A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO SEGUNDO PIAGET
TEORIA DA EQUILIBRAÇÃO
TEORIA DA EQUILIBRAÇÃO
Segundo Piaget (WADSWORTH, 1996), a
teoria da equilibração, de uma maneira geral, trata de um ponto de equilíbrio
entre a assimilação e a acomodação, e assim, é considerada como um mecanismo autorregulador,
necessária para assegurar à criança uma interação eficiente dela com o
meio-ambiente.
A importância da teoria da
equilibração, é notada principalmente frente a dois postulados organizados por
PIAGET (1975, p.14) :
Primeiro Postulado : Todo esquema de
assimilação tende a alimentar-se, isto é, a incorporar elementos que lhe são
exteriores e compatíveis com a sua natureza.
Segundo Postulado : Todo esquema de
assimilação é obrigado a se acomodar aos elementos que assimila, isto é, a se
modificar em função de suas particularidades, mas, sem com isso, perder sua
continuidade (portanto, seu fechamento enquanto ciclo de processos
interdependentes), nem seus poderes anteriores de assimilação.
O primeiro postulado limita-se a
consignar um motor à pesquisa, e não implica na construção de novidades, uma
vez que um esquema amplo pode abranger uma gama enorme de objetos sem
modificá-los ou compreendê-los. O segundo postulado afirma a necessidade de um
equilíbrio entre a assimilação e a acomodação na medida em que a acomodação é
bem sucedida e permanece compatível com o ciclo, modificado ou não. Em outras
palavras, Piaget (1975) define que o equilíbrio cognitivo implica em afirmar
que :
- A
presença necessária de acomodações nas estruturas;
- A
conservação de tais estruturas em caso de acomodações bem sucedidas.
Esta equilibração é necessária porque se uma pessoa só assimilasse estímulos
acabaria com alguns poucos esquemas cognitivos, muito amplos, e por isso,
incapaz de detectar diferenças nas coisas, como é o caso do esquema
"seres", já descrito nesta seção. O contrário também é nocivo, pois
se uma pessoa só acomodasse estímulos, acabaria com uma grande
quantidade de esquemas cognitivos, porém muito pequenos, acarretando uma taxa
de generalização tão baixa que a maioria das coisas seria vistas sempre como
diferentes, mesmo pertencendo à mesma classe.
Segundo WADSWORTH (1996), uma criança,
ao experienciar um novo estímulo (ou um estímulo velho outra vez), tenta
assimilar o estímulo a um esquema existente. Se ela for bem sucedida, o
equilíbrio, em relação àquela situação estimuladora particular, é alcançado no
momento. Se a criança não consegue assimilar o estímulo, ela tenta, então,
fazer uma acomodação, modificando um esquema ou criando um esquema novo. Quando
isso é feito, ocorre a assimilação do estímulo e, nesse momento, o equilíbrio é
alcançado.
Nessa linha de pensamento em torno da
teoria das equilibrações, Piaget, segundo LIMA (1994, p.147), identifica três
formas básicas de equilibração, são elas:
- Em
função da interação fundamental de início entre o sujeito e os objetos, há
primeiramente a equilibração entre a assimilação destes esquemas e a
acomodação destes últimos aos objetos.
- Há,
em segundo lugar, uma forma de equilibração que assegura as interações
entre os esquemas, pois, se as partes apresentam propriedades enquanto
totalidades, elas apresentam propriedades enquanto partes. Obviamente, as
propriedades das partes diferenciam-se entre si. Intervêm aqui,
igualmente, processos de assimilação e acomodação recíprocos que asseguram
as interações entre dois ou mais esquemas que, juntos, compõem um outro
que os integra.
- Finalmente,
a terceira forma de equilibração é a que assegura as interações entre os
esquemas e a totalidade. Essa terceira forma é diferente da segunda, pois
naquela a equilibração intervém nas interações entre as partes, enquanto
que nesta terceira a equilibração intervém nas interações das partes com o
todo. Em outras palavras, na segunda
forma temos a equilibração pela diferenciação; na terceira temos a
equilibração pela integração.
