CONSTRUTIVISMO
Construtivismo é uma das correntes teóricas
empenhadas em explicar como a
inteligência humana se desenvolve partindo do principio de que o
desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entre o indivíduo
e o meio.
Essa concepção do conhecimento e da
aprendizagem que derivam, principalmente, das teorias da epistemologia genética
de Jean Piaget e da pesquisa sócio-histórica de Lev Vygotsky parte da ideia de
que o homem não nasce inteligente, mas também não é passivo sob a influência do
meio, isto é, ele responde aos estímulos externos agindo sobre eles para
construir e organizar o seu conhecimento, de forma cada vez mais elaborada.
Nessa concepção o conhecimento não se traduz
em atingir a verdade absoluta, em representar o real tal como ele é, mas numa
questão de adaptação (noção trazida da biologia) do organismo a seu meio ambiente. Assim, o sujeito do
conhecimento está o tempo todo modelando suas ações e operações conceituais com
base nas suas experiências. O próprio mundo sensorial com que se depara é um
resultado das relações que se mantém com esse meio, de atividade perceptiva
para com ele, e não um meio que existe independente.
ORIGENS DO CONSTRUTIVISMO
O chamado Construtivismo, como
corrente pedagógica contemporânea, talvez represente a síntese mais elaborada
da Pedagogia do século XX, por constituir-se em uma aproximação integral de um
movimento histórico e cultural de maiores dimensões: a Escola Nova ou Ativa.
Movimento que em seu tempo assumiu uma concepção reformista e uma atitude
transformadora dos processos escolares.
Poder-se-ia dizer, em outras
palavras, que o Construtivismo seria um elo que se desprendeu desse grande
movimento pedagógico, cujas implicações ideológicas e culturais permanecem vigentes nas práticas educativas de nosso
tempo.
Partindo desse ponto de vista, o
Construtivismo se converteu em opção alternativa ao modelo de educação
funcionalista nomeado por Émile Durkein, pois que, em seu interior
entrelaçam-se tantas interprestações ideológicas como diversas visões
pedagógicas, que não só influíram na
forma da organização escolar e na dinâmica da vida cotidiana nas salas de ala
dentro de contextos escolares conservadores, sobretudo nos países europeus
durante a primeira metade do século XX.
Abordando-se o construtivismo a
partir de uma visão pedagógica, como corrente circunscrita ao movimento, a
escola ativa, surgiu como alternativa necessária à forte presença que produziu condutivismo radical durante o período que vai de 1950 a 1970,
aproximadamente, no sistema educativo estadunidense.
Talvez
pelo fato do movimento europeu Escola Nova constituir-se numa vertente liberal
e antiautoritária sem precedentes, justifique a influência da grande
importância que teve em dois aspectos centrais do paradigma construtivista: de
um lado, a adoção de novas aproximações teóricas produzidas pelas Psicólogas da
Aprendizagem e, por outro lado, a apropriação de novas maneiras de aproximação
da Filosofia do Conhecimento.
CONSTRUTIVISMO:
SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DE AFABETIZAÇÃO
O grande desafio da alfabetização, a
partir da década de 80, não é mais as mudanças, técnicas ou métodos. Surge uma
nova perspectiva na concepção de alfabetização, concepção essa que se dará a
partir dos processos utilizados pelo aprendiz. O Construtivismo surge como uma
nova teoria sobre a origem do conhecimento,
buscando caracterizar os estágios mais recentes, baseados nos estudos de
Piaget, que considera o conhecimento como um processo de organização de dados.
Dessa forma, direcionar o construtivismo para
a questão da alfabetização, pode-se considerar
que o mesmo oferece uma contribuição substancial na busca de compreensão
da língua escrita. Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1985), embasadas pela teoria
construtivista, desenvolvida por Piaget, tentam desvendar o processo de
aprendizado infantil, mostrando que a alfabetização da criança não depende
tanto do método de ensino e de manuais. Segundo as autoras, cada criança
desenvolve sua própria maneira de aprender a ler e escrever, buscando construir
seu conhecimento através de elaboração de hipóteses e sobretudo de um conflito
cognitivo que permita a ela avanços frente ao sistema de escrita. Esse processo
inicia-se muito antes que a escola tradicional imagina, por se tratar de um
sujeito disposto a adquirir conhecimentos e que interage com o mundo físico, e
não uma técnica particular, como é ensinado nos métodos. É a partir desse
referencial que se muda a concepção do ato de alfabetizar ao demonstrar que a
criança constrói o processo da lecto-escrita, conhecimento que a criança tem
sobre a leitura e a escrita seguindo o caminho próprio e determinado.
