domingo, 22 de março de 2015

Alfabetizando

CONSTRUTIVISMO
Construtivismo é uma das correntes teóricas empenhadas  em explicar como a inteligência humana se desenvolve partindo do principio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entre o indivíduo e o meio.
Essa concepção do conhecimento e da aprendizagem que derivam, principalmente, das teorias da epistemologia genética de Jean Piaget e da pesquisa sócio-histórica de Lev Vygotsky parte da ideia de que o homem não nasce inteligente, mas também não é passivo sob a influência do meio, isto é, ele responde aos estímulos externos agindo sobre eles para construir e organizar o seu conhecimento, de forma cada vez mais elaborada.
Nessa concepção o conhecimento não se traduz em atingir a verdade absoluta, em representar o real tal como ele é, mas numa questão de adaptação (noção trazida da biologia) do organismo  a seu meio ambiente. Assim, o sujeito do conhecimento está o tempo todo modelando suas ações e operações conceituais com base nas suas experiências. O próprio mundo sensorial com que se depara é um resultado das relações que se mantém com esse meio, de atividade perceptiva para com ele, e não um meio que existe independente.

ORIGENS DO CONSTRUTIVISMO

            O chamado Construtivismo, como corrente pedagógica contemporânea, talvez represente a síntese mais elaborada da Pedagogia do século XX, por constituir-se em uma aproximação integral de um movimento histórico e cultural de maiores dimensões: a Escola Nova ou Ativa. Movimento que em seu tempo assumiu uma concepção reformista e uma atitude transformadora dos processos escolares.
            Poder-se-ia dizer, em outras palavras, que o Construtivismo seria um elo que se desprendeu desse grande movimento pedagógico, cujas implicações ideológicas e culturais permanecem  vigentes nas práticas educativas de nosso tempo.
            Partindo desse ponto de vista, o Construtivismo se converteu em opção alternativa ao modelo de educação funcionalista nomeado por Émile Durkein, pois que, em seu interior entrelaçam-se tantas interprestações ideológicas como diversas visões pedagógicas, que  não só influíram na forma da organização escolar e na dinâmica da vida cotidiana nas salas de ala dentro de contextos escolares conservadores, sobretudo nos países europeus durante a primeira  metade do século XX.
            Abordando-se o construtivismo a partir de uma visão pedagógica, como corrente circunscrita ao movimento, a escola ativa, surgiu como alternativa necessária à forte presença  que produziu condutivismo radical durante o período que vai de 1950 a 1970, aproximadamente, no sistema educativo estadunidense.
Talvez pelo fato do movimento europeu Escola Nova constituir-se numa vertente liberal e antiautoritária sem precedentes, justifique a influência da grande importância que teve em dois aspectos centrais do paradigma construtivista: de um lado, a adoção de novas aproximações teóricas produzidas pelas Psicólogas da Aprendizagem e, por outro lado, a apropriação de novas maneiras de aproximação da Filosofia do Conhecimento.

CONSTRUTIVISMO: SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DE AFABETIZAÇÃO

