Os
textos, o mesmo canto profundo e
emocionante à natureza, relacionam-se totalmente ao falar da verdade de que
somos todos um só. Todos os seres vivos deste planeta são feitos do mesmo
material. Os indígenas, talvez por viverem mais próximos da natureza,
conseguiam perceber claramente esta relação. Diversos filmes e documentários
mostram como era o amor e o respeito
desse povo a tudo o que se referia à terra. Mesmo sem saber a questão
dos componentes químicos, eles foram capazes de entender a relação existente em
tudo que é vivo. E seus gestos, e suas
falas, eram carregados de pura poesia.
O texto de Sacramento também
poético e verdadeiro, fala da ignorância humana diante dessa verdade
incontestável. A autora se refere ainda ao Amor a que todos pertencemos e ao
qual voltamos ao findar o nosso tempo e retornarmos para a terra. Entende-se, segundo ela,
que voltamos ao Amor, e se ao
findarmos, voltamos à terra, a terra é o
próprio Amor. Então, tudo que há, e que
vem da terra, também é feito desse Amor, e há que ser respeitado, como ensina
Gibran Khalil Gibran em sua belíssima obra:
Mas já que
deveis matar para comer [...] fazei disso um ato de adoração [...] e que vossa
mesa seja um altar. E quando matardes um animal, dizei-lhe: Pelo mesmo poder
que te imola, eu também serei imolado, e eu também servirei de alimentos para
outros. Pois a lei que te entregou às
minhas mãos me entregará a mãos mais
poderosas. Teu sangue e meu sangue nada são senão a seiva que nutre a árvore do
céu (GIBRAN, 1976, p. 21-22).
Essa
visão poética da relação do homem com a natureza, talvez não permita que se
alcance o quão urgente e vital seja a
compreensão de que ao destruir o meio ambiente, de qualquer forma, o homem está
destruindo a si mesmo e todas as possibilidades de sobrevivência na Terra. Todo
tipo de extração, se não for consciente e ponderada, leva ao extermínio do
recurso e, na cadeia que une tudo, o elo quebrado vai favorecer a morte de toda
uma espécie. Ou outras. E todas.
Somos
interdependentes, e a terra, há muito mostra sinais de que não suporta tanta
destruição. A ganância leva o homem a cometer atrocidades, seja no trato com os
animais, seja com as florestas. A
produção de alimentos, cada vez maior diante do aumento da população mundial,
leva à necessidade de expansão de áreas
para agricultura e pecuária, o que obriga o desmatamento e ocupação humana, e
isso é um desastre.
Em
razão disso é necessário a criação de políticas ambientais capazes de reverter
quadros, de criar possibilidades para refazer, cuidar da nossa única casa. É
vital que a humanidade perceba que todas as coisas, ligadas pelo tênue, porque
perecível, fio da vida, devem ser empregadas para a continuação dessa vida, com
consciência e parcimônia. E repostas. A
consumição de um procede ao aniquilamento de todos.
Lécia Freitas
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