tomás de Aquino foi buscar em Aristóteles a distinção entre e essência e a existência. Como o filósofo grego, considera que o homem, na sua essência, busca a perfeição através de sua existência. Porém, introduzindo o ponto de vista religioso, ao contrário de Aristóteles, afirma que somente Deus seria capaz de reunir a essência e a existência, em termos de igualdade.  Portanto, a busca da perfeição pelo homem seria de busca de Deus.
O Santo, e filósofo, encontra argumentos racionais para justificar os dogmas da Igreja e continua garantindo para ela o monopólio do estudo do psiquismo.
Pouco mais de 200 anos após a morte de São Tomás de Aquino, tem início uma época de transformações radicais no mundo europeu. É o  Renascimento ou Renascença.
As ciências também conhecem um grande avanço: Copérnico (mostra que o planeta não é o centro do Universo) e Galileu (estuda os corpos).
Neste período, René Descartes (1596-1659, um dos filósofos que mais contribuiu para o avanço da ciência, postula a separação entre mente (alma, espírito) e corpo, afirmando que o homem possui uma substancia material e uma substancia pensante e que o corpo, desprovido do espírito, é apenas uma máquina. Este dualismo mente-corpo torna possível o estudo do corpo morto, o que era impensável nos séculos  anteriores.

PSICOLOGIA DO SENSO COMUM

O tipo de conhecimento que vamos acumulando no nosso cotidiano é chamado de senso comum.
Ex.:
a)     A dona de casa, quando usa a garrafa térmica para manter o café quente, sabe quanto tempo ele permanecerá razoavelmente quente, sem fazer nenhum cálculo complicado e, muitas vezes, desconhecido completamente das leis da termodinâmica.
b)    A professora sabe que se recompensar a boa disciplina do aluno do curso primário com uma estrelinha no caderno, pode aumentar o comportamento desse aluno ser obediente na sala de aula.
c)     A mesma recompensa da letra (b) pode servir de exemplo para outros alunos.
d)    A namorada sabe que se marcou um encontro com o namorado para as 20h e ele chegou às 21h, pode ficar  de cara fechada com intenção de puni-lo por tê-la feito esperar.

Na letra “a” a pessoa sem saber sobre Física sabe conseguir o efeito esperado no ambiente. Nas letras “b”, “c” e “d”, as pessoas agiram com intenção de modificar o comportamento de alguém, mas sem saber de leis ou teorias da psicologia.
O conhecimento do senso comum é intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros. É um conhecimento importante porque sem ele nossa vida no dia-a-dia seria muito complicada. O senso comum percorre um caminho que vai do hábito à tradição, que passa de geração para geração. Integra de um modo o conhecimento humano.
A utilização de termos “rapaz complexado”, “mulher louca”, “menino hiperativo” expressa a comunicação do senso comum acerca do comportamento humano, que muitas vezes não ocorre de maneira científica. Os termos podem até ser da psicologia científica, mas são usados sem a preocupação de definir as palavras.

PSICOLOGIA CIENTÍFICA
 
No século XlX, o papel da ciência destaca-se, e seu papel torna-se necessário. O crescimento da nova ordem econômica – o capitalismo – traz consigo o processo de industrialização, para o qual a ciência deveria dar respostas e soluções práticas no campo da técnica. Nesse período, surge  homens como Hegel, demonstrando a importância da história para a compreensão do homem e Darwin, que enterra o antropocentrismo com sua tese evolucionista..
É em meados do século XlX que os problemas e temas da Psicologia, até então estudados exclusivamente pelos Filósofos, passam a ser, também, investigados pela Fisiologia e pela neurofisiologia em particular. Os avanços que atingiram também essa área levaram à formulação de teorias sobre o sistema nervoso central, demonstrando que o pensamento, as percepções e os sentimentos humanos eram produtos desse sistema.


domingo, 25 de janeiro de 2015

Canção de Outono

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando aqueles
que não se levantarão...

Tu és folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
E vou por este caminho,
certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão.