Dessa forma, podemos ver a integração em um todo, segundo a teoria da
equilibração como uma tarefa de assimilação, enquanto que a diferenciação pode
ser vista como uma tarefa de acomodação. Há, contudo, conservação mútua do todo
e das partes.
Embora, Piaget tenha apontando três tipos de equilibração, lembra que os
tipos possuem o comum aspecto de serem todas relativas ao equilíbrio entre a
assimilação e a acomodação, além de conduzir o fortalecimento das
características positivas pertencentes aos esquemas no sistema cognitivo.
Fonte de Adaptação e Equilibração aqui
ADAPTAÇÃO E
EQUILIBRAÇÃO
Com o conceito de equilibração,
Piaget demonstrou que a Inteligência deve ser confrontada para evoluir.
Conseguir o equilíbrio, atingir uma posição estável após superar
dificuldades e sobressaltos. Esse é um processo básico na trajetória do ser
humano, uma ação continuada que permite, a um só tempo, sua evolução e sua
sobrevivência. Para suprir as necessidades básicas (como saciar a fome), o
homem precisou enfrentar situações inéditas (para ficar no exemplo da nutrição:
aprender quais frutos eram comestíveis, desenvolver instrumentos de caça e
criar processos industriais para a esterilização de alimentos). A obra de Jean
Piaget (1896-1980) defende que esse processo também ocorre com a
inteligência. Influenciado pelas teorias evolutivas da Biologia, o cientista
suíço demonstrou que a capacidade de conhecer não é inata e nem resultado
direto da experiência. Ela é construída pelo indivíduo à medida que a interação
com o meio o desequilibra - ou seja, o desafia -, exigindo novas adaptações que
possibilitam reequilibrar-se, numa caminhada evolutiva. A inteligência humana
se renova a cada descoberta.
O argumento de Piaget é que, desde o nascimento, a criança constrói
infinitamente suas estruturas cognitivas em busca de uma melhor adaptação ao
meio. No começo de seus estudos, ele utilizou o termo "adaptação"
para nomear o processo pelo qual as crianças passam de um nível de conhecimento
simples a outro mais complexo. Alguns anos mais tarde, optou pelo conceito de
equilibração e, mais tarde, à ideia de abstração reflexiva. Como desses três
sinônimos equilibração é o termo mais conhecido, é a ele que vamos nos referir
ao longo da reportagem.
Sua ocorrência se dá por meio de duas etapas complementares. A primeira delas, chamada de assimilação, é uma ação externa: consiste em utilizar os chamados esquemas de ação (formas como interagimos com o mundo, como classificar, ordenar, relacionar etc.) para compreender as características de determinado conceito. A segunda, a acomodação, é um processo interno: diz respeito à construção de novas estruturas cognitivas (com base nas pré-existentes, mas ampliando-as). Isso permite assimilar a novidade, chegando a um novo estado de equilíbrio.
O avanço intelectual nem sempre ocorre
Sua ocorrência se dá por meio de duas etapas complementares. A primeira delas, chamada de assimilação, é uma ação externa: consiste em utilizar os chamados esquemas de ação (formas como interagimos com o mundo, como classificar, ordenar, relacionar etc.) para compreender as características de determinado conceito. A segunda, a acomodação, é um processo interno: diz respeito à construção de novas estruturas cognitivas (com base nas pré-existentes, mas ampliando-as). Isso permite assimilar a novidade, chegando a um novo estado de equilíbrio.
O avanço intelectual nem sempre ocorre
Não é sempre que a equilibração é possível. Há casos em que, ao ser
desafiada a compreender determinada informação, a criança mostra-se perdida ou
desinteressada. "É o que ocorre quando perguntamos algo que está
completamente fora do campo de compreensão da criança. Em situações como essa,
em geral, ela simplesmente ignora a proposta de trabalho ou muda de
assunto", explica Orly Zucatto Mantovani de Assis, professora aposentada e
coordenadora do Laboratório de Psicologia Genética da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp).