O construtivismo, como teoria aplicada à
compreensão do percurso vivenciado pela criança, na tentativa de compreender
como a escrita funciona, foi apresentado por Emília Ferreiro e Ana Teberoskt na
década de 80, no livro A psicogênese da
língua escrita. As autoras propõem uma inversão na discussão: mais que
pensar em métodos, é preciso compreender os processos de aprendizagem que a
criança vivencia ao tentar reconstruir a representação do sistema alfabético
(FRADE, 2004, p. 39).
Em suas pesquisas sobre a psicogênese da
língua escrita, elas demonstram como se constrói, em níveis evolutivos, a
compreensão do sistema alfabético de representação da língua, permitindo
definir atividades e intervenções pedagógicas que favorecem a compreensão da
escrita e a superação das dificuldades dessa aprendizagem. Para as referidas
autoras, “se entendermos a aquisição da
escrita como produto de uma construção ativa, ela supõe etapas de estruturação
de conhecimentos.
Ferreiro afirma que, a criança, como sujeito
ativo, é aquele que compara, ordena, categoriza, comprova, reformula, elabora
hipótese, reorganiza uma ação interiorizada ou efetiva.
Princípios
básicos: estes induzem o professor a ter outra postura perante o aprendiz.
ü Tem
acesso à escrita na sociedade, antes de passar por um processo sistemático de
ensino na escola;
ü Tem
um processo lógico de pensamento e cada “erro” de escrita que produz indica uma
hipótese sobre o conteúdo do sistema alfabético de escrita;
ü Constrói
conhecimentos em situação espontânea, desde que conviva com o sistema de
escrita e que obtenha algumas informações sobre seu funcionamento.
Dessa forma a escola precisa
aprender que:
ü Um
método não é o único determinante da aprendizagem, sendo preciso considerar o
processo do aprendiz;
ü O
contexto escolar deve propiciar a experimentação em torno da escrita, sem
provocar nos alunos o medo de avaliação de “erros”;
ü O
material usado na escola deve ser aquele que representa a diversidade de uso da
escrita existente na sociedade;
ü É
necessário, antes de iniciar o ensino e durante o processo, saber em que nível
de compreensão da escrita o aluno se encontra e, para isso, é importante que a
escola construa instrumentos que permitam ao aluno expressar, sem medo, o que
sabe e que o professor precisa conhecer as teorias sobre “o como se aprende”
para interpretar os resultados.
ü A
escrita/leitura devem ser aprendidas em uso social.
RESUMINHO
A INTELIGÊNCIA HUMANA SE DESENVOLVE
- Segundo Piaget, o homem não nasce
inteligente: ele resulta da reação que mantém com o meio.
- O conhecimento não é verdade
absoluta, é questão de adaptação.
ORIGENS
DO CONSTRUTIVISMO
- Surgiu através de um movimento
histórico e cultural transformando os processos escolares.
- Foi além de movimento pedagógico e
está ainda presente nas escolas.
- Nasceu nos Estados Unidos com Émile
Durkheim.
O
CONSTRUTIVISMO E SUA INFLUÊNCIA NO
PROCESSO
DE APRENDIZAGEM
- A origem do conhecimento com um
processo de organização de dados.
- Uma contribuição na busca da
compreensão da língua escrita.
- Cada criança desenvolve sua própria
maneira de aprender a ler e escrever.
- Demonstram como se constrói a
compreensão do sistema alfabético de representação da língua.
- A aquisição da escrita como produto de uma construção ativa.
- A criança é aquela que compara,
ordena, aprova.
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