Cecília Meireles. Poesia completa: Volume 2. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.




sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Antropologia

Cultura de Massa
A cultura de massa é aquela veiculada pelos meios de comunicação de massa, como televisão, rádio, jornais e revistas de grande circulação, cinemas e internet.
A comunicação de massa alterou, profundamente, as condições de transmissão de saber. Há muitas pessoas que julgam tais inovações tecnológicas e culturais fundamentalmente positivas, mas elas são bastante polêmicas.
O primeiro ponto polêmico é o que diz respeito à massificação. Por sua dimensão industrial e sua  produção em grande escala, a comunicação de massa viabiliza produtos em custos relativamente bem menores que os de produção artesanais ou de pequena escala. Com isso ela aumentou o volume de oferta e o alcance de seu mercado, o que a torna mais acessível e acelera a circulação de informações e conhecimentos. De que forma isso se dá? Reproduzindo milhares de consumidores. Esse tipo de cultura é, por isso, chamado de massificação porque não cuida de cultivar gostos específicos. Ela foi se sofisticando e criando linhas de produtos para cada estilo de consumo. Contudo, ainda assim, não há nada que estimule a individualidade nas pessoas do mesmo padrão de consumo. Veja bem que, para a indústria cultural, os indivíduos são, antes de tudo, consumidores. Deles espera-se que consumam e não criem por si.
O estímulo à passividade é assim um segundo ponto crítico na cultura de massa. Até algumas décadas atrás, as pessoas costumavam reunir-se para cantar em muitas situações em que, hoje em dia, escutam rádio ou cd. Aquela cantoria poderia não ser muito afinada, mas exigia uma participação ativa. Parece que, agora, exercitamos mais a observação ou a contemplação, do que a participação. Várias atividades que exigiam a presença e a movimentação de multidões, como festividades, jogos, missas e comícios, vão sendo substituídos por programas televisionados, a que as pessoas assistem confortavelmente em suas casas. Entretanto, ver pela TV não é o mesmo que estar lá, no meio desses eventos.
Parece que, pelos meios de massa, temos muita notícia e informação, mas sempre como espectadores e quase nunca como participantes e criadores de cultura. Enquetes eletrônicas, do tipo “você decide”, são, de certa forma, interativos. Pense, porém, no nível de participação comparativamente às manifestações não medidas pelos veículos de massa. Repare, também, como sua “participação” não interage com o processo de participação do outro, que permanece anônimo e distante.
As informações são veiculadas até que estejamos satisfeitos (fartos), como consumidores. Então é lançado outro produto cultural, fantástico, para você continuar ligado daquele mesmo jeito, quieto, observando...e esperando o próximo lançamento.
            De acordo com os críticos da indústria cultural, e de seu impacto no conjunto da sociedade, ela impõe padrões de cima para baixo, alienando e manipulando o cidadão. Como atividade industrial e comercial, ela está interessada, principalmente, nas vendas e não na formação do  indivíduo.
Ela foi contestada por um conjunto de movimentos, chamados de contracultura, que eclodiu em diversas partes do mundo, a partir do fim dos anos 60, como o movimento hippie e as rebeliões estudantis.
Os defensores das novas tecnologias não ignoram essa lógica. Acham, no entanto, que seus efeitos na cultura não são apenas maléficos. Julgam, por exemplo, que a indústria cultural permite, se não a democratização do conhecimento, ao menos uma ampliação extraordinária do acesso aos bens culturais. Por isso discordam de que seja tratada meramente como fator de alienação. Julgar que programas de televisão, computadores, filmes, noticiários e revistas determinam atitudes e valores da população equivale a desconsiderar a capacidade dos indivíduos de refletir, de ironizar e de criar novos significados para as mensagens veiculadas.
Seja como for, o importante aqui é não perder de vista que há diferentes tipos de práticas culturais. Embora essa caracterização das culturas eruditas, popular e de massa feita anteriormente seja meramente esquemática, ela ajuda a pensar  sobre suas diferentes perspectivas. Serve também para refletirmos sobre alguns problemas que decorrem  dos esquemas classificatórios, pois estes não explicam as transformações e as interações entre os diferentes tipos de cultura.
Basta um rápido exame, para ver como são movediças as fronteiras entre os tipos de cultura. A cultura popular pode ser oficializada, discutida e ensinada em universidades; exposta em museus e festivais no exterior; patrocinada pelo Governo e apresentada em ocasiões solenes. Ela torna-se clássica, quando seus criadores ganham a notoriedade de gênios e suas produções o prestígio de obras primas. Veja-se o caso de Aleijadinho e Mestre Ataíde e mais recentemente Manoel de Barros
Vimos que a indústria cultural apropria-se de diversos elementos da cultura erudita e popular e veicula-os. Quantas reproduções foram feitas das pinturas clássicas?
Não dá para desconsiderar o imenso e valioso patrimônio cultural, mas não há como abraçar tudo. Não há, tampouco, como negar a influência dos meios de comunicação, nem como dispensar seus recursos. Todavia, “diante da ação compacta dos meios de comunicação de massa, o  educador deve estar apto a utilizar os benefícios deles decorrentes e cuidar da instrumentalização adequada, para que sejam evitados os seus efeitos massificantes” (Aranha, 2000, p.3).
Como educador, ele deve lutar para que todos tenham acesso a todos os bens culturais e usufruam deles. Que não só os consumam, mas também os recriem. Fazer como sugeria o poeta Carlos Drummond de Andrade, que, ao pegar um livro velho, se procurasse sentir e incorporar “a substância inerente a toda criação do espírito: o desejo de alongar as fronteiras da existência, pela reflexão ou pelo sonho acordado”.