            O grande desafio da alfabetização, a partir da década de 80, não é mais as mudanças, técnicas ou métodos. Surge uma nova perspectiva na concepção de alfabetização, concepção essa que se dará a partir dos processos utilizados pelo aprendiz. O Construtivismo surge como uma nova teoria sobre a origem do conhecimento,  buscando caracterizar os estágios mais recentes, baseados nos estudos de Piaget, que considera o conhecimento como um processo de organização de dados.
Dessa forma, direcionar o construtivismo para a questão da alfabetização, pode-se considerar  que o mesmo oferece uma contribuição substancial na busca de compreensão da língua escrita. Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1985), embasadas pela teoria construtivista, desenvolvida por Piaget, tentam desvendar o processo de aprendizado infantil, mostrando que a alfabetização da criança não depende tanto do método de ensino e de manuais. Segundo as autoras, cada criança desenvolve sua própria maneira de aprender a ler e escrever, buscando construir seu conhecimento através de elaboração de hipóteses e sobretudo de um conflito cognitivo que permita a ela avanços frente ao sistema de escrita. Esse processo inicia-se muito antes que a escola tradicional imagina, por se tratar de um sujeito disposto a adquirir conhecimentos e que interage com o mundo físico, e não uma técnica particular, como é ensinado nos métodos. É a partir desse referencial que se muda a concepção do ato de alfabetizar ao demonstrar que a criança constrói o processo da lecto-escrita, conhecimento que a criança tem sobre a leitura e a escrita seguindo o caminho próprio e determinado.
O construtivismo, como teoria aplicada à compreensão do percurso vivenciado pela criança, na tentativa de compreender como a escrita funciona, foi apresentado por Emília Ferreiro e Ana Teberoskt na década de 80, no livro A psicogênese da língua escrita. As autoras propõem uma inversão na discussão: mais que pensar em métodos, é preciso compreender os processos de aprendizagem que a criança vivencia ao tentar reconstruir a representação do sistema alfabético (FRADE, 2004, p. 39).
Em suas pesquisas sobre a psicogênese da língua escrita, elas demonstram como se constrói, em níveis evolutivos, a compreensão do sistema alfabético de representação da língua, permitindo definir atividades e intervenções pedagógicas que favorecem a compreensão da escrita e a superação das dificuldades dessa aprendizagem. Para as referidas autoras, “se entendermos  a aquisição da escrita como produto de uma construção ativa, ela supõe etapas de estruturação de conhecimentos.
Ferreiro afirma que, a criança, como sujeito ativo, é aquele que compara, ordena, categoriza, comprova, reformula, elabora hipótese, reorganiza uma ação interiorizada ou efetiva.

Princípios básicos: estes induzem o professor a ter outra postura perante o aprendiz.
ü  Tem acesso à escrita na sociedade, antes de passar por um processo sistemático de ensino na escola;
ü  Tem um processo lógico de pensamento e cada “erro” de escrita que produz indica uma hipótese sobre o conteúdo do sistema alfabético de escrita;
ü  Constrói conhecimentos em situação espontânea, desde que conviva com o sistema de escrita e que obtenha algumas informações sobre seu funcionamento.

Dessa forma a escola precisa aprender que:

ü  Um método não é o único determinante da aprendizagem, sendo preciso considerar o processo do aprendiz;
ü  O contexto escolar deve propiciar a experimentação em torno da escrita, sem provocar nos alunos o medo de avaliação de “erros”;
ü  O material usado na escola deve ser aquele que representa a diversidade de uso da escrita existente na sociedade;
ü  É necessário, antes de iniciar o ensino e durante o processo, saber em que nível de compreensão da escrita o aluno se encontra e, para isso, é importante que a escola construa instrumentos que permitam ao aluno expressar, sem medo, o que sabe e que o professor precisa conhecer as teorias sobre “o como se aprende” para interpretar os resultados.
ü  A escrita/leitura devem ser aprendidas em uso social.


RESUMINHO
A INTELIGÊNCIA HUMANA SE DESENVOLVE

  • Segundo Piaget, o homem não nasce inteligente: ele resulta da reação que mantém com o meio.

  • O conhecimento não é verdade absoluta, é questão de adaptação.

ORIGENS DO CONSTRUTIVISMO

  • Surgiu através de um movimento histórico e cultural transformando os processos escolares.

  • Foi além de movimento pedagógico e está ainda presente nas escolas.

  • Nasceu nos Estados Unidos com Émile Durkheim.


O CONSTRUTIVISMO E SUA INFLUÊNCIA NO
PROCESSO DE APRENDIZAGEM

  • A origem do conhecimento com um processo de organização de dados.

  • Uma contribuição na busca da compreensão da língua escrita.

  • Cada criança desenvolve sua própria maneira de aprender a ler e escrever.

  • Demonstram como se constrói a compreensão do sistema alfabético de representação da língua.

  • A aquisição da escrita como produto de uma construção ativa.

  • A criança é aquela que compara, ordena, aprova.






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