Em outras ocasiões, a criança pode entender parcialmente o novo, deformando alguns de seus aspectos para que eles caibam no seu modo de compreender - ou, para falar de um jeito mais técnico, em seus esquemas de assimilação. Por exemplo, uma criança pode pensar, por intuição ou analogia, que o gato é um ser vivo porque se movimenta. Da mesma maneira, conclui o pequeno, a árvore também é um ser vivo, pois suas folhas balançam ao sabor do vento. Apesar de a ideia de que animais e vegetais possuem vida ter sido assimilada, o raciocínio não está adequado porque alguns aspectos foram deformados - quando ela perceber que o movimento do gato é autônomo e o da árvore é resultado do vento sobre as folhas, haverá outro processo de equilibração, que tornará esse conhecimento (sempre provisório e passível de ampliação) mais correto e complexo.
Há, finalmente, situações em que ocorre a chamada "equilibração majorante", quando o indivíduo constrói as estruturas mentais que possibilitam subir de nível cognitivo - ou seja, compreender algo novo. O papel do meio (família, escola etc.) é fundamental nesse processo. Imagine duas bolas de argila com o mesmo peso e tamanho. Ao ver uma delas ser alongada, resultando num tubinho, uma criança afirma que a mudança da forma do objeto resultou na diminuição da sua massa. Com a informação trazida por esse erro (a de que ela ainda não construiu as estruturas cognitivas responsáveis pela noção de conservação da substância), é preciso propor desafios para mostrar a inconsistência da explicação.
É o que ocorre quando uma criança observa a mesma quantidade de água em dois copos iguais, de mesma altura e mesmo diâmetro. Em seguida, um dos copos tem todo o seu conteúdo transferido para outro de mesmo volume, porém com altura menor e diâmetro maior. A tarefa da criança é responder se a quantidade do líquido se mantém ou não. Dessa vez, ela acerta. Em outras palavras, houve equilibração majorante, com a criação de estruturas disponíveis para a solução de outros problemas similares.
Em outras ocasiões, a criança pode entender parcialmente o novo, deformando alguns de seus aspectos para que eles caibam no seu modo de compreender - ou, para falar de um jeito mais técnico, em seus esquemas de assimilação. Por exemplo, uma criança pode pensar, por intuição ou analogia, que o gato é um ser vivo porque se movimenta. Da mesma maneira, conclui o pequeno, a árvore também é um ser vivo, pois suas folhas balançam ao sabor do vento. Apesar de a ideia de que animais e vegetais possuem vida ter sido assimilada, o raciocínio não está adequado porque alguns aspectos foram deformados - quando ela perceber que o movimento do gato é autônomo e o da árvore é resultado do vento sobre as folhas, haverá outro processo de equilibração, que tornará esse conhecimento (sempre provisório e passível de ampliação) mais correto e complexo.
Há, finalmente, situações em que ocorre a chamada "equilibração majorante", quando o indivíduo constrói as estruturas mentais que possibilitam subir de nível cognitivo - ou seja, compreender algo novo. O papel do meio (família, escola etc.) é fundamental nesse processo. Imagine duas bolas de argila com o mesmo peso e tamanho. Ao ver uma delas ser alongada, resultando num tubinho, uma criança afirma que a mudança da forma do objeto resultou na diminuição da sua massa. Com a informação trazida por esse erro (a de que ela ainda não construiu as estruturas cognitivas responsáveis pela noção de conservação da substância), é preciso propor desafios para mostrar a inconsistência da explicação.
É o que ocorre quando uma criança observa a mesma quantidade de água em dois copos iguais, de mesma altura e mesmo diâmetro. Em seguida, um dos copos tem todo o seu conteúdo transferido para outro de mesmo volume, porém com altura menor e diâmetro maior. A tarefa da criança é responder se a quantidade do líquido se mantém ou não. Dessa vez, ela acerta. Em outras palavras, houve equilibração majorante, com a criação de estruturas disponíveis para a solução de outros problemas similares.