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Antropologia

         Cultura popular, cultura erudita e cultura de “massa”

 Objetivo específico: distinguir as especificidades das culturas popular, erudita e de massa e nas relações entre elas.
Já vimos que, dentro de uma mesma cultura, podem existir várias culturas, com hábitos e costumes próprios. As sociedades, principalmente as contemporâneas, não são um todo homogêneo. Elas são complexas, compostas por grupos com diferentes origens, histórias, ambientes e padrões. Dentro das sociedades contemporâneas coexistem e interagem três tipos de culturas: a cultura popular, a  cultura de massa e a cultura erudita.
Dizer que a cultura popular é uma versão menos elaborada  e mais difundida da cultura de elite corresponde a uma comparação equivocada. Outra distorção é a consideração da cultura de elite como sendo uma produção de classe dominante e por isso conservadora.
O que é cultura erudita?
Erudição quer dizer instrução vasta e variada, adquirida, sobretudo, pela leitura. Ela se opõe ao rude e, em geral, é identificada com o conhecimento dos autores e artistas clássicos. É comum associar os clássicos com os gregos e romanos antigos, tomados como padrão intelectual. Clássico é também concedido aquilo que resistiu ao tempo e às flutuações da moda. Pode referir-se ainda, àquilo que marcou época, sejam personagens ou obras artísticas, filosóficas ou científicas.
O estoque cultural erudito é cultuado pela tradição e por suas instituições oficiais. Universidades, conservatórios, bibliotecas e museus costumam ser os locais de acervo e de acesso aos clássicos.
Como os bens culturais não são acessíveis de forma abrangente, a cultura clássica ou erudita é vista como algo apenas de elite. A elite cultural nem sempre  corresponde às elites econômicas e políticas, ou seja, aos ricos e poderosos. Como a maioria da população não foi criada junto àquele patrimônio cultural, poucos compreendem suas referências e apreciam seus detalhamentos. A cultura erudita tem o status de algo sofisticado e privilegiado, por exigir rigor na sua elaboração e público restrito, o que, às vezes, a torna ridicularizada.
            É vista como esnobismo, academicismo e formalismo, devido à exigência e requinte no seu cultivo não fazerem sentido para a maioria da população. Assim, ela é criticada pela pretensão de que seus padrões  sejam os únicos corretos ou superiores às demais expressões culturais. Como observa o estudioso de políticas culturais Teixeira Coelho, “O desprezo pelos diferentes, política e culturalmente, é, ao mesmo tempo, a consequência e o motor do elitismo” (COELHO,1999, p.164).
            Já a cultura popular é conhecida como aquela cultura anônima produzida pelo homem comum. Ela é, geralmente, transmitida pelos costumes e de forma oral e não pela escrita ou por instituições oficiais.
            É muito comum identificá-la ao folclore e ao artesanato. A rigor a palavra “folclore” quer dizer do povo, o conjunto de suas tradições e conhecimento. Normalmente, porém, usamos esse termo referindo-se às crenças, contos, ou canções de uma determinada época ou região. Quando se vê o folclore como  pitoresco e tradicional, ou seja, algo pronto e acabado, dificilmente  se percebe sua vitalidade, que absorve e transforma inúmeras influências de outros costumes. Às vezes, as transformações são tão rápidas que sentimos saudade daquilo que, há mais tempo, era a tradição. São várias as situações em que podemos perceber essas transformações. Podemos citar como exemplos a inexistência de alguns produtos nas feiras artesanais, as diferentes  coreografias nas festas juninas. O fato é que nunca se sabe ao certo onde e quando as inovações começaram e onde irão parar. Isso revela a dinâmica fluida e o anonimato da cultura popular.
            Muitas vezes, adotando-se a perspectiva clássica, considera-se a cultura popular como vulgar,  inferior e simplória. Ela é tida como irregular e sem muitos critérios, ou então como cultura que segue padrões muito variados e pouco originais. O que justifica a tarefa de seleção e organização de seus elementos, a qual os ocupantes dos lugares de poder  da sociedade atribuem  si próprios.
            Alguns estudiosos, como Câmara Cascudo, consideram, entretanto, que as manifestações culturais populares são como um resíduo da cultura “culta” (erudita) de outras épocas e que foram sendo filtradas ao longo do tempo. Clássicos que sobreviveram  adaptados e lapidados pelo povo.
            Em muitas situações, a defesa da cultura popular tem sido uma importante  bandeira na luta pela conscientização e valorização dos segmentos desfavorecidos da população. Para diversas pessoas preocupadas com a política cultural, o melhor seria resguardar a cultura popular, isto é, poupá-la de ser engolida pela cultura dominante e pela indústria cultural, pois seria a única forma de preservá-la. No entanto, a tentativa de preservar e estimular a produção da cultura popular não é tarefa fácil. É comum ver tais tentativas se inclinarem para um populismo que tenta tutelar a cultura popular. As práticas de proteção e incentivo à cultura popular descambam, muitas vezes, para uma postura assistencialista que, de certa forma, infantiliza o povo.
Outros julgam que o mais correto não é garantir as fronteiras para preservar a cultura popular, mas “botar lenha na fogueira” e deixar a “mistura ferver”, como a melhor de incentivar o livre trânsito dos sujeitos e objetos culturais em toda a sua multiplicidade.


