O FILME, EU DANIEL BLAKE
O filme Eu,
Daniel Blake, segundo informações retiradas da internet, é uma produção do
Reino Unido, do ano de 2016, dirigido
por Ken Loach . Ganhador do prêmio Palma
de Ouro apresenta o ator Dave Johns no papel principal, de um drama vivido por
muitas pessoas no mundo.
A
personagem Dan já idoso sofre um ataque cardíaco e por isso é afastado de suas
atividades. Ele quer voltar a trabalhar, no entanto, sua
médica não o considera apto para voltar. Ele então tenta o auxílio desemprego,
mas a burocracia dificulta todo o processo. Durante as suas tentativas de ser
ouvido pelos órgãos do Estado, sua história se entrelaça com a de uma mulher
que tenta encontrar o trabalho que a possibilite criar os dois filhos pequenos.
Dessa forma, nasce uma grande amizade entre eles.
A
narrativa destaca, também a história de um jovem negro que tenta sobreviver ao
preconceito, comercializando objetos contrabandeados. Cansado de receber um
salário irrisório, devido à sua etnia, e insuficiente para lhe dar condições
mínimas de sobrevivências, ele decide comprar calçados chineses diretamente da
China, vendendo informalmente a um preço bem inferior do mercado, infringindo
com isso as leis da Receita Federal.
A
jovem mulher que se torna amiga de Dan, sendo ajudada por ele, luta de todas as
formas para conseguir criar os filhos. Apesar de receber ajuda de pessoas
anônimas isso não é suficiente e ela não consegue suprir as necessidades de
alimentação e de condições para ter roupas e a calçados adequados para os
filhos no inverno rigoroso daquela região. Isso a leva a se prostituir, sendo
admoestada por Dan, mas ela não o ouve.
Dan
consegue depois de muitas tentativas uma oportunidade de apresentar um laudo
dos médicos atestando que ele não pode trabalhar, devendo, portanto, receber um
benefício do Estado, equivalente a um seguro social. No entanto, emociona-se
fortemente e vem a falecer, no momento de se apresentar aos funcionários do
órgão.
O filme mostra o descaso do Estado diante das
dificuldades de sobrevivência dos cidadãos de baixa renda, que não têm voz nem
vez ao enfrentar a burocracia e da insensibilidade dos órgãos competentes.
ANÁLISE:
Eu, Daniel Blake
O
filme em questão Eu, Daniel Blake, segundo informações
retiradas da internet, é uma produção
do Reino Unido, do ano de 2016, dirigido
por Ken Loach . Ganhador do prêmio Palma de Ouro, a narrativa apresenta o ator
Dave Johns no papel principal de um drama vivido por muitas pessoas no mundo.
Mostra
o descaso do Estado diante das dificuldades de sobrevivência dos cidadãos de
baixa renda, que não têm voz nem vez ao enfrentar a burocracia e a
insensibilidade dos órgãos competentes.
A
abordagem do tema se entrelaça com questões polêmicas como o preconceito étnico
que se manifesta nos meios de sobrevivência vividas por um jovem negro. O
salário que recebe em seu trabalho é
irrisório não sendo suficiente para que possa viver com dignidade. O rapaz
então decide comercializar calçados trazidos da China, pelo correio, com um
valor abaixo do preço do mercado. Essa prática incide em sonegação fiscal. Isso
leva à reflexão sobre o trabalho informal nesses moldes. Até que ponto pode-se
condenar uma pessoa que para sobreviver vende produtos ilegais se o Estado não
lhe dá condições, e pior, cria leis que impossibilitam a sobrevivência? Em que
critérios se baseiam as leis trabalhistas que oferecem um salário menor a um
negro? Pode-se, então, trazer essa questão para a nossa realidade quando
sabemos que os negros em nosso país vivem situação semelhante.
Durante
as tentativas de ser ouvido pelos órgãos do Estado, a personagem principal
conhece uma jovem mulher e seus dois filhos. Daniel aproxima-se dela, tenta
ajudá-la no que é possível e assim desenvolvem uma forte amizade. Os
questionamentos feitos, nesse aspecto, referem-se ao fato de que a mulher
pratica furto em um supermercado, de objetos necessários. Em outro momento, ela
chega a se prostituir. Sua situação com as crianças é desesperadora e ela não
tem nenhuma saída. Também aqui há uma omissão do Estado. Não há políticas públicas
sociais as quais ela possa pedir socorro, amparo. Apesar de receber ajuda de pessoas anônimas
isso não é suficiente e ela não consegue suprir as necessidades de alimentação
e de condições para ter roupas e calçados adequados para os filhos, no inverno
rigoroso daquela região.
Em
que ponto, então, pode-se acusar a mulher? Como não entender o seu desespero
diante das necessidades dos filhos. A pouca comida que tem é oferecida apenas a
eles. Ao receber ajuda de uma entidade filantrópica, estando com muita fome,
ela começa a comer o conteúdo de um enlatado, escondido. Essa situação é muito
constrangedora para ela e a filha que depois sofre bullying na escola, devido ao fato. Percebe-se que a situação
vivida pela família irá deixar marcas nas crianças, o que deveria exigir uma
interferência do Estado para garantir um desenvolvimento saudável desses
indivíduos. Também essa situação é muito comum, aqui, no Brasil.
A
situação mais trágica, no entanto, refere-se ao caso de Daniel, que idoso, após
sofrer um ataque cardíaco, é impedido de voltar ao trabalho por recomendação
médica. Ele quer trabalhar, mas os médicos não o liberam. Tenta, então, receber
o seguro desemprego, porém encontra muitas barreiras como a insensibilidade dos
funcionários que não o ouvem, ignorando seus argumentos. Além disso, alguns
papéis devem ser enviados via on-line
e ele não sabe operacionar um computador.
Daniel
tenta de todas as formas chamar a atenção sobre seu problema, chegando a pichar
um muro em protesto o que o leva a ser detido pela polícia. No entanto, a sua
situação piora a cada dia. Vende todas as coisas que possui, única saída para
não passar fome. Quando finalmente consegue marcar uma audiência, que irá rever
seu quadro, não suporta a emoção e morre vítima de outro ataque cardíaco. Na
carta de despedida que deixa à amiga, ele expõe toda sua dor ao afirmar que é
um cidadão Íntegro e que por isso merece respeito.
Essa denúncia da narrativa nos reporta à
situação enfrentada pelos idosos não só no país de origem como também em outros
lugares.
É
recorrente o estado de abandono vivido por idosos que não têm família, e mesmo
aqueles a têm, mas que vivem separados por algum motivo. Mesmo os idosos que
conseguem se aposentar, vivem um estado de penúria não condizente com o mínimo
de dignidade exigidos para um ser humano. Fatores como os gastos com saúde, que
nem sempre são cumpridos como deveriam, acabam por consumir parte considerável
da aposentadoria. Lembrando que aqui, no país, vigora uma lei que permite
aposentadoria a todo idoso que necessita. Ainda existem políticas que fornecem
medicamentos gratuitos e outros a baixo custo. No entanto, ainda é grande o
descaso do Estado frente às necessidades e dificuldades de sobrevivência desses
indivíduos como os citados no filme.
Espera-se
uma ação efetiva sobre os assuntos, desse Governo que se inicia (?).
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