O conceito de
equilibração em sala de aula
Apesar de não ter sido concebido num ambiente escolar, o conceito de
equilibração ecoa diretamente na sala de aula. Juan Delval, aluno de Piaget e
atualmente professor da Universidade Autônoma de Madri, na Espanha, explica que
a ideia reforça a diferença entre ensino e aprendizagem: aquilo que cada
estudante aprenderá não é exatamente o que o professor verbaliza em sala de
aula, nem mesmo o que ele espera que seja assimilado. "A aprendizagem
depende dos conhecimentos anteriores de cada um e de suas experiências. Para
ampliá-la, além de propor situações que desestabilizem os conhecimentos
estabelecidos,é preciso que eles se sintam motivados a realizar um esforço
cognitivo para superar o problema", diz.
O conceito de equilibração também provoca reflexões sobre as formas de
ensino mais efetivas, que possibilitem a todos avançar. Dificilmente um aluno
compreenderá que a Terra é redonda, apenas porque ouviu a professora falar que
o planeta se parece como uma laranja (na verdade, se divulgada isoladamente, a
informação pode até entrar em conflito com a experiência intuitiva de que o
planeta é plano, ou levantar questionamentos sobre por que as pessoas na parte
de baixo do globo não caem). Ele pode até decorar a informação, mas ela não
será significativa. Para que todos possam avançar, a pesquisadora argentina
Delia Lerner defende situações-problema que os levem a investigar, discutir,
refletir, levantar questões e formular hipóteses, assumindo uma postura ativa
em seu desenvolvimento.
Esse reconhecimento, porém, não reduz a importância do professor. "Aceitar que as crianças são intelectualmente ativas não significa supor que o educador é passivo. Pelo contrário, significa assumir modalidades de trabalho que levem em consideração os mecanismos de construção do conhecimento", diz Delia no livro Piaget - Vygostky, Novas Contribuições para o Debate.
Esse reconhecimento, porém, não reduz a importância do professor. "Aceitar que as crianças são intelectualmente ativas não significa supor que o educador é passivo. Pelo contrário, significa assumir modalidades de trabalho que levem em consideração os mecanismos de construção do conhecimento", diz Delia no livro Piaget - Vygostky, Novas Contribuições para o Debate.
Trecho de livro
"Em uma perspectiva da equilibração,
deve-se procurar nos desequilíbrios uma das fontes de progresso no
desenvolvimento dos conhecimentos, pois só os desequilíbrios obrigam um sujeito
a ultrapassar seu estado atual e procurar seja o que for em direções novas."
Jean Piaget, no livro O Desenvolvimento do Pensamento
Comentário
Jean Piaget, no livro O Desenvolvimento do Pensamento
Comentário
De acordo com o ponto de vista de Piaget, as
situações que colocam “em xeque” aquilo que o indivíduo já sabe são as fontes
da evolução das estruturas cognitivas. Sem elas, não haveria o processo de
equilibração ("fontes de progresso no desenvolvimento dos
conhecimentos"). Entretanto, é importante ressaltar que, ainda que as
situações desestabilizadoras possuam um papel desencadeador (levando a pessoa a
refletir sobre o desafio), para que haja aprendizado, é necessário que o
sujeito tenha um papel ativo, tomando o problema para si e realizando um
esforço cognitivo para superá-lo.
Comentário
Na perspectiva construtivista, em que o aluno tem papel ativo (e não de receptor), o docente é corresponsável pela aprendizagem, elaborando atividades e determinando como serão trabalhadas. Quanto ao conteúdo, ainda que as compreensões variem, é preciso buscar situações para que todos se aproximem ao máximo da ideia correta.
Na perspectiva construtivista, em que o aluno tem papel ativo (e não de receptor), o docente é corresponsável pela aprendizagem, elaborando atividades e determinando como serão trabalhadas. Quanto ao conteúdo, ainda que as compreensões variem, é preciso buscar situações para que todos se aproximem ao máximo da ideia correta.
Resumo do conceito Adaptação e Equilibração
Elaborador: Jean Piaget
Elaborador: Jean Piaget
Utilizados
como sinônimos pelo pesquisador suíço, os termos se referem ao processo de
ampliação de conhecimentos, resultado de duas etapas indissociáveis: a
assimilação (interação com o meio, como forma de compreender um novo conteúdo)
e a acomodação (um processo interno de construção de novas estruturas mentais
que possibilitarão atingir um patamar superior de conhecimento).
Fonte de Adaptação e Equilibração aqui
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