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O Múltiplo

Para ser grande, sê inteiro: nada

Para ser grande, sê inteiro: nada
      Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
      No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a Lua toda
      Brilha, porque alta vive.

 Ricardo Reis [Heterônimo de Fernando Pessoa], (escrito em 14.02.1933), In Poesia, Assírio e Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, 2000.



domingo, 18 de janeiro de 2015

Antropologia

Estranhamento e Identificação Cultural

A percepção da individualidade nasce com o reconhecimento que o outro é diferente. Os nossos  ritos e símbolos expressam as diferenças. São uma forma de nos reconhecermos e de nos diferenciarmos daqueles que não compartilham de nossos valores e costumes.
Aderir a determinados costumes e padrões culturais expressam a identificação com o grupo social.  – Profissão, posição política, padrão estético – são expressões de que nos valemos para nos identificarmos com um grupo de pessoas e valores e nos diferenciarmos de outros.
Aderir a determinados costumes e padrões culturais expressam a identificação com o grupo social. – Profissão, posição política, padrão estético –  são expressões de que nos valemos para nos identificarmos com um grupo de pessoas e valores   e nos identificarmos.
Toda  cultura é uma mistura. Nem os padrões, nem os significados, nem os grupos, são imóveis. A transformação é contínua.
O autoconhecimento depende do outro e vice-versa. Nós nos diferenciamos de  grupos quando nos identificamos com outros. A diferenciação e identificação cultural se faz ora com alguns símbolos ora com outros e com ressignificação, isto é, alterando o significado de um mesmo símbolo.

