Principais
objetivos estéticos dos modernistas quando da Semana de Arte Moderna:
- Renovar o ambiente
artístico e cultural da cidade;
- Romper com o
tradicionalismo (parnasianismo, simbolismo e a arte acadêmica);
- Libertação
estética;
- Experimentação
constante;
- Independência
cultural do país.
Apesar da força do movimento literário modernista, a
base deste movimento se encontra nas artes plásticas, com destaque para a
pintura.
Principais
características de cada geração modernista:
PRIMEIRA GERAÇÃO (1922/1930
Principais
características:
- Pluralidade de
linguagens e perspectivas;
- Irracionalismo:
negação do racionalismo burguês;
- Influência das
vanguardas européias;
- Principal
característica formal: destruição de todo academicismo (nacional e
importado), a métrica, a rima, a linguagem de dicionário, a linearidade do
discurso, o sentimentalismo romântico, o racionalismo realista-
naturalista.
- Principal
característica quanto ao conteúdo: nacionalismo ufanista (
Verde-amarelinho e Grupo da Anta) e crítico (Pau Brasil e Antropofagia);
- Verso livre;
- Associação mais
analógica que lógica entre as palavras;
- Preferência por
substantivos e verbos, em vê de adjetivos e advérbios;
- Blague
(poema-piada), bom humor, ironia;
- Mistura entre prosa
e poesia;
- Utilização de
linguagem coloquial;
- Temáticas
tradicionalmente consideradas não poéticas, etc.
SEGUNDA GERAÇÃO (1930/1945)
Principais
características:
- Prolonga e
aprofunda as propostas e realizações de 1922;
- Concilia elementos
da tradição e elementos de modernidade;
- Poesia: Poetas de
cosmovisão;
- Prosa:
Neorrealismo.
- Engajamento dos
escritores nas questões sociopolíticas de seu tempo.
TERCEIRA
GERAÇÃO (1945/1964)
Principais características:
- Retrocesso em relação às conquistas de 1922;
- Volta ao passado:
revalorização da rima, da métrica, do vocabulário erudito e das
referências mitológicas;
- Passadismo,
academicismo;
- Introdução de uma
nova cultura internacional nas Letras Brasileiras;
- Literatura:
constante pesquisa de linguagem + senso do compromisso entre a arte e
realidade, engajamento;
- Síntese de ambas as
gerações: experimentalismo + maturidade artística; nacionalismo +
universalismo
O modernismo em João Guimarães Rosa, embora seja de
proposta regionalista, assume caráter universal. Argumenta-se a favor dessa
afirmativa:
Em Grande Sertão: Veredas, os conflitos
existenciais vividos no cotidiano de Riobaldo, personagem central da obra, ao
mesmo tempo que se confundem com a imagem dos jagunços, evocam também a imagem
de qualquer homem em qualquer lugar do mundo. O local e o universal são vozes
de uma mesma orquestra perfeitamente afinada. No desenrolar de sua travessia,
experiências e conflitos universais na sua interação com as áridas veredas
sertaneja, bem como com a matéria vivente da região, desencadeando andanças
entre o mundano e o divino, o amor e o desejo, o justo e o injusto, o certo e o
errado, o medo e as lutas sangrentas, entre o silêncio e a necessidade de
verbalizar sua história. Mas não se pode perder de vista que a matéria prima
responsável pela concepção desse sertão tão sedutor e peculiar é a palavra. A
composição dos personagens e dos cenários é feita através da palavra. As
experiências e pensamentos relatados só ganham sentido a partir da linguagem.
Assim como no Gênesis, em Grande Sertão: Veredas, o ato criador é
consumado pelo verbo.