Multiculturalismo e Interculturalismo

O multiculturalismo vê as diferenças culturas como positivas, por isso, opõe-se a todas as formas de expropriação cultural.
Hoje em dia, fala-se muito de pluralismo cultural ou de multiculturalismo como afirmação da diferença cultural e como recusa positiva e deliberada à hierarquização etnocêntrica das culturas. Considera-se, então, que cada grupo cultural tem direito a conservar e a desenvolver a sua cultura e a educar-se com base nos próprios valores e conhecimentos culturais em igualdade de condição.
Todavia, a perspectiva do multiculturalismo não significa, necessariamente, interação. Ela pede simplesmente a convivência pacífica e respeitosa com o diferente, mas sem disposição de interação. Ou seja, o ajuntamento de culturas múltiplas no interior de uma sociedade, sem comunicação entre elas, permanecendo cada uma apartada da outra.
O que diferencia, então, o interculturalismo do multiculturalismo? O prefixo “inter”  coloca a  tônica nas trocas entre as culturas nos cruzamentos, nas conexões, articulações, comunicações, diálogos, em que cada um pode beneficiar-se da outra. Enquanto o termo multicultural é puramente descritivo, isto é,   descreve a realidade das sociedades nas quais coexistem diferentes culturas, o termo intercultural é normativo, pois refere-se a um processo de intercâmbio e interação comunicativa que seria desejável nas sociedades multiculturais.
O interculturalismo valoriza a interação e o intercâmbio entre diferentes culturas e não simples coexistência entre elas. Nesse sentido, trata-se de um processo permanente, sempre inacabado, marcado por uma deliberada intenção de promover uma relação dialógica e democrática entre as culturas e os grupos “fechados” e não unicamente de uma coexistência pacífica em mesmo território.
O interculturalismo parte de um conceito de cultura mais dinâmica que permite o intercâmbio e o diálogo entre os grupos culturais e seu mútuo enriquecimento. Não considera nenhuma cultura como superior a outra e com direito a dominá-la, mas tampouco compartilha com os relativistas a consideração de que todas as culturas têm igual valor.

                          








sábado, 17 de janeiro de 2015

Antropologia



Sobre Antropologia

          Antropologia é o estudo ou reflexão sobre o ser humano e suas criações (obras)  cuja finalidade é descrever o homem e analisá-lo em suas características biológicas e socioculturais, de acordo com os diferentes povos e etnias, etc., enfatizando as diferenças entre eles.
       A importância da Antropologia deve-se ao fato de que a partir do momento que nos conhecemos podemos compreender o outro e nos respeitarmos como iguais e diferentes, vivendo em paz, buscando o bem comum.
·                 A Antropologia é a ciência que procura compreender o homem e sua relação com a cultura.
·                      Seu objetivo é entender os muitos caminhos tomados por diferentes grupos humanos. Ela tenta conhecer suas diferenças e pensa o que elas têm em comum. Entender que o processo de formação de cultura das diferentes culturas é uma forma de compreender a nossa.
·             A Antropologia é um importante instrumento para a compreensão do ser humano e, portanto, é uma ferramenta fundamental para a atividade pedagógica.
·         Embora se deva tentar um ponto de vista o menos etnocêntrico possível, é sempre a partir de sua própria cultura que um indivíduo ou grupo percebe o outro.
·         Ser cidadão do mundo não implica o abandono das raízes culturais.
·                           A diferenciação faz parte do próprio processo de identificação cultural.
·                   O uso de certas expressões culturais, como tradições e símbolos, são formas de nos reconhecermos e de nos diferenciarmos dos outros grupos culturais.
·         Os elementos que compõem a identificação cultural não são fixos, porém mutantes.

De acordo com a Antropologia, cultura é o conjunto dos modos de vida criados e transmitidos de uma geração para outra entre os membros de determinada sociedade. Algo que abrange conhecimento, crenças, técnicas, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outras capacidades adquiridas igualmente pelos seres humanos.
Enquanto o animal permanece sempre o mesmo na sua essência, repetindo-se os mesmos gestos comuns à sua espécie, o homem muda as maneiras pelas quais vive, estabelecendo relações também mutáveis, que por sua vez alteram sua maneira de perceber, pensar, de sentir o  mundo.

A aprendizagem é fundamental para a vida humana porque sem ela não vivemos. A faculdade de aprender, a flexibilidade foram fatores preponderantes na evolução do homem. As lições que aprendemos são tantas e tão básicas que não nos reconhecemos propriamente humanos  sem eles
Através da cultura se conhece a História.
A História se fundamenta na cultura.
A História não é imóvel: precisamos retornar ao outro.

Etnocentrismo
O etnocentrismo se manifesta quando um povo acha que sua cultura, sua língua, seu costumes, etc., são os melhores e assim tenta se sobrepor aos demais, subjugando-os. Um dos problemas que ele traz é a aculturação de outros povos e até o extermínio, além de preconceito e racismo.
O Etnocentrismo é a perspectiva assumida pelo indivíduos que tornam a própria etnia  como verdadeira e superior, desmerecendo qualquer outra que possa existir. Ela apresenta obstáculos à compreensão das outras culturas e da nossa própria gerando o egoísmo e preconceito