Nessa
obra, a nossa realidade particular brasileira se transforma em substância
universal, uma vez que nela, Guimarães Rosa elabora esteticamente questões universais
que ocupam e afligem o ser humano, nos aspectos já citados. O autor não vê o
sertão nem de fora nem de dentro; não descreve os personagens, os atos e
espaços como natureza morta. O autor recria o sertão e o representa nas
relações sociais e nos dramas humanos e elementos imaginários. Embora os
indivíduos sejam singulares, vivendo situações também singulares, as ações e
reações diante dos desfechos criados, inserem-se na realidade socialmente
determinada, adquirindo caráter universal, porquanto, todos os sentimentos e emoções
vividos e relatados pelo personagem-narrador, Riobaldo, são passíveis a
qualquer ser humano.
Nesse
movimento de ação e representação, o sertão passa a ser o mundo.
Explicações sobre a proposta narrativa de Perto do Coração Selvagem de Clarice
Lispector:
Escrito em terceira pessoa, Perto de Coração Selvagem não possui um narrador onisciente, que
sabe tudo a respeito das personagens, como ocorre normalmente nos romances
psicológicos. Trata-se, em vez disso, de um narrador que se identifica com a
protagonista, acompanhando minuciosamente em sua busca interior, em sua procura
de significações para o mistério da vida e de si mesma, em que se encontra a
temática de sua obra. Assim, a mistura entre a primeira e a terceira pessoas
verbais, que observamos em “...Estava alegre nesse dia, bonita também. Um pouco
de febre também. Por que esse romantismo: Um pouco de febre? Mas a verdade é
que tenho mesmo: olhos brilhantes [...]”, mostra por meio do discurso indireto
livre, que narrador e personagem se confundem, nos monólogos interiores, no
fluxo de linguagem, numa sinfonia de
vozes que pode ser de Joana, do narrador, ou mesmo de Lispector, a autora implícita
na obra. Ao utilizar a primeira pessoa do plural, ela parece provocar o leitor,
povoá-lo de uma necessidade de autoconhecimento que impregna cada página do
romance. “Durmamos de mãos dadas”.
Em
outra passagem, em um parágrafo: “Piedade é minha forma de amor. [...] Vamos
chorar juntos [...] Por que ela está tão alegre? [...]” Há pluralidade de vozes
que se confluem e se justapõem, como que tentando encontrar um caminho entre o
eu e o outro, entre a personagem e o narrador que relata ou através de quem
Joana se relata. E também entre o autor e o leitor, cujo chamado ao universo de
Lispector é perceptível nesses exemplos.
No
capítulo “O Banho”, um dos mais belos da obra, Joana vive uma experiência de
transe, de êxtase metafísico, a partir da percepção de seu corpo imerso na água
e por ela banhado. Ali, a vertigem de degustar até o limite a “alegria do corpo”,
a descoberta da feminilidade, deflagram na personagem uma espécie de visão do
sagrado, de “revelação epifânica”.
Comentário sobre o sincretismo presente em Tenda dos Milagres, de Jorge Amado:
Sincretismo
religioso é a mistura dos Santos da religião católica com os Orixás do Candomblé.
Essa religião trazida pelos africanos durante o período de escravidão, no
Brasil, era duramente reprimida pelos colonizadores que obrigava seus seguidores
a praticarem o catolicismo, professado pela Coroa Portuguesa. O sincretismo,
então, é a maneira que os escravos encontraram para continuar a praticar os ritos
religiosos de sua cultura sem que os seus donos percebessem. Por causa disso,
essa religião é cercada de mistérios, o que provoca equívocos e medos naqueles que a desconhecem. Já no século
XX, essa repressão é culminada com ações políticas que determinam o fechamento
dos terreiros onde são realizados os ritos do Candomblé. Jorge Amado, em sua
obra, denuncia o preconceito e a violência contra os africanos e seus
descendentes, ao mesmo tempo em que populariza os deuses e elementos do candomblé,
valorizando a cultura africana.
Lécia Freitas
Trabalho avaliativo apresentado à disciplina Literatura Brasileira do Curso de Letras da Faculdade de Pará de Minas. Professora Drª Ana Paula Ferreira.
Créditos: Total, Excelente!
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